Cartas de sangue

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Grande Casa — Aposentos de Michael

Michael estava escrevendo algumas cartas em sua mesa dentro de seus aposentos, tentando apagar de sua mente a imagem constrangedora de seu irmão que presenciou a menos de uma hora. Os papéis eram destinados a seus informantes em outros continentes, as fronteiras de Andally só seriam abertas novamente após alguma informação sobre o atentado a Gerard em meio ao anúncio de seu noivado, mas Michael tinha sua própria forma particular de trocar cartas com seus informantes. E uma das cartas em específica era destinada a vigilantes da fronteira.

Seu pajem entrou respeitosamente em seu quarto, anunciando que Mergy estava presente e desejava vê-lo. Michael assentiu, permitindo a entrada do ancião para uma conversa em particular. O jovem Myaway pediu para que ninguém mais entrasse ou se aproximasse de seus aposentos até a segunda ordem.

O barulho da bengala de Mergy alcançou os ouvidos de Michael, que não parou de escrever e nem tirou os olhos de suas cartas.

— Pediu para que me chamassem, Michael — o velho parou em frente a grande janela atrás do jovem — e mesmo assim não demonstra respeito me cumprimentando diretamente?

— Quem ordenou que atacassem meu irmão na floresta? — Michael perguntou ainda concentrado em suas cartas.

Ele sabia a resposta. Outros poderiam estar por trás de algum atentado a vida de um herdeiro, mas quando foram procurar o corpo que Anthony afirmou que Gerard havia decapitado na floresta, ele havia sumido. O estilo de Mergy era a descrição em suas tentativas de apagar alguém.

— Se você não faz o que deve ser feito, alguém precisa fazer.

Michael pausou sua escrita, sem tirar os olhos dos papéis, uma pausa de poucos segundos, como se fosse apenas para suspirar.

— Como vai seu irmão, sir Mergy? — O ancião estreitou seu olhar, fechando sua expressão com a pergunta — falo do mais novo, o que vive próximo a fronteira, lugar aconchegante, eu diria. Longe do drama da corte e da política.

Antes que o ancião pudesse responder, Michael fez um sinal para o pajem que vigiava em frente a porta, o servo se aproximou do jovem, que dobrava habilidosamente a carta que acabara de escrever, selando - a com um M e a entregando ao homem, que assentiu e saiu.

— O que está querendo saber, exatamente? — Mergy observava a movimentação estranhando as palavras do jovem.

— Você saberá. Eu apenas lhe chamei para pedir respeitosamente que pare de atentar contra a vida de meu irmão — Michael se levantou e andou até o ancião de forma lenta e perceptivelmente ameaçadora — estamos aqui para nos ajudar, não para entrar em um combate particular. Seria lamentável se nossos interesses conflitassem.

— Não seja tolo, Michael. Alcançar a coroa por meios sutis são quase impossíveis para você.

— São impossíveis para você — ele interrompeu — você não quer que eu suba ao trono, apenas não quer sair da liderança. Não é? De quem seria a próxima cabeça a rolar quando se livrasse de Gerard? Eu não sou ingênuo, Mergy. A carta que entreguei ao meu servo chegará aos meus vigilantes da fronteira, ao menos que queira receber a cabeça de seu irmão em uma caixa, deixe o meu em paz.

— Eu sei de todos os seus atos traiçoeiros, garoto — o velho rebateu.

— Então talvez devesse dormir com as velas acesas.

Andally [FRERARD] Onde histórias criam vida. Descubra agora