❧ Capítulo LXXI

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A D E L A I D E

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"Eu estava a fim de você, mas já superei
E eu estava tentando ser legal
Mas nada está dando certo
Então deixa eu soletrar
A-B-C-D-E, foda-se você"

abcdfu - Gayle

É incrível como apenas oito meses são o suficiente para te fazer ir, literalmente, do inferno ao céu.

Sim, eu falei ao contrário. Mas, é porque foi isso que aconteceu comigo. Eu comecei o ano vivendo o maior inferno que já passei na vida, lutando contra todos os sentimentos confusos e conflitantes que Will me causava e indo contra a minha própria vontade ao colocar o último ponto final na nossa história e terminar de uma vez. Foram meses complicados e repletos de aprendizados, porém, valeu a pena. Agora, eu estava experimentando a vida mais leve que já havia vivenciado até ali. Não só por causa da presença de Dax nela, mas por mim também. Eu vinha me conhecendo mais, lidando com meus erros do passado e me esforçando para ser um pouquinho melhor sempre.

Parecia até um sonho. E, se fosse mesmo, eu não queria acordar nunca mais.

Paguei pelo punhado de amoras vistosas que havia escolhido e voltei a andarilhar pela pequena feira de produtos naturais e orgânicos que havia no centro de Burnely, sentindo o aroma de frutas frescas cercar meu olfato. Suas cores eram ainda mais encantadoras do que seus cheiros, mas me limitei as maçãs e um punhado de limões, até porque, não trouxera tanto dinheiro assim. Só havia uma única coisa que eu não abriria mão. Algo que eu não fazia há tempos.

Parei em frente à última barraca da feira. Ela era simples, mas seus produtos compensavam a simplicidade. Observei as margaridas pequeninas e branquinhas amontoadas em um buquê enorme, as begônias com suas cores imponentes e vibrantes e as minúsculas suculentas englobadas na promoção de um dólar. A plaquinha de madeira com os dizeres "floricultura" numa delicada e curvilínea letra explicitavam o que qualquer um concluía apenas com um olhar. Eu olhei outra vez para aquele mar colorido de pétalas e folhas que parecia querer me englobar, sentindo a paz se alastrar pelo meu peito. Pela primeira vez naquele ano, eu senti vontade de comprar flores.

Olhei para as compras que pesavam nas três sacolas em meus pulsos, pensando em qual flor combinaria com espaguete à carbonara e a torta de amora que faria no jantar. Será que um buquê de crisântemos brancos ficaria legal? Ou um buquê de rosas vermelhas?

Estremeci ao enroscar meus olhos nas rosas vermelhas, desviando de imediato. Cedo demais. Rosas são flores muito lindas e tem uma aura romântica, mas ainda não me causavam a melhor das sensações.

— Boa tarde — uma senhorinha com o cabelo grisalho preso numa bandana florida que combinava com o avental apareceu por trás do balcão de flores, esbanjando um sorrisinho bondoso — A moça bonita quer levar alguma coisa? — e apontou seu dedinho ossudo para o meu vestido — Tem cara de gente que gosta de flor.

Eu sorri, desconcertada, e olhei para mim mesma, vendo a estampa de flores azuis que ressaltava do tecido branco me entregar.

— Ah, sim, eu gosto de flor — respondi, me voltando para a senhorinha — E, sim, vou querer levar alguma coisa. Só não me decidi ainda, são tantas opções lindas que sinto vontade de carregar todas embora.

Ela puxou um vaso alto com um cacto enorme e cheio de espinhos para o lado, abrindo caminho, e veio até onde eu estava, descansando as mãozinhas enrugadas nos ossinhos de sua cintura.

Addie & Dax │✔│Onde histórias criam vida. Descubra agora