Abri meus olhos assim que meu olfato sentiu o cheiro conhecido de um perfume forte se espalhar pelo quarto desconhecido. A cama era aconchegante, porém, desconhecida, me fazendo sentar de maneira confusa e olhar para o espaço em busca de reconhecer algo.
Reconheci a garota de cabelos verdes, vestindo seu típico e entediante terno de trabalho. Minha expressão confusa se tornou mais confusa ainda enquanto eu raciocinava os fatos anteriores.
— Oh, Deus. — Suspirei para mim mesma, rindo da situação.
— Oh, Deus. — Repetiu, zombando de mim. Um sorriso ladino invadindo seus lábios enquanto se virava para mim. — Dia.
Deu uma piscadela, voltando a encarar o espelho. Enquanto as memórias voltavam a ser-me claras, a confusão foi se esvaindo; seu lugar sendo ocupado por um sentimento gratificante.
— Isso quer dizer que estou de folga? — Questionei mesmo sabendo a resposta, me espreguiçando logo em seguida.
— ... Não? — Virou-se para dizer, rindo nasalmente.
Bufei, voltando a me deitar na cama com uma expressão reclamona.
— Então por que me deixou dormindo? — Me deitei de lado, escondendo meu rosto da luz com o lençol de Billie.
— Pra que eu tivesse uma razão pra te demitir. — Brincou, puxando o lençol de mim. — Pare de ser preguiçosa, se não vou te dar mais trabalho ainda.
— Me dar trabalho, é? — Sorri apenas com os lábios, sentando-me na cama.
Não estava desnuda, mas apenas com roupas íntimas cobrindo meu corpo. Notei que Billie me encarou com um sorriso ladino por tempo demais, o que me fez abrir o sorriso e levantar da cama para ir em sua direção.
Me aproximei de seu rosto, tocando seus ombros e olhando no fundo de seus olhos azuis. Billie respondeu segurando-me pela cintura.
— Se eu não conseguir andar direito, você vai me dar um dia de folga? — Questionei, olhando para ela com uma cara de cachorro pidão antes de selar seus lábios rapidamente.
— Isso quer dizer que fiz um bom trabalho. — Sorriu, mordendo seus lábios. — Mas não.
— Bem, ainda bem que foi uma questão hipotética. — Dei de ombros. — Aparentemente, você 'tava com dó.
Fiz um biquinho, voltando a me sentar na cama. Pude notar sua expressão ofendida, e não consegui evitar de sorrir de maneira provocativa.
Billie veio em minha direção, sua cara de ofendida se tornando em um sorriso safado que fez com que eu piscasse. Não foram meus olhos.
— Então a madame não gostou? Parecia bem descontrolada ontem a noite. — O sarcasmo em sua voz era evidente.
— Oh. Jura? Então atuei bem. — Provoquei. Esse sentimento era divertido.
O sorriso de Billie cresceu ainda mais, uma risada suspirada escapando de seu nariz. Embora ela soubesse que estava mentindo, isso parecia ter ferido seu ego de certa forma.
O'Connell sentou-se na cama, aproximando seu rosto do meu; seus olhos azuis penetrando minha alma de maneira intimidante, a respiração quente descansando sobre minha boca, a expressão obstinada de quem não desiste de se provar certa. Tudo isso me enchia de tesão.
Seus dedos suaves subiram pelo meu braço, meu corpo semi-desnudo se arrepiando por completo, a necessidade de seus lábios crescendo dentro de mim, e quando ela aproximou ainda mais seu rosto do meu, foi instintivo fechar meus olhos e esperar pelo selar.
— E agora, Clifford. Está atuando? — Sussurrou em meu ouvido, a voz suave e manhosa, me deixando abatida de certa forma.
Senti-me meio tonta quando a garota de cabelos verdes levantou da cama em um pulo só, não me dando a oportunidade de beija-lá. Suspirei frustrada.
— Levante. Não quero você chegando atrasada. — Mandou. Sua ordem tornou-a ainda mais atraente.
Queria dar.
— Não tenho roupas. — Disse, chacoalhando a cabeça para me trazer de volta a realidade. — Você rasgou meu vestido. Foi caro.
Fiz um biquinho, O'Connell soltou uma breve risada, mas recompôs a posição séria alguns segundos após.
— Você não reclamou, não se faça de inocente. — Piscou um de seus olhos. — Farei um sacrifício por você...
Abriu seu guarda-roupa, jogando em mim algumas peças que eu jamais usaria em sã consciência.
— Você espera que eu use... Isso? — Peguei uma das roupas, sendo essa uma camiseta social azul simples.
— O que tem demais? — Questionou, dando de ombros.
— Não faz minha cara. — Respondi, óbvia.
— Prefere ir de roupa-íntima?
[...]
Acho que preferia ter ido de roupa íntima.
Cheguei na empresa propositalmente atrasada, para que não chegasse no mesmo horário que minha chefe.
Como esperado, todos olharam para mim quando adentrei o saguão vestida de maneira oposta ao costumeiro; o estilo social não era minha praia, e pode-se notar uma confusão naqueles que prestaram atenção em mim.
Não dei muita atenção, tinha mais o que fazer a me preocupar com olhares confusos. Nada disso importaria daqui algumas horas, então apenas segui em direção ao meu escritório, soltando a respiração assim que fechei a porta.
— Ah, Deus. — Suspirei frustada, já cansada de corrigir erros básicos de inglês.
Indo em direção a minha mesa, noto uma caixa preta por cima de alguns papéis, posicionada de maneira desleixada.
Minhas sobrancelhas se arquearam em dúvida, e a curiosidade fez com que fosse em direção ao objeto. Abrindo a tampa de papelão, vê-se um vestido preto, simples e modesto, mas com certo quê de luxo.
— Você não fez isso, O'Connell. — Sussurrei para mim mesma em um sorriso desafiador.
"Pra que eu possa o rasgar na próxima noite ;)"
Escrito em um bilhete, sem nome de remetente, mas não era necessário. Eu tinha certeza absoluta de com quem minha próxima noite seria.
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(N/A):
Eu genuinamente me esqueci que era escritora...
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Arrogance • Billie Eilish [G!P]
RomanceO'Connell é só mais uma engomadinha mandona vestida em um terno, já Dahlia, tende a ser desafiadora, e seu orgulho não a deixaria se curvar sobre os pés de sua chefe arrogante.