Arrogance • Billie Eilish [G!P]

0.5

A minhas botas de chuva combinavam com meu guarda-chuva preto. Eu prestava atenção a movimentação da água quando pisava sobre o chão encharcado enquanto ia em direção ao meu trabalho.

Eu me esforçava para não deixar a água molhar minha bolsa, pois lá residia o papel a que entregaria a Billie hoje, com o meu roteiro original e a correção de True Blue.

Quando cheguei na empresa, fechei o guarda-chuva, o guardei em meu armário vazio, e segui até a recepção.

— Drew, interfona pra avisar a O'Connell que terminei meus projetos? — Peço com um sorriso gentil e logo a recepcionista faz.

Depois de algumas tentativas, ela levanta seu olhar para mim.

— Ela não atende. Mas eu tenho certeza que ela está, eu a vi subindo a algumas horas atrás. Você pode ir lá. — Sorri gentil e volta a mexer nos papéis.

Levanto as sombrancelhas e vou em direção ao elevador, apertando o botão do escritório de O'Connell.

O silêncio reina quando chego ao seu andar. Eu ainda assim insisto em entrar na sala, sem sequer bater na porta.

Vazio.

Meus olhos passeiam sobre toda a sala a procura de algum sinal de sua presença, e a urgência que eu tinha para entregar aqueles roteiros era verdadeira.

Decidi procurar na tão secreta porta de vidro fosco, arrastando a porta para o lado e me dando conta de que ela não estava trancada.

— Por que caralhos ela tem um KitNet no escritório dela? — Sussurro. Meu rosto se contorce em confusão genuína.

Era uma cozinha pequena e claramente usada. As louças estavam sujas e tinham comidas no fogão.

Naquele ponto, eu nem estava lá por O'Connell, mas sim pela curiosidade.

Abro uma porta e dou de caras com um banheiro com uma jacuzzi cheia, recém usada e detalhada em ouro. Fecho a porta e vou em direção a última delas, pensando antes de abrir, mas abrindo mesmo assim.

Eu me arrependi.

Tenho a visão da garota de cabelos verdes com seus fios amarrados em rabo de cavalo, com uma garota ajoelhada sobre seus pés, chupando seu pênis?!

Ela tem um pênis? E ninguém sabia disso?

Eu não consigo me mover, fico observando a expressão de O'Connell. Ela estava vestida com um top colado em seus peitos, uma camisa de botões brancas sobre seu corpo, e a bermuda abaixada até sua canela.

Seu olhar caí sobre mim, e ela arregala seus olhos assustada.

Eu imediatamente viro de costas, fechando a porta de repente.

— O que você 'tá fazendo aqui? — Ela grita indignada, subindo sua bermuda.

— Eu- Eu só vim entregar algo, eu... Vou deixar na sua mesa! — Fecho meus olhos com força, tentando procurar a saída com minhas mãos.

— Clifford! — Ela grita em desespero agora, tocando meu ombro e me chamando pra realidade.

— Eu não vi nada, Billie! — Eu choramingo, mais desesperada do que chocada. Abro meus olhos, me dando conta que Billie ainda abotoava sua camisa.

Aquela casa tão pequena parecia um labirinto. Eu não conseguia olhar para mais nada além dela.

— Por que você veio sem avisar? — Ela questiona, gesticulando.

— A recepcionista disse que 'tava tudo bem! — Bufo, ainda choramingando.

Ela é linda.

Não.

Já chega de olhar para ela.

— Óbvio que não estava! Se eu não atendi, não é 'pra vir! — Desvio meu olhar.

— Eu descobri isso da pior maneira. Mas não é minha culpa se você fode enquanto trabalha, caralho!

— Não é como se eu esperasse por você entrar! Nem era pra você ter entrado aqui, em primeiro lugar. — Ela rola os olhos.

Eu engulo a seco.

Eu não consigo desviar o olhar. Eu não consigo desviar o olhar. Eu não consigo desviar o olhar.

Por que eu não consigo desviar o olhar?!

Chega.

— Eu... eu tenho que ir. Se divirta, quer dizer... não. Eu... eu não quis dizer isso! Argh! Eu- — Eu me embaralhava em minhas palavras de uma maneira vergonhosa. — Desculpa, eu 'tô indo! Vou deixar o projeto sobre sua mesa.

Viro de costas, correndo para alcançar a porta do local. Não me importo de ver se Billie me segue, apenas deixo as pastas na mesa e corro até o elevador.

Passei o resto do dia no meu setor, estava com um medo aterrorizante e válido de encontrar Billie no caminho para algum outro lugar.

E eu estaria mentindo se dissesse que não pensei em seu corpo durante aquele tempo.

Para! Saí da minha cabeça.

Uma batida suave tocou em minha porta. Respirei fundo antes de pedir para que entrasse.

Me engasguei em meu próprio café ao ver Billie entrar em minha sala e fechar a porta cuidadosamente.

— Calma. Respira. — Ela mantém seu jeito sarcástico mesmo na situação constrangedora.

— O que você está fazendo aqui? Quem te ensinou a bater na porta? — Me recomponho, tentando formar uma postura melhor.

— Olha, Dahlia, eu vou meter o papo. — Ela respira antes de falar. — Qualquer coisa que você viu lá em cima, não aconteceu.

— Todo mundo sabe que você fode com suas funcionárias, não é algo 'pra se esconder. Você e Thalita vão ter seus segredos guardados comigo. — Eu digo simplista, tentando soar firme.

— Não é sobre Thalita. Eu já fodi ela um milhão de vezes. Não tem desempenho nenhum no trabalho, mas o boquete dela é o melhor. — Ela diz com um sorriso de lado.

Que nojo!

— Por que você está me contando isso como se eu precisasse saber? — Tusso.

— Você não pode contar pra ninguém. Só Finneas e Thalita sabem. É segredo. — Ela diz mais uma vez, mais séria.

— Do seu kitnet? Eu achei irado. Mas não faz seu tipo.

— Não, Clifford, não estou falando disso, óbvio que não! — Ela coloca a mão em sua testa, revirando aos olhos.

Eu sabia do que ela estava falando, mas eu simplesmente estava ignorando.

Engulo a seco, deixando que ela terminasse de falar.

— Ninguém pode saber disso, ouviu? Ninguém. Se alguém ficar sabendo, eu vou saber que foi você, e acredite, eu posso foder sua vida. — Ela diz ameaçadora.

A garota saí do escritório batendo a porta. Respiro aliviada.

Pelo menos já sei o que a dar de Inimigo Secreto.