Addie & Dax │✔│

❧ Capítulo LXII

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D A X T O N

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"Ouvi dizer que você está feliz sem mim
E espero que seja verdade
Isso me mata um pouco, mas tudo bem
Porque eu morreria por você
Você sabe que eu ainda morreria por você"

Die For You - Joji

A casa dos Montgomery ficava a apenas duas ruas de distância da de Adelaide, então, aproveitei o dia ensolarado para ir caminhando. Em pouco mais de dez minutos, eu estava tocando a campainha esganiçada com um Papai Noel empoeirado a decorando. Lisa atendeu antes mesmo que eu tirasse meu dedo do botão, parecia até que estava velando a porta.

— Entra — e indicou o interior da casa com a cabeça — Ele está lá em cima.

Nós passamos diretos pelas entradas que dariam na cozinha e na sala, subindo uma escadaria de madeira escura e lisa. Haviam alguns retratos pendurados na parede, guardando alguns momentos em família. Em um, duas crianças que acreditei serem Lisa e Archie estavam abraçadas e com janelinhas no lugar dos dentes da frente. Em outro, havia um casal loiro com três crianças igualmente loiras. Um menininho mais alto, Gabriel e Lisa por último, com um gesso no braço esquerdo e alguns pontos na testa. Ela tinha um sorriso gigantesco de quem tinha acabado de fazer alguma arte.

— Você tem outro irmão?

Ela me olhou por cima do ombro, vendo a foto.

— Sim, é o Matt. Ele é o mais velho, mas está no Afeganistão agora.

— Por que?

— Entrou para os fuzileiros assim que fez dezoito anos, não quis nem saber de faculdade. Dos três, eu sou a única que pensa nisso — disse, dando uma risadinha. Nós paramos em frente a uma porta e Lisa desmanchou o sorriso — Esse é o quarto do Gabriel. Ele está enfurnado aí desde a noite do pedido e...

— Espera, faz cinco dias que ele está aí dentro?! Tem certeza de que ele ainda está vivo?

— Sim — e curvou a boca em tensão, cruzando os braços — Só sai para pegar algo na cozinha, acho que nem mesmo está tomando banho, porque a toalha dele continua intocada no banheiro e está sempre com o mesmo moletom fedorento. Nossos pais foram passar uns dias na casa dos meus avós maternos, então ficamos só nos dois e isso não facilitou as coisas. Normalmente, eu estou pouco me lixando para o que o meu irmão faz com a vida dele, mas, dessa vez estou mesmo preocupada, Dax. Ele sempre fica mal quando briga com a Blake, só que nunca desse jeito nem por tanto tempo... enfim, como vocês são amigos, pensei que pudesse me ajudar. Não sei mais o que eu faço para tirá-lo desse ninho depressivo e fedido.

Eu assenti, umedecendo os lábios e me voltando para a porta. Lisa murmurou que estaria em seu quarto caso eu precisasse de algo ou de socorro e saiu com a cabeça abaixada. Esperei que ela fechasse a porta e me deixasse sozinho antes de bater na madeira com os nós dos meus dedos.

— Gabriel? — chamei, ouvindo o som de uma televisão ligada — É o Dax. Eu sei que você está aí dentro, então facilite a minha vida e abre logo essa porta. Eu já fui preso por arrombar uma casa e não tenha dúvida de que faço o mesmo com o seu quarto. É sério. Você tem dez segundos antes que eu arranque essa maçaneta no chute. 1... 2... 3... 4... CINCO...

Parei de contar assim que ouvi o som fino de um molho de chaves sendo girado e do trinco sendo aberto. Uma versão bem acabada de Gabriel apareceu na fresta da porta, me dando um breve susto. O cabelo loiro parecia mais um monte de palha seca, despenteado e sujo. A parte baixa do rosto estava coberta por uma barba desleixada e os olhos inchados de quem havia bebido mais do que deveria e vinha dormido menos do que o necessário. Eu pensei que havia chegado ao fundo do poço nos últimos tempos, mas com certeza Gabriel conseguira ir ainda mais fundo. Acho que ele alcançou o lençol freático.