Capítulo 18: Inocente

874 170 231
                                    

Minho já havia perdido completamente a noção do tempo. Estava no hospital, especificamente na sala de espera, aguardando o médico cirurgião ir lhe dar notícias sobre a situação do amigo.

Não demorou muito para que a ambulância chegasse ao local e os paramédicos dessem os primeiros socorros ao Choi, o encaminhando para o hospital mais próximo. Por se sentir completamente culpado do ocorrido e também devido a preocupação, Minho se dispôs a ir como acompanhante.

Assim que chegaram ao hospital o Choi foi levado imediatamente para a sala cirúrgica enquanto o Lee foi fazer sua ficha, mas já havia passado horas que a cirurgia de Soobin havia começado. Estava cabisbaixo quando ouviu o barulho de passos, levantando rapidamente a cabeça e logo depois se levantando ao ver o médico ali.

— Sr. Lee. — O médico o chamou, suspirando. — A cirurgia foi um sucesso e o seu amigo não corre mais perigo de vida.

Minho soltou o ar com força, sentindo vontade de chorar e desabar ali mesmo. O médico deu dois tapas leve no ombro do policial antes de se afastar novamente, voltando para a sala cirúrgica.

Novamente o médico saiu o entregando um pequeno saco plástico onde havia o projétil da bala dentro.

— Esse foi o projetil que atingiu o Sr. Choi. — O médico explicou. — Ele estava sem colete, mas teve muita sorte. A bala passou próximo a seu coração mas não o atingiu, acredito que se ele tivesse demorado um pouco mais para ser atendido não iria resistir ao ferimento. Você agiu rápido ao estancar o sangramento e chamar uma ambulância, isso o salvou.

Minho concordou meio perdido, encarando o projétil dentro do saco.

— Infelizmente hoje o senhor não poderá vê-lo, mas ele poderá receber visitas a partir de amanhã. — O médico voltou a se pronunciar. — Vá para casa descansar e volte amanhã para o visitar, Sr. Lee.

— Obrigado doutor. — Minho resmungou, curvando-se.

O médico concordou e então novamente se afastou. Minho também se afastou, dando meia volta e indo direto para o banheiro masculino do hospital. O Lee encarou seu reflexo cansado no espelho a sua frente e logo depois encarou as próprias mãos sujas de sangue, abriu a torneira e então as lavou.

Observou meio perdido a água lavar suas mãos levando com sua correnteza o sangue para o fundo do ralo. Desligou a torneira e então enxugou as mãos, olhando uma última vez sua imagem antes de sair do banheiro.

*

Era por volta das onze da noite quando Minho chegou em casa, completamente cansado. Quando saiu do hospital ele foi até o necrotério para entregar a Felix o projétil para que ele enviasse ao laboratório para ser analisado, acabou encontrando Seungmin no caminho e ele lhe entregou o resultado das impressões de Jisung que o Lee havia colhido mais cedo.

Como ele imaginava, não havia impressões de Jisung em nenhuma das duas cenas do crime. Minho não o via mais como um suspeito, mas queria ter uma certeza exata para entregar o resultado aos colegas que o ajudavam naquele caso e poder descarta-lo completamente como um dos suspeitos do caso e agora ele tinha.

O Lee se deparou com a imagem de Jisung e Haneul dormindo no tapete da sala com vários brinquedos ao redor dos dois. Minho acabou sorrindo pequeno com a cena, fechando a porta silenciosamente e a trancando.

Minho bocejou cansado e então desligou a televisão que estava ligada em um desenho aleátorio, pegou os brinquedos com cuidado para guardar e então foi até a garotinha adormecida. O Lee pegou Haneul no colo e a levou até o próprio quarto, tirou a roupa suja da garotinha passando um pano umedecido no corpo pequeno e depois a vestiu com seu pijaminha de dinossauro, arrumando-a na cama e a cobrindo.

