Capítulo 35: Im Changkyun

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O policial estava sentado de frente a Hueningkai esperando o rapaz se pronunciar. Encarava o outro esperando por respostas, enquanto o Kamal evitava contato visual com o Lee, preferindo encarar o copo de café em suas mãos.

— Você sempre faz isso? — O Kamal perguntou sem olhar o policial.

— Isso o que? — Minho questionou confuso.

— Invade propriedades privadas sem um mandato — Hueningkai finalmente o olhou, completamente sério. — Obriga um inocente dar testemunho de um mero palpite. — O moreno riu soprado. — Imagino o caos que seu departamento é se todos os policias de lá forem como você. 

— Querer incriminar meus métodos apenas para encobrir uma suposta verdade é parte do seu jogo? — Minho inclinou o corpo para frente, encarando o rapaz. — Isso o torna ainda mais suspeito. Eu não invadi uma propriedade privada, fui como cliente procurar um local para ficar.

Kamal riu em escárnio enquanto negava com a cabeça, passando a ponta da língua pelos lábios grossos enquanto encarava o policial em sua frente. Por mais que tentasse não demonstrar, o moreno estava nervoso com aquele interrogatório repentino, batendo levemente o pé no chão. 

E Minho percebia isso, apesar de fingir que não.

— Não quero incriminar, quero entender. — O mais novo deu de ombros. — Eu sei que você não esta interessado em apenas tomar um café comigo, qual a necessidade de ir a pensão procurar um lugar 'pra dormir sendo um policial? Com o seu salário, você conseguiria alugar um apartamento no centro de Seoul.  — O Kamal analisou. — O que você quer?

— Respostas. Eu quero respostas. — Minho respondeu breve. — Como Hansol Vernon foi parar na pensão de sua mãe?

— Ele havia acabado de chegar na Coreia e estava procurando um lugar barato 'pra ficar, nem todo mundo recebe o seu salário. — O moreno falou de forma desleixada, dando de ombros. — Não é como se a gente perguntasse a todos nossos clientes o motivo deles irem procurar a pensão, não é algo meio óbvio? 

— Humpf. Hueningkai, você poderia colaborar, por gentileza? — Minho falou desgostoso e bebericou seu café, olhando ao redor. Aquele dia o refeitório do hospital estava vazio.

— Estou colaborando, senhor. — O Kamal respondeu com um sorriso discreto nos lábios.

— Qual era a relação dele com os outros inquilinos? Ele tinha inimizades dentro da pensão?

— Não. Vernon mal ficava no próprio quarto, ele sempre passava o dia fora e voltava tarde da noite, bêbado ou drogado. — Kamal deu de ombros. — Apesar de tudo ele nunca brigou com ninguém da pensão.

Minho observou a maneira calma que o moreno falava, concordando brevemente com um acenar de cabeça. Aparentemente Hueningkai estava falando a verdade.

— Vocês eram amigos? 

— Não. Nunca troquei mais de cinco palavras com ele. — O moreno desviou o olhar ao falar, encarando o copo de café novamente. — Eu meio que me sentia intimidado...

— Por quê?

Kamal deu de ombros, bebericando o café que devido o tempo que passou acabou esfriando, fez uma careta ao sentir o líquido gelado descer por sua garganta. Ele odiava bebidas geladas.

— Eu sinceramente não sei o que ele fazia da vida dele, não gosto de julgar as pessoas por algo que eu acabei vendo em um momento, mas... Uma vez eu estava na recepção da pensão e ele chegou completamente ensanguentado, não sei se ele havia brigado com alguém na rua por estar bêbado ou se havia matado alguém, mas desde aquele dia passei a evita-lo por sentir medo. — Hueningkai acabou desabafando, falando extremamente rápido e baixo. — Não o conheci o suficiente para saber se ele era ou não uma pessoa violenta fora da pensão, mas desde então decidi não querer conhecer.

— Você lembra a data? — Minho questionou, fazendo uma rápida nota mental quanto aquela informação.

— A data...? Não... 

— Vernon tinha desentendimento com seu irmão ou sua mãe? — O Lee questionou, olhando bem para Kamal e analisando suas reações.

— Não. Minha mãe e ele sempre se deram muito bem, ela o tinha como um filho também porque ele a lembrava um irmão meu que faleceu quando era mais novo. — Hueningkai falou vagamente, suspirando. — E ele era bem próximo do Beomgyu, tipo melhores amigos. 

— Então você foi o único da sua família que não conseguiu ter uma relação próxima com a vítima? — Minho questionou, cruzando os braços. 

— Não tinha nenhum tipo de interesse nele, logo não senti necessidade de elevar a relação para algo além do profissionalismo. — O Kamal respondeu sincero, ponderando um sorriso. — Não consigo me aproximar de pessoas desinteressantes e vazias como ele era.

— Você disse que não costuma julgar as pessoas. 

— Eu posso ter mentido. — Hueningkai falou calmo, rindo ao ver a expressão séria do Lee. — Brincadeirinha! Você leva as coisas muito a sério, Lee Minho.

O policial suspirou, sentindo uma sensação estranha ao ouvir o moreno em sua frente pronunciando seu nome com aquele sorriso presunçoso nos lábios grossos. O Lee iria retrucar, mas se manteve calado ao ver um homem alto trajando um jaleco adentrar o refeitório e caminhar na direção deles dois.

— Espero que a gente tenha terminado esse assunto, vai por mim, você não vai querer saber o final da história. — Hueningkai sussurrou para o Lee, ficando completamente sério. 

Minho entreabriu os lábios pronto para perguntar o que o mais novo quis dizer com aquilo, mas ficou quieto quando o recém chegado segurou os ombros do Kamal e os apertou levemente, sorrindo gentilmente para o policial enquanto o olhava de cima a baixo curioso.

— Namorado novo, Kaizinho? — O recém chegado questionou, rindo soprado. — Não sabia que caras assim fazia seu tipo. 

— Mas fazem, hyung. — Hueningkai respondeu rindo, ouvindo o mais velho rir também enquanto Minho os observava em silêncio, tentando entender o que estava acontecendo ali. — Lee Minho, este é meu irmão mais velho, Im Changkyun. 

O rapaz alto se afastou do Kamal e deu a volta, aproximando-se do policial que levantou e o encarou no fundo dos olhos. O Im sorriu simpático, estendendo a mão na direção do Lee para cumprimenta-lo.

— É um prazer finalmente conhece-lo, Lee Minho. 

Criminal [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora