❧ Capítulo LVIII

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Pensa num capítulo que eu sofri pra encontrar uma música, Deus me livre. No fim ficou essa do Kodaline que acho linda, mas que não é exatamente o que eu queria. Aaahhh 🤡

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A D E L A I D E

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"Eu lembro disso agora
Me leva de volta para quando tudo começou
Mas sou o único culpado e aceito isso agora
É hora de deixar pra lá, sair e recomeçar
Mas não é tão fácil assim"

High Hopes - Kodaline

Ok, talvez até eu mesma tenha subestimado o grau de "chiqueza" do restaurante.

Ele ficava no último andar do Salesforce Tower, o prédio mais alto de todo o estado de Indiana. Ou seja, nós estávamos quase nas nuvens. As paredes eram todas de vidro e com um certo grau de inclinação para fora, o que me dava a agoniante sensação de que aquilo iria cair quando menos esperássemos. Mas, a vista era realmente exuberante e valia o medo. Dali de cima se tinha uma visão panorâmica da cidade, que, àquela hora da noite, se resumia a infindáveis pontos de luz aglomerado em volta do Monument Circle, uma imensa rua circular que demarcava o coração figurativo da capital e abrigava o bem destacado Soldiers & Sailors Monument. De onde estava, consegui também encontrar o zoológico, o Riverside Park e, bem depois do sinuoso White River, quase na sumindo na linha do horizonte, o Indianapolis Motor Speedway, a joia de Indianapolis. Acho que, se eu apertasse bem o olho, veria Chicago também, tamanha era a altura daquela coisa.

Fora a vista imponente e única que por si só já passava uma impressão de requinte, o restaurante em si expurgava dinheiro e luxo em cada mísero detalhe. A começar pelo elevador separado do restante do prédio que, além de ter um segurança exclusivo e carrancudo, se abria no térreo e só parava ao alcançar o último andar. Na área das mesas, haviam lustres elegantíssimos pairando no ar, com cristais que criavam centelhas de luz dourada por todo o recinto, como se estivesse chovendo ouro. Um piano lindo e clássico ocupava destacado por holofotes e um pequeno palco ocupava um dos cantos, e uma habilidosa pianista embalava a inauguração com a Sinfonia Número Cinco, de Beethoven. Eu senti minhas mãos coçarem para ir até lá e pedir para tocar algo, mas a vergonha de fazer isso foi maior e me contive.

O bar tinha balcões em madeira clara e vidro e uma coleção enorme de bebidas que eu sabia serem caras. Ele foi construído estrategicamente no centro do gigantesco salão, em volta do pilar de sustentação principal, e estava lotado num nível surreal. Na verdade, o lugar todo estava cheio de pessoas em trajes formais que pareciam gritar seus preços por meio dos brilhantes e das sugestivas fendas. Será que não havia uma quantidade máxima de pessoas permitida ali dentro? Se houvesse, eu tinha quase certeza de que não estava sendo respeitada.

— Eu acho que nem sei me comportar num lugar assim — Dax falou quando chegamos. Um segurança tão carrancudo quanto o amigo do elevador conferiu nossos nomes em um IPad e chamou um garçom que estava por perto, dizendo que estávamos na mesa trinta e sei-lá-o-que-norte e pedindo que o seguíssemos. O moço acenou, mostrando que havia captado a mensagem, e nos cumprimentou com um boa noite mecânico, se virando e andarilhando pelo lugar com uma facilidade invejável.

— Nem me fala — cochichei de volta, me certificando de manter nossas mãos bem unidas quando enquanto tentávamos acompanhar o garçom, que me lembrava o Papa-Léguas com seu jeitinho esguio e acelerado. Olhei as pessoas ao redor, me sentindo uma mosquinha tentando se passar por uma abelha — Mas, isso que dá aceitar os rolês da Blake. Ela sempre nos enfia em lugares... assim — Aquele era o governador? Deus, era sim.

Addie & Dax │✔│Onde histórias criam vida. Descubra agora