0.8

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Mesmo com a descoberta quente de ontem, eu ainda preferia manter minha compostura. Eu era uma boa atriz, e fingir que a odiava não seria um problema para mim.

Seria como brincar com fogo, e eu sempre gostei da adrenalina.

Mas como uma garota atrevida, eu não poderia deixar de provoca-lá ao menos um pouco. Era por isso que minha roupa estava de fato vulgar, eu percebi que talvez tinha exagerado pelos olhares esbugalhados direcionados a mim. Minha única reação foi sorrir.

Eu passei por Billie sem mesmo a olhar, a garota com suas vestimentas padrões limpou sua garganta e desviou seu olhar assim que me assistiu passar com o vestido vermelho e decotado, expondo minhas costas e minha clavícula inteira.

Eu nunca me senti mais poderosa.

A garota me puxou pelo braço, e embora sua reação fosse esperada, a brutalidade se fez presente. E eu sorri ainda mais forte.

— Eu já não te falei sobre o código de vestimenta?! — Ela sussurrou-gritou, com o rosto próximo do meu.

— Eu já não te falei que gosto das coisas do meu jeito. — Eu respondi baixinho, com um sorriso. O ódio em seu olhar é evidente. — Certo, me desculpe. Você gostaria que eu tirasse o vestido? Faria você se sentir melhor?

— Sim. Você precisa tirar o vestido. — Ela responde sem paciência, não pegando a malícia em minha frase.

— Eu não curto exibicionismo. Deixa pra próxima. — Eu arrasto minha voz o máximo que posso, me aproximando do ouvido da garota e deixando um suspiro em sua pele.

Não me atraso para virar de costas e ir até o elevador, com um sorriso de orelha a orelha, e pensamentos impróprios tomando conta da minha mente.

Eu fiquei matando tempo em meu escritório, devido ao final de ano, as férias de natal se aproximavam, e era óbvio que a carga de trabalho diminuía, assim como a quantidade de roteiros.

Infelizmente, minha presença era indispensável. E eu até que não reclamava tanto de vir, já que meu escritório pessoal era praticamente minha segunda casa.

Exceto pelo fato de sempre ser invadido pela minha chefe incoveniente. Um dia toda aquela inconveniência embebedaria meu corpo.

— Você está louca? — Ela invade, e eu levanto as sombrancelhas em resposta.

Quanta impaciência, o que te pertuba? — Eu mordisco meu lábio inferior.

— Você é muito audaciosa, Clifford. — Ela se aproxima de mim, e eu giro minha cadeira ortopédica para ficar frente a frente com ela. —Isso não é uma briga de poder quando já se tem um ganhador, princesa.

Sua voz ríspida e arrastada é sussurrada como uma bela canção que me deixava em uma euforia incapaz de ser contida, mordi meu lábio ainda mais forte, talvez pra ter uma razão para murmurar algo fraco, mas o único incômodo que me assolava essa hora da tarde era o fato de que já estava ficando escuro, e essa seria mais uma noite que não desperdiçaria com ela, me rendendo as mercês do pecado que ela me deixaria exposta se tocasse meu corpo da maneira que eu queria.

— Quando se joga dama, você pode conquistar terreno e se tornar uma rainha. — Eu respondo por fim.

— Encare isso como um jogo de xadrez, não de damas. — Ela se aproxima ainda mais de mim.

— Eu sou muito boa em xadrez. — Escancaro um sorriso malicioso em meu rosto.

— Então acho que finalmente terei uma oponente a altura. — Posiciona a língua na fileira posterior de seus dentes.

— Eu tenho certeza que sim, O'Connell.

Eu joguei xadrez na minha cabeça aquele dia.

Arrogance • Billie Eilish [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora