Você já sentiu falta de algo que você nunca teve?
Sabe, aquela saudade que inevitavelmente arranha a carne machucada do seu coração e faz com que sua respiração tranque na garganta quando o silêncio recai sobre você e nada pode te impedir de sucumbir ao ardor do seu luto por esse sentimento que você nunca teve o prazer de sentir.
Quando você sente falta do toque de algo ou alguém pelo qual você nunca foi tocado e a sua pele arde e coça com a sensação de ser irreparável e de nunca poder seguir em frente, de nunca poder fugir das amarras dessa tortura mental na qual você mesmo se coloca.
Regulus Black sente falta de um amor que nunca teve.
Ele nunca recebeu amor de seus pais e seu irmão se afastou cedo demais para ele saber se em algum momento foi amado por ele. Então, Regulus não sabe dizer exatamente da onde vem toda essa saudade. Ele só sabe que a sente, e que ela é tão avassaladora quantas as ondas turbulentas de um mar revolto.
Ele não tem noção quando começou, mas ele sabe, não quando, mas quem o fez ter a percepção do que ele estava exatamente sentindo.
Aconteceu em um noite nublada, o céu fechado por nuvens pesadas o impedía de observar as estrelas e Regulus lembra de ter uma imensa vontade de chorar por simplesmente não poder ser agraciado com a visão das únicas coisas que traziam algum tipo de consolo ao seu peito angustiado.
Ele lembra de deixar cair a cabeça contra as palmas da mão e respirar fundo. Ele estava tendo uma semana (uma vida) difícil e um céu nublado poderia piorar as coisas ainda mais. Ele não sabe por quanto tempo ficou ali, de olhos fortemente fechados e respiração audível indo e vindo, difícil como se uma pedra estivesse sendo pressionada contra seu peito.
Isso até o um som indistindo poder ser ouvido, como se o vento estivesse causando o leve farfalhar de tecido a poucos centímetros do garoto sonserino. Regulus virou a cabeça tão rápido que sentiu sua visão ficar embaçada por um momento, até seus olhos focarem no vazio assombroso da torre de astronomia.
Ele suspira e balança a cabeça distraidamente, torcendo para que tudo não passasse de uma falta de lucidez momentânea.
Mas como as coisas na vida de Regulus (pelo menos as coisas ruins) nunca são momentâneas, o farfalhar é ouvido novamente e ele se move rápido o bastante para ter o vislumbre de algo vermelho no ar. Com a varinha em mãos e um feitiço atordoador na ponta da língua, ele endireita os ombros e murmura:
— Eu sei que tem alguém aí, pare de se esconder agora.
Sua voz é o mais firme que ele consegue passar e durante os segundos que se passaram e pareceram milênios, a incerteza parece fluir ainda mais por sua resposta ansiosa.
Isso até que, em uma entrada dramática com um estranho jogar de ombros, James Potter aparece diante dele com um sorriso estúpido e calças de pijama.
— Potter — Regulus praticamente cospe o nome, sua postura enriquecendo e se assumindo ainda mais tensa — O que você está fazendo aqui?
— Nada, apenas vim observar a estrela.
Regulus suspira, balançando a cabeça e guardando a varinha novamente, sua atenção voltando para as estrelas.
— As estrelas, você quis dizer.
— O quê?
— As estrelas. Existe mais de uma estrela no céu noturno. Você tem que ser muito objetivo sobre apenas uma para você não observar as outras também.
Uma risada divertida pôde ser ouvida pela torre.
— Sim, digamos que eu sou muito objetivo sobre apenas uma estrela em questão.
Regulus ignora o rubor que ameaça cobrir suas bochechas e pescoço, optando por revirar os olhos e ignorar a presença de James. Potter parece também não ter muito mais o que falar e permanece em silêncio.
Ele se aproxima, lenta e delicadamente, se estabelecendo ao lado de Regulus, seus ombros a centímetros de se tocar e o calor que emana do corpo de James aquecendo não apenas a silhueta de Regulus, mas também alguma coisa no peito de Balck que ele nem sabia (lembrava) que existia.
Você já montou um quebra-cabeça? Já teve o prazer de ter aquela sensação de realização ao observar seu trabalho terminado e encaixado minuciosamente?
Regulus, obviamente, nem sabe o que é um quebra-cabeça, mas se ele soubesse da existência desse jogo trouxa e tivesse montado um, ele diria que a sensação de montar um é a mesma sensação a qual ele está sentindo agora.
James está olhando para ele, Regulus pode sentir isso. Ele pode sentir a ternura, o resplendor.
E quando ele olha para James de volta, ele não pode desviar o olhar, porque é como se Regulus fosse um viciado em reabilitação, como se aquela saudade fosse um vício e ele estivesse aprendendo a viver sem ela. É como se James fosse a cura pra tudo, é como se a pura adoração no olhar de James fosse a resposta silenciosa para cada choro, cada grito que já nasceu do fundo da garganta de Regulus.
A verdade nunca pode ser ocultada por muito tempo, e Regulus sente no mais profundo da sua alma naquele momento, que sempre foi verdadeiro.
James Potter é a cura desse vício de Regulus Black em sentir falta de um amor que ele nunca teve.
Porque James Potter vai garantir que Regulus Black não tenha mais que sentir falta desse amor.
James Potter vai fazer questão de dar todo o amor que Regulus Black merece.
Ele vai fazer questão de amá-lo.
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Red Thread - one shot book
Fanfic☆ the deer sniffed the lilies and was distracted by the stars Respostando todas as minhas one-shots jegulus em um único livro. Eu não tenho palavras para descrever o amor que eu sinto pelos starchaser então espero que vocês possam sentir esse amor a...