❧ Capítulo XLVII

2.1K 240 76
                                    

︵‿︵‿୨♡୧‿︵‿︵

A D E L A I D E

︵‿︵‿୨♡୧‿︵‿︵

"Eu não sei o que devo fazer
Assombrado pelo seu fantasma
Me leve de volta para a noite em que nos conhecemos"

The Night We Met - Lord Huron

— Dax?

Era uma vozinha sutil que ecoava longe em meus ouvidos, quase como se fosse uma lembrança. Me remexi no lugar, sentindo um braço forte se acirrar em volta da minha cintura e me puxar até que eu me chocasse contra algo macio e quentinho.

Não era algo, era alguém. Mas, um alguém aconchegante.

— Dax?

Resmunguei, irritada pelo sono atrapalhado. De onde vinha aquela voz?

— Dax? — ela tornou a ressoar além de mim, agora acompanhada de algumas batidinhas em algo que parecia ser madeira.

Abri meus olhos com uma boa dose de letargia me recobrindo, tentando me localizar. A parede branca, uma jaqueta enroscada na cadeira da escrivaninha e a janela brilhando à minha frente me disseram que aquele era o quarto de Dax. Olhei meio de lado, ainda grogue, era o seu braço agarrado na minha cintura. Ele estava dormindo de bruços, o cabelo parecia um emaranhado de minhoquinhas pretas e reluzentes, as costas repleta de tatuagens inundando meu olhar.

— Ah, cara... — murmurei, virando meu rosto para cima soltando minhas mãos contra ele. Quando foi que pegamos no sono e não percebi?

— Dax?

Tirei a mão do rosto imediatamente, arregalando os olhos secos. A voz não era coisa da minha cabeça. Definitivamente não era.

— Dax? Filho, você está aí? — Sylvia soou um pouco mais impaciente, aumentando a frequência das pancadinhas secas contra a porta e remexendo no trinco.

— Nãonãonãonãonãonãonãonãonãonãonão — balbuciei, meu coração batendo alto contra meu peito. Na verdade, acho que ele havia escapulido para a minha garganta. Juro que o estava sentindo palpitar na minha traqueia. Me virei para Dax, desesperada. Ele parecia semimorto — Acorda. Ei, acorda agora.

Eu o balancei algumas vezes, ainda paralisada pelo medo de fazer algum barulho que me fizesse ser ouvida. Se isso acontecesse, não seria apenas Dax quem seria assassinado ali. Muito provavelmente, eu também. Pela Sylvia — talvez pela Lisa — e com certeza pelo meu pai, que sequer sabia do Dax. Ele iria concluir que estávamos juntos e reviveria o coitado só para matá-lo outra vez.

— Dax, por tudo o que for mais sagrado, acorda.

Ele resmungou algo em alguma língua enrolada enquanto erguia cara enrugada e avermelhada do travesseiro.

— O queee?

— Dax? Eu te ouvi aí!

— Cala a boca! — vociferei baixinho, apertando a palma da minha mão na sua boca. As pupilas bicolores me encaravam com uma confusão genuína, ainda acordando — Sua mãe está na porta, não fala alto.

Ele balançou a cabeça, indicando que tinha entendido. Tirei minha mão de seu rosto e fiz menção de levantar, porém, meu cabelo foi puxado com um movimento bruto, fazendo com que eu caísse na cama outra vez, me chocando contra um peito aquecido.

— Ai.

— Adelaide, sai daqui — ele empurrou minhas costas — Você tem que cair fora daqui.

— Dax? — mais soquinhos impacientes.

Addie & Dax │✔│Onde histórias criam vida. Descubra agora