❧ Capítulo LIII

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Capítulo extraa ❤

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D A X T O N

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"Eu sei que posso te tratar melhor
Do que ele pode
E qualquer garota como você merece um cavalheiro
Me diga por que estamos perdendo tempo
No seu choro desperdiçado
Quando você deveria estar comigo em vez disso?"

Treat You Better – Shawn Mendes

Eu me lembrava de tudo.

Tudo.

Sabe quando fiquei secando as pernas de Adelaide ou quando a chamei de chifruda? Sim, eu me lembrava disso também. E, passado o cataclísmico efeito do álcool, eu não me orgulhava muito dos meus últimos feitos. Quem chama e garota que está afim de chifruda mais linda do mundo? E eu quase babei só de olhá-la usando pijama, fiquei secando suas pernas e repetindo que a queria como se implorasse por água num deserto. Isso é tão... tão... tão rendido.

É isso que eu estava: rendido por aquela garota. Completamente entregue ao seu domínio, me deixando ser levado pelo seu jeitinho doce e seu sorrisinho apertado de víbora venenosa. Eu caí em sua teia sutil e agora não conseguia mais encontrar uma saída. Estava preso. Mas, sejamos honestos, eu até que gostava de estar preso ali. Era um bom lugar.

Me sentei na cama, sentindo minha cabeça tombar de um lado para o outro como se houvesse uma bola de basquete lá dentro. A garganta seca e dolorida, os olhos ardendo e a consciência gritando. Eu estava um bagaço. Não sabia qual era pior, a ressaca corporal ou a moral. Elas estavam pau a pau.

Na minha atual conjuntura, só um banho permitiria que eu voltasse a conviver em sociedade. Depois de passar uns bons minutos com a cara enfiada embaixo da água quente e conjurando minhas atitudes de bebum desmiolado, consegui ficar um tico mais apresentável. Um tico bem ínfimo, quase nulo.

Adelaide estava sentada na ilha da cozinha, lendo um livro e mastigando um pão de um jeito despreocupado, concentrada no que lia. Ela estava com uma blusa branca e uma saia vermelha rodada repleta de florezinhas também brancas que batia em seu joelho. No lugar das botinhas marrons, havia posto um tênis delicado. Pela primeira vez, a vi com duas caprichosas tranças feitas no cabelo acobreado, ambas amarradas com fitinhas vermelhas torcidas em um laço. É claro que ela teria um laço em algum lugar. Era a sua marca registrada.

— Hey, bom dia, dorminhoco — cantarolou ao erguer a cabeça e me ver — Fiz café para você.

— Bom dia — falei com a voz gasta enquanto descia o último degrau, avançando até a cozinha — Você fez café só para mim?

— Aham. Pelo jeito que chegou em casa ontem à noite, eu sabia que precisaria de uma boa dose de cafeína na veia e de um comprimido de aspirina quando acordasse — e me apontou para a caixinha do remédio dentro da fruteira — Tem ali, se quiser tomar.

Agradeci com um aceno fraco, enchendo uma xícara enorme com aquele líquido escuro e abençoado. Seu aroma forte colonizou o recinto num piscar de olhos, se intrometendo no meu nariz e me fazendo cobiçar tomá-lo logo. Ao passar pela fruteira, destaquei um comprimido e o atirei na garganta.

— Você toma comprimido sem nada, só na força do desgosto. Isso é um claro sinal de que já perdeu a vontade de viver — a voz surpresa de Adelaide soou em minhas costas, acompanhada de uma risadinha. Eu fui até a banqueta do lado oposto da ilha e me sentei nela. Uns duzentos macacos pulavam dentro da minha cabeça, dificultando meu pensamento.

Addie & Dax │✔│Onde histórias criam vida. Descubra agora