❧ Capítulo IX

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Para quem lê pelo celular, vocês conseguem ver o vídeo da música aqui em cima? Porque percebi que no meu não aparece e agora fiquei encucada com isso :/

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D A X T O N

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"Mas nada cura o passado como o tempo
E eles não podem roubar

O amor que você nasceu pra encontrar"

Be Alright - Dean Lewis

— Você sabe de algum lugar em que eu possa trabalhar? Quero arranjar algo para fazer para tentar não enlouquecer nessa cidade enquanto não consigo cair fora daqui.

Gabriel me olhou de esguelha, entediado. O cigarro entremeado entre os dedos, pairando no ar.

— Você é de onde? Pelo sotaque, arrisco Califórnia. San Diego? Los Angeles?

Só de ouvir aquele nome foi como se uma brisa fresca atingisse meu rosto, me dando uma ligeira onda de alívio. Posso jurar que senti até mesmo o aroma refrescante da água salgada se intrometendo em minhas narinas, ocupando meu corpo saudoso. Lá pelo menos eu tinha a praia há algumas dezenas de quilômetros, no alcance de uma madrugada. Em Burnely, eu tinha que me contentar com um rio meia boca e diversas árvores de um verde tão escuro e denso que beirava o sufocante. A praia mais próxima ficava a dias de viagem. Dias.

— Sacramento. Mas, vivia em Los Angeles também. Um pé lá e outro cá.

— E o que diabos você veio fazer aqui nesse fim de mundo? Com todo o respeito, mas você não me parece o tipo de cara que curte uma cidade pequena no interior do país.

— Não. Eu odeio — resmunguei, mal-humorado — Odeio a cidade, odeio o lugar, odeio até mesmo o ar que estou respirando. Eu cheguei ontem e estou contando cada maldito segundo para ir embora daqui.

Gabriel separou o cigarro dos lábios, me olhando surpreso.

— Então, por que não vai embora? Você tem o que, dezenove anos? É legalmente de maior, cata suas coisas e some no mundo, velho. Eu faria isso se pudesse.

— E não faz por que? Você também é de maior. Acabou de me dizer que tem vinte anos, ué.

Ele deu uma risada amarga, bufando. Um pouco de fumaça exalou de seu nariz com o gesto.

— Pais, meu amigo. Meu pai é policial, meu avô é sargento e meus tios se encarregam de ocupar os outros cargos com renome, poder e benefícios. Eles não me deixariam em paz nem se eu fosse para o inferno. Já tentei uma vez, mas acabei voltando algumas semanas depois. Uma parte de mim ainda insiste em não querer decepcioná-los, sei lá. É uma merda.

Concordei brevemente, levando o cigarro à boca para um trago demorado. Sabia bem como era esse lance de não querer decepcionar os pais, mas sabia também como era o lance de fazer questão de decepcionar. O profundo desejo de querer gerar descontentamento, de ver seus olhos brilharem de desgosto. Eu só não sabia como equilibrar os dois lados.

— E você? — ele indagou alguns minutos depois — Não vai embora por que?

— Mãe.

— Não tem pai?

— Infelizmente sim. Ele é o motivo da mudança. Ele e... eu — engoli em seco — Pisei na bola feio com ela e agora quero ficar por perto para tentar limpar a bagunça.

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