Havia um ruído de pessoas conversando que ecoava em meus ouvidos. Quando finalmente abri os olhos, estava na enfermaria.
— Finalmente você acordou! — Lúcia disse, sentada na beirada da maca, segurando minha mão.
— O que aconteceu?
— Você não se lembra? — perguntou Stef, preocupada — A gente estava jogando futebol, você fez aquele gol lindo e tudo mais, aí ficou parada. É sério, você começou a tremer muito, olhar para o nada! E de repente desmaiou!
Olhei para a janela e vi que já estava escuro.
— Que horas são?
— São sete e meia. Por que? — disse Stef, confusa.
— Estou atrasada! Preciso ir trabalhar.
— Ei! Pode parar! — ela me impediu de levantar — Você vai ficar aqui, e vai melhorar!
— Melhorar? Eu já estou bem. Foi só uma queda de pressão.
"Pare de mentir para si mesma" essa voz ecoou novamente em minha cabeça.
Nesse momento, a enfermeira, Rosa, foi chamada por uma funcionária, parecia que alguém tinha se machucado, mas não sei muito bem o que aconteceu. Ela nos disse:
— Queridas, preciso de ir atender uma aluna, está bem? Não aprontem nada e sem gritaria!
E então, saiu pela porta. Após alguns segundos, Lúcia respirou fundo e me disse:
— Ágatha, eu não sei o que está acontecendo com você, mas você sabe, não sabe?
Agora não havia mais ninguém na enfermaria, e eu estou cansada de guardar tudo para mim.
— Eu vejo coisas que mais ninguém vê. — finalmente admiti, elas estavam confusas e levemente assustadas com minha resposta — Começou algumas semanas atrás, mas foi apenas uma vez, agora, só hoje já tive dois pesadelos à luz do dia. Uma mulher me assombra, fiquei presa em um tornado de correntes, não consigo correr, não consigo fugir.
— Minha nossa... — murmurou Lúcia — eu sinto muito, eu te prometo que vamos dar um jeito nisso e...
— Amanhã. — Stef a interrompeu — Amanhã descobriremos o que aconteceu. Hoje, trate de descansar. Você deveria ter me contado isso antes, Ágatha. — ela disse, de maneira direta.
Passaram-se alguns minutos, preenchidos pela surpresa de Stef e a satisfação da curiosidade de Lúcia, e então, a enfermeira retorna ao lugar, trazendo com si um aluno que estava mancando.
Depois de atendê-lo, Rosa decidiu fazer uma checagem final em mim, para saber se poderia me liberar. E eu estava bem, ela não conseguiu encontrar um motivo para o desmaio, então apenas me mandou me alimentar melhor e dormir mais.
Lúcia nos acompanhou até o nosso quarto, ela estava muito preocupada comigo, mas eu a avisei que não havia motivo de preocupação, afinal, isso tudo estava acontecendo em minha cabeça.
— Ei — ela encostou em meu ombro, quando eu havia acabado de passar pela porta — Se cuida, está bem?
Eu subitamente me virei, e a envolvi em um grande abraço. Como eu gosto dos abraços de Lúcia, são tão bons, tão quentes e tão aconchegantes. É como se nada de ruim pudesse acontecer enquanto eu estivesse envolvida por seus braços.
Lentamente, nos separamos, ela acenou para mim e disse:
— Para qualquer coisa que precisar, estarei logo ali em meu quarto, não hesite em me chamar.
O quarto de Lúcia ficava um andar abaixo do nosso, parecia, na verdade, que o quarto dela ficava exatamente abaixo desse. Pensando nisso, uma ideia percorreu minha cabeça.
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A Maldição de Ágatha | ⚢
FantasyO quão longe pensamentos podem ir? O quão longe uma maldição pode chegar? Nesta situação, como Ágatha irá escapar? Ágatha é uma adolescente relativamente normal, bem, ao menos costumava ser. Apesar de existirem milhares de lendas sobre seus olhos (u...