A Lúcia era minha confidente, a minha vontade de viver, meu amor. Eu era dela.
Acabei criando um vínculo tão grande, que acabou se tornando uma dependência. Ela era como se fosse uma droga na qual eu estava viciada.
Se apenas eu pudesse mudar o passado, puxa, eu desperdicei tanto tempo! Tempo em que poderia ter aproveitado para amá-la. E o que mais me machuca, é que não pude nem ao menos demonstrar meus sentimentos por minha amada na maioria das vezes que a via. Gostaria de poder simplesmente assumir para todos que eu a amo.
Mas não há mais como fazer isso.
Se eu não morrer, preciso aceitar que nunca mais terei Lúcia.
E agora só me restava o vazio.
Não estava triste, nem depressiva, muito menos com raiva. Eu não sentia absolutamente nada, e isso era ainda pior que minha situação anterior.
Lá estava eu. Tendo que resistir a vontades imensas de simplesmente desaparecer, e nunca mais voltar.
Tudo o que estava ruim, piorou no exato momento em que Lúcia se foi. Só ontem, presenciei várias visões, uma pior do que a outra.
Era inacreditável o quanto me corroeu vê-la desaparecendo no horizonte, com uma de suas mãos repousada no vidro da janela do veículo.
Nunca tive pesadelos tão ruins quanto os que tive essa noite, eles eram diferentes. Eles doíam. Cheguei ao ponto de acordar mais de dez vezes, gritando de tanta agonia.
Agora fazem meses que meu sono está desregulado, isso faz minha cabeça pulsar de dor constantemente, não aguento mais isso.Eu não vou mais tolerar.
Minha vontade de viver se esvaiu totalmente de mim. Nem ao menos queria me dar ao trabalho de investigar a maldição, eu já não tinha mais esperanças.
E eu estava, novamente na beirada da mesma janela, assistindo à tempestade de raios, resistindo à minha imensa vontade de pular.
Fixei meus olhos, mais vazios e sem vida que nunca, no horizonte. A vista era tão bonita. O belo jardim, Vila de Pombas ao longe, as torres do castelo...
A torre leste...
— O que você está fazendo? — pergunta a voz de Stef, com raiva, atrás de mim.
— Não é nada... — resmunguei.
— É bom você não estar pensando no que eu suponho! Você não pode depender assim de alguém...
— Não é só isso... e você sabe! Você sabe a desgraça que virou a minha vida depois dessa maldição!
— Mas você não pode fazer isso. Use a cabeça, você vai estar deixando ela ganhar, e...
— Nem ligo mais para quem ganhar ou coisa do tipo. Só quero paz! Apenas! Isso é pedir demais?
— Sei que deve se sentir insignificante, mas você não é. Então antes de cometer uma
loucura dessas, me escute!Eu devia estar mesmo miserável para que ela percebesse minhas intenções tão rápido assim.
— Com a sua chegada percebi o quão vazias e fúteis eram as pessoas ao meu redor, e eu larguei todas elas, pois decidi que seria leal a você. Doeu muito, entende? Mas era o certo a se fazer, não poderia aceitar como amigas quem desgosta de alguém pela aparência e julga tudo e todos. O que estou tentando dizer... é que cada pessoa tem um propósito, e mesmo sem perceber, fazemos diferença na vida das pessoas. E chegou a minha vez de fazer uma diferença na sua. — Stef continuou — Então, por favor, não se abandone assim. Você é a minha melhor amiga, e eu te amo.
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A Maldição de Ágatha | ⚢
FantasyO quão longe pensamentos podem ir? O quão longe uma maldição pode chegar? Nesta situação, como Ágatha irá escapar? Ágatha é uma adolescente relativamente normal, bem, ao menos costumava ser. Apesar de existirem milhares de lendas sobre seus olhos (u...