O sono de Haneul era tão pesado e provavelmente ela estava tão cansada que sequer acordou. Minho a deixou no quarto e então voltou para a sala, vendo o Han bocejar e se espreguiçar sentado no chão.

— Você voltou... — Jisung resmungou, coçando o olho e bocejando novamente. — Estava preocupado, você demorou.

— Aconteceu alguns problemas que me prenderam lá, desculpe... — Minho respondeu, suspirando. — Como foi com a Hannie?

— Ela parece um papagaio. — Jisung riu. — Acho que ela se acostumou com minha presença por causa do almoço, quando você saiu ela começou a conversar comigo enquanto a gente brincava de boneca. Quando anoiteceu eu servi o que sobrou do almoço, esse foi nosso jantar.

Minho ouviu e então riu, recostando as costas no sofá e fechando os olhos.

— Mesmo em sua folga você costuma trabalhar? — Jisung perguntou curioso.

— Hm. Detetive não tem folga, Jisung. — Minho resmungou cansado.

— Eu preciso ir... — Jisung falou ao checar o horário. — Você já chegou então ela não ficará sozinha, apesar de tudo gostei de almoçar na companhia de vocês.

Minho que estava com os olhos fechados quase cochilando os abriu, enxergando o Han em pé na sua frente.

— Não precisa ir me levar, não se preocupe. — Jisung falou ao ver o Lee fazer menção em se levantar. — Sei que está cansado. Irei chamar um táxi.

— Não, Jisung. Espera. — Minho resmungou. — Você pode dormir aqui se quiser, pode ser perigoso voltar sozinho uma hora dessa.

— Ah não precisa, não quero incomodar. — O Han sorriu pequeno. — Não se preocupe, mando mensagem ao chegar em casa.

— Não é incomodo, você realmente não precisa ir se não quiser. — O Lee falou calmamente. — Pode ficar com o quarto de hóspedes.

— Você tem certeza?

Minho concordou em um aceno e o Han acabou concordando também, falando que iria ficar já que não tinha problema.

— Eu vou pegar uma roupa confortável para você dormir. Vem. — Minho falou, chamando o Han para o seguir pelo corredor.

Minho adentrou seu próprio quarto enquanto Jisung se manteve imóvel no corredor esperando pelo retorno do Lee, o policial voltou minutos depois com uma muda de roupa em mãos a entregando ao Han.

O Lee saiu então do seu quarto e foi para o final do corredor, abrindo a porta do quarto de hóspedes e o adentrando sendo seguido pelo Han que estranhamente estava acanhado demais.

— Fique a vontade. Se quiser pegar qualquer coisa da geladeira pode pegar, e o banheiro fica na porta ao lado. — Minho avisou.

— Obrigado, Minho. — Jisung falou.

— Por nada...

Os dois ficaram se encarando em silêncio, depois de um tempo Minho desviou o olhar e então pigarreou coçando a nuca com a mão, levemente envergonhado com o clina tenso que de repente pairou no ar.

— Então... Boa noite, Jisung.

— Boa noite, Minho. — O Han falou sorrindo.

Minho estava saindo do quarto quando o Han o chamou novamente fazendo-o parar para olha-lo, Jisung caminhou na direção do Lee e então o deu um abraço acanhado beijando rapidamente a bochecha do policial antes de se afastar e fechar a porta do cômodo.

Minho ficou do lado de fora, parado no meio do corredor, enquanto encarava a porta em sua frente meio atônito. Ainda conseguia sentir o calor do corpo de Jisung abraçado ao seu e a quentura dos lábios macios do Han na pele de sua bochecha. O Lee negou com a cabeça e então riu fraco, voltando para o próprio quarto e fechando a porta.

Deitou em sua cama e se cobriu fechando os olhos, revivendo o desespero de mais cedo. Balançou a cabeça e virou o corpo, tentando mentalizar qualquer outra coisa que não fosse os olhos esverdeados o encarando. Acabou pensando em Jisung e na sensação boa que sentiu ao tê-lo tão próximo de si, finalmente conseguindo dormir.

Criminal [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora