As perguntas rodeavam minha mente, quem foi, e por quê?
Talvez alguém me odiasse. Mas por que esse alguém seria tão cruel ao ponto de me amaldiçoar? Talvez fosse alguma colega idiota que quizesse zoar com minha cara. Todavia, como essa pessoa saberia tal magia antiga?
Me espantei com meus próprios pensamentos. Há alguns meses atrás eu acharia que isso tudo é loucura, e hoje, estou aqui torturando meu cérebro para adivinhar quem sabe causar alucinações com um livrinho.
Eu fiquei com tanta raiva pois não conseguia responder a essas perguntas. Até cheguei a pedir ajuda para Stef e Lúcia, mas nada adiantou muito. Obviamente, elas não sabem mais da minha vida do que eu.
Passaram-se semanas, e nada. Absolutamente nenhuma hipótese específica surgiu em minha mente, mas as alucinações continuavam a me atacar todos os dias. Cada vez piores. A vida ficava cada vez mais difícil de ser vivida. Eu tentava evitá-las a todo custo, afinal, havia conseguido uma vez, por que não conseguiria de novo?
Primeiramente, eu me lembro, ou pelo menos tento me lembrar, que nada disso é real, que, apesar de apavorante, está tudo dentro de minha cabeça. Segundamente, tento desviar minhas emoções. Percebi que as visões realmente se aproveitam de um momento onde eu esteja vulnerável para me atacar. Uma ansiedade sequer já causa um estrago. Uma crise de raiva ou de tristeza, causa o triplo disso.
Lúcia se esforça muito para me ajudar nisso, ela agora tenta passar todo o tempo que pode comigo. Estamos passeando muito juntas, principalmente no jardim abandonado, onde ninguém pode ver o que fazemos, e ninguém pode julgar.
Esse era nosso refúgio. Nos dias incomuns onde o sol resolvia aparecer, sempre íamos nadar no lago. Ela adora me segurar no colo e brincar com meu cabelo, enquanto recita as coisas mais doces que ninguém além dela poderia recitar. Eu a agarrava e derrubava na água, e ela, ao fingir precisar de ajuda, me puxava com força, me derrubando também.
Passamos a trocar mais cartas do que nunca, afinal, as suas colegas de quarto não poderiam ligar menos para elas. Bem, era o que eu pensava, e que pensamento inconsequente eu tive...
Minha queridíssima Lúcia
Só queria relatar como sinto saudade de dormir em seus braços, me acalmava tanto e me fazia esquecer até mesmo de meus piores pesadelos.
Infelizmente não podemos mais fazer isso, mas eu anseio pelo dia em que te terei integralmente de novo!
Enfim, após toda essa enrolação, só quero te desejar uma boa noite e bons sonhos, pois eu sei que não vou tê-los.
Com carinho
ÁgathaPor que eu tive a brilhante ideia de assinar essas cartas tão irrelevantes?
Enfim, eu vi a carta sendo puxada para baixo, e fiquei contente, esperando uma resposta. Mas essa resposta nunca chegou. Então, ouvi uma discussão, vindo exatamente do quarto de Lúcia.
— Que barulheira é essa? — Stef exclamou, indignada.
— Vem comigo, Stef.
Descemos as escadas freneticamente, e sem bater, escancarei a porta do quarto de Lúcia, que estava destrancada.
— Além de mulata é sapatona? — Lauren disse, sacudindo a carta que eu acabara de escrever, enquanto Lúcia tinha fúria nos olhos.
Eu nem conseguia falar. Eu estava desesperada.
— O que está acontecendo aqui? — Estefane se escandalizou ao ouvir tamanhas ofensas à amiga.
— O que está acontecendo, Stefane, é que essas duas garotas aí, não passam de doentes mentais. Me enoja saber que dormi no mesmo quarto que ela por tanto tempo.
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A Maldição de Ágatha | ⚢
FantasyO quão longe pensamentos podem ir? O quão longe uma maldição pode chegar? Nesta situação, como Ágatha irá escapar? Ágatha é uma adolescente relativamente normal, bem, ao menos costumava ser. Apesar de existirem milhares de lendas sobre seus olhos (u...