Andally [FRERARD]

O amor é singular

Steller Lainnyone — em algum lugar de Andally

Havia um lugar em Andally que parecia mais quente do que todo o resto do continente, o que não era difícil, mas era um dos poucos que floria algo quando chegava à época da primavera, quando tínhamos algo parecido com uma.

Michael sempre gostou de ficar escondido, sempre reservado, mas esse lugar combinava mais com ele do que comigo, que tanto gostava de estar lá, porque também era escondido e reservado. Engraçado, eu amava os dois por motivos parecidos, por isso sabia que eles combinavam tanto um com o outro.

— Será que é assim no continente do Sol Maior? — perguntei a ele mantendo meus olhos fechados, apenas concentrada nos raios solares em meu rosto. Ele estava deitado sobre o campo em cima de uma cama de flores, assim como eu, sentia o topo de sua cabeça encostando na minha por conta da posição em que estávamos, quase paralelos.

— Assim como?

— Morno.

— Não. Lá é quente.

Ele também mantinha seus olhos fechados. Eu me virei apoiando meu peso em meus cotovelos enquanto o observava mais de perto, quando ele abriu seus olhos, o sol clareou toda sua íris, fazendo com que seu olhar ficasse quase igual ao do irmão, mas com os olhos amarelados ao invés de esverdeados. Eles se pareciam muito, ao mesmo tempo que não se pareciam nada.

— E se ficássemos sempre assim? — perguntei mexendo uma mecha em sua testa.

— Seja mais direta.

— Em um campo, quente, onde as coisas floresçam para serem cultivadas — ele começou a me olhar como se eu estivesse falando coisas absurdas — poderíamos construir uma casa, não, uma fazenda. Viveríamos juntos sem nenhum drama.

— E o que? — ele me interrompeu — faríamos queijo com leite de cabra e cuidaríamos de ovelhas?

— E depois você mataria um pato para o jantar.

— Ou pescaria trutas para você cozinhar.

Nós dois rimos. Quando brincávamos de criar cenários que aliviassem a realidade, ele geralmente sorria, era difícil vê-lo assim, sorrindo longe de Gerard.

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Michael

Steller estava com seu rosto próximo ao meu, era o que ela fazia quando queria olhar para mim de uma forma bem detalhista, ou quando queria atenção me tirando de algum devaneio que entrei sem perceber.

Eu sabia que ela gostava de quando criava um cenário imaginário sobre nós dois, onde as coisas poderiam ser mais fáceis, ela sorria quando falávamos sobre isso, e eu sorria ao vê-la sorrindo.

— Por que não está com seu irmão? Vai ser um dia importante.

— Queria fugir dos preparativos, o último casamento foi trabalhoso e agora com uma coroação em seguida imagino a energia caótica que está tomando conta.

Os últimos acontecimentos em que me meti me fizeram ficar ainda mais nas sombras com assuntos de Andally.

— O que você acha?