Os fantasmas da Serra Gehenna

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Não! Não posso fazer isso!

O que eu tenho na cabeça? Tenho tantas pessoas importantes que me fazem amar viver! Bem, não tantas, mas as que tenho bastam!

Me afastei da janela o mais rápido que pude, em prol de chegar em minha cama e tentar dormir o mais rápido possível, ignorando os pesadelos.

Fui interrompida por uma luz azul fortíssima. Tal luz que eu sempre vou reconhecer: a que emanava da mulher fantasma.

— Olhe o que está fazendo comigo! Você não tem um pingo de empatia? — eu disse entre as lágrimas.

— É necessário. — sua voz não estava tão áspera agora, na verdade, estava quase agradável de se ouvir e carregada de pena, era como se ela estivesse se tornando, aos poucos, mais humana...

Então digeri sua fala, e toda a minha atenção se voltou a ela. "É necessário.", mas que estupidez! O que ela ganharia com meu sofrimento?

Se bem que ela nem existe. Estou literalmente ficando brava com uma pessoa que só existe em minha cabeça, a única pessoa estúpida aqui sou eu.

Ela me seguiu até meu quarto, e quando eu estava deitada em minha cama, ela sentou-se ao meu lado, e acariciou meus cabelos, ação na qual me fez arrepiar por inteiro, pois eu não sentia suas mãos, apenas um ar extremamente frio em seu formato, passando por mim.

— Vai embora.

— Eu sinto muito, realmente sinto, mas é o único jeito. — ela lamentava, enquanto sua voz estava cada vez mais doce...

Eu ia falar algo, ia contestá-la, ia fazer alguma coisa... para ver se consigo tirá-la de minha cabeça, se conseguia fazer com que as visões acabassem, mas uma outra voz preencheu o silêncio: a voz de Stef.

— Ágatha, apaga a luz. — ela dizia entre os bocejos.
Então, a fantasma sumiu, levando com si a luz que emanava. Finalmente poderia dormir!

Então meus olhos se abriram abruptamente, em estado de choque.

Stef tinha visto a luz.

Seja lá o que essa mulher for, ela não está só em minha cabeça.

— Obrigada... — ela murmurou, com a voz mais sonolenta que já escutei.

Em estado de alerta, com meus ouvidos tentando captar qualquer som, ouvi um lamento vindo do corredor.

— Estou conseguindo o que quero, por que não estou feliz?

Consegui ver o reflexo azul passando por debaixo da porta, os lamentos vinham, com certeza absoluta, da fantasma.

De repente, ouvi um estalo de dedos, e minha visão escureceu por completo, e minha consciência se esvaia aos poucos quando ouvi mais um murmúrio:

— Pobre menina...

E desmaiei.

Quando acordei, estava mais descansada do que nunca. Então juntei as informações em minha cabeça e percebi algo.

Como assim a fantasma me ajudou?

Bom, não acho que isso possa ser considerado uma ajuda, mas ela me livrou dos horrendos pesadelos por uma noite, certo?

Eu preciso de contar isso para Calipso, agora! Comecei a trocar de roupa o mais rápido possível, e Stef, que já estava acordada, passando perfume, estranhou aquilo.

— Dormiu bem?

— Pior que sim!

— Ei, por que você está com tanta pressa? Hoje é sábado, esqueceu de novo?

A Maldição de Ágatha | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora