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Eu segurava minha bolsa de maneira desajeitada enquanto entrava apressada na empresa, meus saltos cambaleavam entre si, tornando toda a ação uma completa bagunça.

Estava atrasada pela primeira vez em 8 meses trabalhando naquela empresa. Sempre fui pontual e dedicada, nunca deixei algo passar de seu prazo, e desde que faço parte dela, a agência se tornou três vezes mais organizadas. Palavras de Finneas.

Perdida em meus pensamentos, não percebi que uma pessoa vinha em minha direção, colidindo contra ela e tornando um ambiente uma total bagunça. Todas as minhas planilhas voando em direção ao chão, meus pés se torcendo por cima do salto fino, as mãos cheias de anéis segurando meu braço na tentativa de impedir que eu caísse no chão. Tudo um caos.

— Me desc- — Me interrompi assim que levantei os olhos e percebi os cabelos verdes e pretos me encarando com as sombrancelhas franzidas e uma expressão que me arrepiava.

Eu não pediria desculpas a Billie O'Connell. Não me humilharia nesse nível, de mim, ela merecia apenas tweets ofensivos citando seu nome, a quais já fiz antes.

— Continue. Não vai doer. — Sorri sarcástica. Arranco meu braço de suas mãos, me ajeitando. — Está atrasada.

Não me dou o trabalho de responder, pegando os cadernos e folhas espalhadas sobre o chão de maneira humilhante.

Eu podia sentir as pessoas da recepção me encararem, e o pior de tudo, o demônio de cabelo verde ainda estava lá, com seu olhar fixado sobre mim.

Quando me levanto, quase tenho vontade de acabar com minha vida quando mais uma vez esbarro com Billie, agora, ficando rosto a rosto com ela em uma proximidade suspeita.

Me afasto de maneira rápida, engolindo a seco.

— Parece que senhorita Clifford anda muito desastrada hoje. — Ela levanta as sombrancelhas, revirando os olhos com orgulho.

— Minha chefe prefere flertar com suas funcionárias do que me corrigir. — Dou de ombros, tentando não oscilar minha voz.

— Então você quer ser corrigida? — Aquela sua expressão nojenta e irritante toma sua face mais uma vez.

Pervertida.

— Vá trabalhar. — Me atrevo e me arrependendo imediatamente mas não me preocupo o suficiente para falar algo a mais.

Além de desastrada é atrevida. — Sussurra assim que esbarra em meu ombro de propósito.

Eu tenho que agradecer a Deus por Billie não cuidar do setor de demissões.

Reviro os olhos, indo até o elevador e apertando o botão do meu andar. Checo meu cabelo no espelho, penteando os fios com os dedos.

Aperfeiçoei meu roteiro durante aquela tarde de trabalho, foquei nos mínimos detalhes que não eram tão importantes, mas poderiam ser incompreendidos por qualquer que fosse o diretor.

Todos os funcionários haviam sido convocados para uma reunião emergencial na sala de O'Connell, e sequer um deles havia sido curiosos o suficientes para perguntar do assunto dela. Nem eu.

Organizei minha mesa e saí do meu escritório. Antes de subir para o escritório da chefe, conversei com alguns de meus colegas, tomei um café, e então fui até lá.

Chegando lá um pouco mais tarde do que deveria, reconheci algumas faces conhecidas e me sentei em meu assento, que infelizmente dava de frente para o de Billie, com aquela sua típica expressão de desinteresse.

Alguns minutos tediosos de silêncio absoluto, Billie diz alguma coisa.

— Como vocês sabem, o natal está cada vez mais próximo. Esse feriado sempre foi muito importante para mim, e eu suponho que pra vocês também. — Supôs errado. — Visto isso, eu decidi que deveríamos fazer alguma atividade coletiva para manter os ânimos encima.

Já estou entediada. Pensei em dizer.

— Meu irmão e eu, achamos interessante termos um Inimigo secreto. É quase como um amigo secreto ao contrário, só que bem mais divertido, e abre espaço para criatividade. — Continua. — Como vocês não tem a opção de não participarem, o nome de todos vocês estão nessa caixinha, que vai ser balançada e um nome será sorteado.

Ela explica, como se todo mundo não já soubesse como funciona um amigo secreto. Reviro meus olhos, desinteressada.

— O sorteio começa pela Clifford, e vai rodar a mesa até Sulewski. — Minha amiga sentada ao meu lado, finalmente levanta seu olhar quando seu sobrenome é chamado.

A recepcionista antes parada ao lado de Billie vem até minha direção, segurando a caixinha e a balançando. De maneira tediosa, pego um papel aleatório e quando tento abrir, sou interrompida.

— Não seja apressada. Só abra quando todo mundo tiver o seu. — Billie interrompe, com um tom severo, reviro os olhos, dou de ombros e guardo o papel em meu bolso.

Depois que todos já tinham seus nomes em mão, procurei pelo meu em meu bolso.

Billie Eilish.

Eu de fato ficaria triste se o nome não fosse inimigo secreto. Mas confesso que escolher algo para irrita-lá seria divertido.

Encarei pretenciosa, guardando o papel novamente e saíndo da sala com um sorriso sacana em meus lábios.

Arrogance • Billie Eilish [G!P]Onde histórias criam vida. Descubra agora