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- E então? Quero que fale a verdade? - direcionei a Jennie, conforme ela experimentava o doce que tanto desejou, a observando sobre uma colher generosa, vendo as suas feição conforme degustava, sem pressa, com os olhos presos nos meus em uma clara demonstração de julgamento, o que tentava ser intimidador, mas que no final, não deixava de ser fofo de qualquer forma, alcançando isso com aquelas suas bochechas grandes e gordinhas. 

- É o melhor doce que eu já comi na minha vida - findou por fim, se animando pronta para pegar mais, fechando os olhos e cantarolando conforme se remexia alegremente, eu ri e concordei, beijando o topo da sua cabeça, feliz em agradá-la, marcando em minha mente que faria mais vezes, quando ela quisesse - Você é muito talentosa.

- Sou?

- Sim, administra várias empresas, tem uma escola, tem nome e poder por onde anda, e além disso, é incrível na cozinha, pretendente de qualquer um. 

- Honrada com tanta bajulação - eu ri, aceitando quando ela direcionou a colher a mim, me permitindo ter o doce e constatá-lo de que estava realmente ao paladar básico - Aprendi muitas coisas desde que vim morar sozinha, é necessário. 

- Gosta de morar sozinha?

- Bom, no começo foi um pouco complicado, auxiliar uma casa com o trabalho, e ainda aceitar a solidão concreta, mas depois de um tempo, aprendi a conviver comigo mesma e com o meu silêncio, desde então, a minha casa virou o meu lugar favorito. Aqui eu posso ser quem eu quiser, sem ninguém me interrompendo ou entrando no meu quarto sem antes bater na porta. 

- Eu sei como é, as vezes a minha mãe esquece a regra das três batidas - completou, presa ainda em seu doce - Mas eu já me acostumei, ela geralmente faz isso quando não a escuto chamar no andar debaixo, sempre estou de fones.

- Então ela tem um ponto - Jennie negou.

- Nenhum pai tem o direito de entrar no quarto do filho sem antes ter uma autorização, e a história "a casa é minha", não pode ser aplicada em todo o modo, nunca entrei no quarto dos meus pais de surpresa, minha mãe sempre me ensinou a bater três vezes e esperar uma autorização, mas as vezes não aplica o que ela mesma ensinou. 

- Não fique chateada, ela apenas está te verificando - apaziguei, colocando os fios de cabelo atrás da sua orelha, acariciando a sua nuca suavemente, mantendo os meus olhos nos seus, antes das órbitas castanhas e escuras correrem para longe de mim.

- Isso as vezes é um saco - resmungou.

- Vocês adolescentes nunca entenderão as reais preocupações de nós adultos - ela fez uma careta, batendo em meu ombro, como se me repreendesse.

- Não fale assim, parece uma senhora de idade.

- Devo me sentir ofendida? 

- Contanto que não perca a memória e não se esqueça de mim - deu de ombros, sem completar a sua metáfora, deixando que eu risse e concordasse mais uma vez com qualquer coisa que pudesse sair dos seus lábios. 

- Acho difícil isso acontecer, você terá que me aguentar durante um bom tempo, Jennie Kim.

Concluí a conversa, desligando a TV, deixando que ela saísse, apenas para deixar a pequena louça sobre a pia, esticando a minha mão em sua direção, nos levando até o segundo andar novamente, permitindo que ela usasse o chuveiro primeiro, emprestando mais um conjunto de roupa a ela, mesmo sabendo que ficaria largo o suficiente para nos arrancar risadas e piadas durante alguns minutos. Assim que saiu, secando os seus fios sobre a toalha, tratei de não demorar muito sobre a ducha, voltando minutos mais tarde, encontrando a menina falando em seu celular, me limitando apenas em arrumar a cama para deitarmos, a ouvindo rir uma vez ou outra.

Shameless (Jenlisa G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora