Prossigo

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Lá estava eu, na beira do lago banhado por uma singela cachoeira, que fora abandonado a tantos anos. E quem o vira, não o reconheceria mais, pois agora ele está inteiro verde, lotado de algas que crescem ao longo dos anos.

Bem, pelo menos o ambiente está, em geral, muito melhor do que quando o encontramos. Agora as estátuas estão limpas, a ponte foi consertada e os bancos de pedra não correm mais o risco de desabar quando alguém senta neles, tudo isso graças á nós.

Com as costas apoiadas em uma pedra, eu faço cafuné em Lúcia, que está deitada entre minhas pernas, agarrando minha cintura e quase adormecendo.
Como eu amo essa menina.

Bem, esse era o jeito dela de me acolher. Agora já faziam sete dias desde que Calipso me contou sobre os fantasmas, e até agora, nenhuma resposta.

— Você acha que ela possuiu alguém para fazer aquele livro e tudo mais?

— Não sei, Lúcia...

— Porque eu odiaria ser possuída... muito menos para fazer algo assim com você!

— Fique tranquila, tenho certeza que ela não fez isso com você.

— Como você sabe?

— O livro é muito antigo. Está todo imundo, você viu. Tem no mínimo mais de cinquenta anos. Com certeza não foi você com sua caneta esferográfica que fez isso. — eu disse, rindo.

— Talvez foi a própria fantasma, quando estava viva. Já pensou nisso?

— Na minha opinião, é a hipótese mais plausível. Pelo que Calipso me contou, ela precisa de descansar por muito tempo após possuir alguém. E de qualquer forma, sei que a maldição é mais velha que eu. E com certeza, ela nem foi feita para mim, diretamente.

— Foi sim, Ágatha. — agora seu tom era sério, ela apoiou-se em seus braços e levantou seu tronco, de modo com que seus olhos ficassem alinhados com os meus.

— Como assim? Claro que não. Eu nem era nascida na época que essa desgraça foi escrita. Não é possível que ela foi destinada a mim. Caiu em minhas mãos por pura coincidência, ou pior, para eu virar entretenimento.

— Então por que nem eu nem Stef fomos amaldiçoadas? Nós olhamos o livro também, assim como você.

Ela tinha razão. Não faz sentido.

Tantas perguntas...

E nenhuma resposta.

Se bem que nada faz mais sentido. É uma idiotice, e uma perda de tempo, eu continuar procurando um significado nisso tudo. Eu só preciso saber como me livrar disso e seguir em frente, a vida é muito mais que a maldição.

— Está bem, mas podemos pensar nisso depois? Eu quero adorar você agora!

Suas bochechas ficaram escarlates, e ela abriu um sorriso tímido, porém enorme.

— Sou a pessoa mais sortuda do mundo por ter você, e sabe de uma coisa? Você é minha, só minha, e sempre será, assim como eu sempre serei sua... — ela me respondeu, e logo me beijou, agarrando meu pescoço com força e me fazendo mais apaixonada do que nunca.

Será que ela faz a mínima ideia do efeito que causa em mim? Da euforia extrema e as borboletas em minha barriga? Puxei seu rosto para mais perto ainda do meu, tentando ficar o mais próxima possível dela.
E apesar de estarmos grudadas, nem isso parece ser perto o suficiente... se pudesse, eu estaria dentro de sua pele.

Então ela repentinamente parou, o que me fez entristecer profundamente, minhas mãos continuaram estendidas onde antes estava seu rosto. Logo, ela olhou em meus olhos.

A Maldição de Ágatha | ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora