Capítulo 58: Depor

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Os olhos do Lee estavam focados na ex mulher, mas dava para perceber sua inquietude. Jisung o observou em silêncio, abaixando a cabeça enquanto escondia o sorriso pequeno que havia se esticado em seus lábios.

— Ji você está bem? — Minho questionou.

— N-Não. — Jisung respondeu o olhando com uma expressão assustada, segurando as lágrimas. — Ela disse que vai me matar, hyung!

—Mentira! Ele quem me ameaçou! — Ela falou com a voz elevada, desesperada.

— Eu não acredito mais nas suas mentiras, Jisoo. — Minho respondeu irritado. — Foi por causa delas que briguei com o Jisung e ele foi embora. Você ainda ousa me falar que ele te ameaçou sendo que quem está amarrado indefeso é ele enquanto você aponta um revólver para a cabeça dele?! — O Lee apertou a pistola com os dedos. — Já mandei você abaixar a arma!

Ela riu sem ânimo, negando. Encarou o enfermeiro e só então se deu conta do que estava acontecendo ali.

Por um momento quando voltou para a vida de Minho e bagunçou sua relação com Jisung, ela realmente achou que estava no poder daquele jogo, mas olhando agora desse outro ângulo, o Han permitiu que as coisas fossem daquela maneira para hoje ter esse triunfo. Um verdadeiro psicopata.

Jisoo ia se render e abaixar a arma, mas Jungkook apareceu por trás de Minho e encostou sua pistola na costela do Lee.

— Você chegou a tempo! — Ela falou ao vê-lo ali. Não imaginou que as coisas seguiriam por aquele rumo e por isso dispensou todos os comparsas ficando sozinha com Jisung.

— Talvez se ele não fosse burro o bastante de ligar para os colegas chamando por reforços antes de vim, Jimin não saberia e me informaria. — O Jeon respondeu sorrindo. — Vai logo.

A mulher saiu correndo e sem sequer dar tempo de reagir, Jungkook correu 'pro lado contrário. Sem saber qual dos dois seguir o policial começou a correr atrás da ex esposa, mas parou quando ouviu Jisung gritar seu nome.

Minho voltou correndo para o enfermeiro, desamarrando as cordas que o prendiam e o abraçando apertado logo depois. O policial respirou fundo e ao ajudar o Han a se levantar, correu até a filha que dormia verificando se ela estava machucada.

— Hannie... — O Lee murmurou abraçando o corpo pequeno, percebendo que as mãos dela estavam geladas. Rapidamente Minho tirou a jaqueta e cobriu o corpo da filha, aquecendo ela o máximo que conseguiu.

O tempo estava frio e ela estava deitada no chão gelado, completamente desprotegida da friagem. Minho suspendeu o rosto para olhar Jisung e então suspirou, levantando com a filha nos braços.

— Vamos para o hospital, tanto você quanto ela precisam de cuidados. — Minho falou tentando se manter calmo e racional. — Vocês devem estar em choque.

Jisung concordou em silêncio e seguiu o policial que caminhava apressado na frente enquanto falava através do walk talk com os colegas do departamento explicando de maneira resumida o que aconteceu, olhando para trás e fazendo um rápido e discreto sinal para Jungkook que estava escondido os observando.

*

Haneul já havia sido examinada e medicada e agora dormia tranquilamente, enquanto os dois adultos permaneciam no quarto em silêncio. Jisung estava sentado no sofá com a jaqueta do Lee nos ombros e uma xícara de chocolate quente em uma das mãos.

— Você precisa depor. — Minho murmurou cansado, sentando ao lado do outro.

— Eu sei... — Suspirou ao falar, bebericando o chocolate. — Hyung, ela me disse que estava ensinando Haneul a "sobreviver" para substituir ela na gangue que ela lidera.

— Ela o que? — Minho questionou desacreditado, xingando baixo. — Então foi pra isso que ela voltou... Eu sou um idiota.

Minho suspirou esfregando as mãos no rosto se sentindo completamente culpado pelo acontecido. Havia percebido que nesse último mês sua filha estava se comportando diferente, mas sequer passou pela sua cabeça que a culpada por aquilo era a própria mãe dela.

— Eu deveria ter atirado nela quando tive a oportunidade. — Minho resmungou, suspirando.

— E se tornar um assassino? — Jisung murmurou. — Não vale a pena, hyung. Você poderia ser preso, com quem Haneul ficaria se isso acontecesse? Ela precisa de você.

Minho o olhou com os olhos completamente cansados, o enfermeiro pôde perceber que ele tinha olheiras enormes. Jisung moveu uma das mãos até o ombro do Lee e o apertou, vendo o mais velho se inclinar em sua direção e apoiar a testa em seu peito como se pedisse colo.

— Me desculpa por ir.— Jisung murmurou. — Eu prometi cuidar de vocês e na primeira oportunidade que tive fui embora em um momento de raiva...

— Eu que fui um idiota, Sungie. — Minho murmurou. — Me perdoa.

— Vamos esquecer isso, sim? É passado.

Minho concordou e então fechou os olhos ao sentir a ponta dos dedos gelados do menor repartir os fios de sua nuca em um carinho calmo. Ficaram em silêncio por longos minutos, aproveitando a companhia e o toque familiar nas carícias mudas que trocavam.

O silêncio dos dois foi interrompido apenas quando Namjoon abriu a porta do quarto, encarando eles que automaticamente se afastaram. Logo atrás dele, Soobin adentrou o cômodo.

— O que fazem aqui? — Minho questionou, sem sequer disfarçar seu cansaço tanto físico quanto mental.

— Estávamos com o Jin quando vimos você passar pelo corredor. — Namjoon respondeu, olhando Haneul dormir. — Ela está bem?

— Sim... Foi apenas um susto.  — Minho respondeu. — Namjoon, precisamos conversar.

Os dois policiais se retiraram do quarto para conversarem a sós, deixando Soobin e Jisung no cômodo.

O Choi encarava o enfermeiro completamente curioso, ele sequer conseguia disfarçar. Jisung o olhou de voltar e arqueou as sobrancelhas.

— Então o meu melhor amigo e meu antigo enfermeiro estão tendo um caso? — O Choi questionou, assobiando. — Uau.

Jisung acabou rindo, vendo o outro rir também antes de sentar na poltrona que fica ao lado do sofá.

— Ainda bem que não dei em cima de você na época que fiquei internado aqui. — Soobin comentou.

— O que?

— Você era meu enfermeiro favorito e eu te achava bonito, iria pedir seu número e só não pedi por medo. — O Choi explicou brevemente. — Pensei que você e o médico tinham um caso.

— Eu e Changkyun? — Jisung negou, gargalhando.

— Ele parece gostar de você. — Soobin resmungou baixinho. — Mas enfim, cuide bem do Minho e principalmente da Hannie. Eu dou a benção do namoro de vocês.

— E quem é você para dar a benção de algo? — Minho questionou ao adentrar o quarto novamente, dando um peteleco na testa do Choi que fez bico. — Namjoon está esperando você, precisam voltar para o departamento pra resolver algumas coisas...

Soobin pareceu entender e então se levantou, acenando para Jisung enquanto sorria e saindo do quarto logo depois.

— Vou depor com você? — Jisung perguntou ao se ver sozinho com o Lee novamente.

— Não, mas estarei na sala. — Minho o respondeu próximo da cama da filha, fazendo carinho na cabeça da criança com um sorriso triste no rosto. — Eu quase perdi vocês dois... Não consegui fazer nada.

— Mas não perdeu. — Jisung respondeu. — E não vai perder, nunca.

——

Depor é prestar declarações em investigações, ou seja, testemunhar.

Criminal [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora