Capítulo 33: Madrugada

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Minho abriu os olhos, ficando confuso ao não ver Jisung na cama consigo. O Lee virou o corpo e ligou o abajur, buscando o celular em cima da mesa de canto para olhar o horário. Era meia noite e quarenta e dois.

Iria se levantar para preocupar o Han, porém parou sentado na cama ao ver o enfermeiro caminhar sonolento até si, aparentemente ele estava voltando do banheiro.

— Eu te acordei? — Jisung falou baixo e logo em seguida bocejou.

— Não, não. — Minho respondeu rapidamente, abrindo os braços para o Han que o abraçou ao deitar novamente. — Percebi que você não estava mais me abraçando, por isso acordei.

Jisung riu, enterrando o rosto no peito do Lee enquanto sentia os dedos de Minho repartirem seu cabelo lentamente em um carinho calmo. Os dois estavam quase cochilando novamente quando o som da campainha soou, fazendo-os abrir os olhos automaticamente.

O enfermeiro afastou o rosto do peito de Minho para o encarar confuso, percebendo que não era apenas ele que estava sentindo aquela confusão. O Lee novamente olhou o relógio e se afastou do mais novo, levantando da cama contra gosto ao ouvir a campainha e soar novamente.

— Se for o Hyunjin de novo eu mato ele. — Reclamou alto, fazendo Jisung rir.

Uma vez o irmão havia ido para sua casa em um horário parecido, estava bêbado e tinha acabado de sair de um pub indo diretamente para a casa do Lee no intuito de ser cuidado. No dia seguinte Minho surtou e o deu o maior esporro, desde então o mais novo nunca havia feito isso novamente.

Minho abriu a porta reclamando, parando de falar quando a Kim pulou em cima de si o abraçando apertado. Jisung também havia ido para a sala, curioso para saber quem era e também porque iria beber um pouco de água já que ficou com sede.

— Dahyun o que veio fazer aqui esse horário? — O Lee a questionou, puxando gentilmente os braços da Kim que ainda rodeavam sua cintura na tentativa de fazê-la se afastar de si.

— Estou com saudades, Oppa. — Ela falou embolado, parecia segurar o choro e nitidamente não estava completamente sóbria. — V-Você nem me procurou para saber como eu estava, não atendeu minhas ligações nem respondeu minhas mensagens.

A mulher se afastou de Minho enquanto falava, somente para observar o rosto dele. O Lee suspirou cansado se arrependendo de ter aberto a porta, ele deveria ter apenas ignorado a campainha, para variar.

— Não tem porquê procurar você, Dahyun. Achei que depois de tudo havia ficado mais do que claro que eu não tenho interesse e-

— Jisung? O que faz aqui? — A mulher interrompeu a fala do Lee quando finalmente percebeu a terceira presença na sala, automaticamente Minho olhou para o Han que os encarava em silêncio. — Não imaginei que você iria superar tão rápido o Taehyun, no final os rumores estavam certos. — Ela riu, aparentemente chocada. — Na verdade o mais chocante dessa situação é saber que o Minho está sendo o seu consolador.

Jisung sorriu forçado para a garota, iria retrucar, mas a voz do Lee soou por cima da sua um tanto que mais eufórica.

— Não se deve desrespeitar alguém e acreditar em qualquer tipo de rumor, por favor não fale assim com ele. — Minho começou, atraindo a atenção da mulher. — Fora que não é exatamente isso, eu e o Jisung criamos um vínculo de amizade forte.

Os olhos de Jisung saltaram automaticamente da mulher para o Lee, ouvindo atentamente cada palavra e se irritando ainda mais com a situação. Minho o olhou quase que desesperado, se assustando quando a Kim pulou em si o abraçando novamente.

— Oppa, me desculpa. — Ela choramingou. — Me desculpa pensar isso de você, eu te amo tanto, fiquei com ciúmes e-

Jisung deu as costas para os outros dois e da mesma maneira que havia ido para a sala silenciosamente, se retirou de lá. O Han até mesmo perdeu sua vontade de beber água. Retornou para o quarto de Minho e pegou suas coisas, saindo do cômodo logo depois e indo para o banheiro.

Demorou alguns minutos trancado no banheiro enquanto apertava a pia de mármore branco com certa força, encarando o próprio reflexo no espelho. Respirou fundo e então abriu a torneira, lavando o rosto e passando a mão molhada em sua nuca na tentativa de refrescar um pouco.

Jisung se trocou e então dobrou as roupas que o Lee lhe emprestou, deixando em cima do sanitário e deixando o banheiro logo depois. Deu de cara com Minho que o esperava do lado de fora, visivelmente desesperado.

— Me desculpa! Eu realmente não sabia que era ela, se eu soubesse que ela iria aparecer aqui do nada em uma madrugada pra estragar nossa noite eu nem teria atendido! — O Lee começou a falar, tão rápido e desesperado que ao terminar sua frase e ver o silêncio alheio rapidamente o olhou, prestando atenção na figura de Jisung. — Por que essas roupas?

— Vou 'pra casa. — Jisung respondeu simples, desbloqueando o celular e abrindo o aplicativo de táxi.

— Amor, você está em casa.

— Não Minho, eu não estou. — O Han falou sério, olhando o rosto do Lee. — Eu vou para a minha casa. — Disse, dando ênfase no "minha".

— Desculpa. Eu não sabia que ela iria aparecer e-

— Você já disse isso. — Jisung o cortou, soando grosseiro. — Não tem como prever esse tipo de coisa, isso é fato e eu entendo.

— Se você entende, então por que está bravo? — Minho perguntou chateado, tocando o braço de Jisung que se esquivou.

— Você realmente está me perguntando isso? — O enfermeiro questionou, encarando o Lee que o olhava aparentemente confuso. — Minho, ontem você estava me dizendo que somos namorados e hoje você fala para a mulher que é visivelmente obcecada por você e te procura de madrugada que sou apenas seu amigo!

— Mas você é meu namorado, eu gosto de você e a gente está tentando! — Minho retrucou. — É só que seria complicado se as pessoas soubessem disso agora... Você sabe. Pensei que a gente havia conversado sobre isso e que você tinha entendido.

— Minho, conversamos sobre contar isso a Haneul por ela ser criança e ficar confusa com a situação. — Jisung respondeu entredentes. — Eu entendo isso e concordei que não seria bom falar sobre nossa relação a ela, outras pessoas não tem nada haver.

Minho o encarou em silêncio, puxando uma cadeira para se sentar enquanto parecia digerir a situação e pensava melhor sobre o ocorrido.

— Eu não sou um adolescente que quer namorar escondido. — Jisung voltou a se pronunciar. — Você quem vai decidir como as coisas vão ser daqui 'pra frente.

— Jisung, eu não posso chegar da noite para o dia e contar a minha mãe ou a conhecidos que estou namorando outro homem. — O Lee falou baixo e meio desanimado, visivelmente chateado com a briga que estavam tendo. — Até um tempo atrás a minha realidade era outra, eu nunca cogitaria me envolver com alguém do mesmo sexo, porém a gente não manda nessas coisas do coração.

— Então o problema está aí. — Jisung pontuou. — Sim, eu sou um homem. Enquanto você não aceitar que está gostando de uma pessoa do mesmo sexo que você, nem querer parar de manter nosso relacionamento trancado a sete chaves, não precisa me procurar.

— O que?!

— Tchau, Minho.

— Ei, Jisung. Espera. Espera. — O Lee caminhou a passos apressados atrás do outro que o ignorou, abriu a porta e indo embora. — Podemos terminar de conversar, por favor? — Minho perguntou do corredor, vendo Jisung descer as escadas da saída de emergência sem sequer olhar pra ele.

Minho novamente entrou e trancou a porta, se jogando no sofá da sala enquanto encarava o teto, completamente frustrado e irritado com toda aquela situação.

Criminal [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora