Arrogance • Billie Eilish [G!P]

2.2

Queria voltar para a época em que era aceitável tirar um tempo das responsabilidades para tirar uma soneca entre as atividades. Ou seja, a pré-escola.

Aparentemente, no mundo comercial não existia isso.

Então aqui estava eu, digitando incessantemente, sobrecarregada de outros afazeres, levantando da mesa apenas para buscar outra xícara de café preto.

Essa era a vida adulta...?

Suspirei, deixando meus dedos descansarem por alguns segundos. Estiquei as costas na cadeira, me espreguiçando.

Com a empresa em crise, ninguém descansava. Nos últimos dias, todos estavam atolados de trabalho.

Considerei me internar em um hospital psiquiátrico e pegar um atestado de louca até que tudo estivesse resolvido.

Depois de voltar aos meus sensos, retomei o trabalho, esquecendo até mesmo de almoçar, uma vez que a cafeína havia feito o ótimo trabalho de inibir meu apetite. Se o café não tivesse sido descoberto, o capitalismo não teria ido tão para frente com suas insanidades.

Embora, talvez, só talvez, eu estivesse fazendo isso para evitar O'Connell.

E ficar enfurnada no escritório sempre era a melhor e agora mais plausível opção.

— Chega. — Grunhi ao notar o horário, deitando a cabeça na minha mesa. Meu turno finalmente havia terminado, e eu podia ir para minha cama, deitar e desmaiar até o dia seguinte. — Vou para casa...

Eu sussurrei, caindo em um sono ali mesmo. Aparentemente, uma garrafa inteira de café expresso estava se tornando insuficiente.

[...]

Acordei meio zonza, sem muita certeza de nada. Se alguém me perguntasse meu nome, eu provavelmente responderia qualquer coisa que não fosse o meu nome.

Me orientei através do relógio, notando que se passavam das dez – todos os contratados já deviam estar em casa, até mesmo os explorados, como eu.

— Talvez eu deveria desistir de ter uma casa e trazer meu colchão para cá. — Ponderei, me sentindo louca por falar sozinha, mas talvez eu estivesse mesmo. — Chega.

Disse, levantando como se tivesse tomado uma decisão. Apesar da sonolência, me levantei, não me importando de pegar meus pertences, já que em algumas horas estaria aqui novamente.

Desci pelo elevador até a recepção, notando o escuro dos corredores, já que apenas os seguranças e executivos deveriam estar aqui.

Mas me surpreendeu ver uma figura sentada na mesa da recepção. Claramente algo estava errado.

De duas, uma: ou eu estava realmente louca, ou precisava abrir uma denuncia direcionada ao RH da O'Connell Cinema. Qualquer uma dessas me deixaria desempregada.

— Quem está aí? — Não fui discreta ao indagar.

A figura virou seu rosto para mim, semicerrando seus olhos. Estava escuro, tornando o indivíduo irreconhecível. O mesmo se levantou, saindo pelo outro lado da mesa para a saída de emergência.

É notável que eu não desisto tão fácil assim.

Apesar do meu salto de 12,5cm e do meu sono descomunal, saí atrás da sombra, correndo. A saída de emergência dava de cara com a parte de trás do prédio, que até agora, seguia inexplorada por mim.

Talvez tenha sido por isso que tropecei, inevitavelmente caindo enquanto escutava o motor de um carro ser ligado. A curiosidade iria me comer viva, mas antes disso, eu precisava reclamar da dor insuportável em meu tornozelo.