- O que vocês estavam fazendo? — Antônio berrava, respirando enfurecidamente — Suas pecadoras imundas! Devia saber que vocês não passam disso!
Eu tremia de medo. Acabei de desmoronar minha vida em menos de cinco minutos.
— Não é o que você está pensando! — gritei de volta, mas antes que pudesse pensar em uma desculpa, fui interrompida por ele, que por sua vez se aproximava cada vez mais de mim.
— Não é, Ágatha? Melhor você explicar isso para sua diretora, pois você será expulsa! Aproveite e também explique para os médicos do hospício, sua nova casa! E eu ligarei para eles agora!
Fiquei sem reação. Antônio continuava gritando comigo, cada vez mais perto de mim. Queria poder fugir desse momento, queria poder manipular minha própria vida. Morrendo de dor de cabeça, envolvi meus braços fortemente em meu crânio, tentando evitar isso.
— Ágatha? Está tudo bem? — eu ouvia uma voz embaçada e distante dizer para mim.
Mas os gritos não cessavam. Apertei minha cabeça com mais força.
— Você acha que pode sair beijando minha noiva sem consequências? Levante sua cabeça, vagabunda!
Eu levantei. De repente, um silêncio se estabeleceu no quarto. O Antônio não estava ali mais, nem Lúcia, e sim a mulher de meus pesadelos, de novo.
— De novo não! — berrei. — Me deixe em paz!
— Você ainda tem esperanças, menina? — a sua voz áspera e insuportável dizia para mim — Isso nunca vai acontecer. Nunca... Vou lhe assombrar para sempre, não importa o que você faça, o quanto você suplique...
— Por que você está fazendo isso comigo? — enfrentei.
— Você está fazendo perguntas demais.
Ela abriu um sorriso perturbador. E andou para ainda mais perto de mim. Então, estalou seus dedos.Minha visão parou de funcionar novamente, o desespero me envolveu.
— O que aconteceu com ela? — ouvi outra voz embaçada.
E então, minha consciência desapareceu de vez.
Desesperada, acordei horas depois, na cama de Lúcia.
"Não aguento mais isso. Não quero mais viver assim." eu repetia para mim mesma. "Se ao menos houvesse alguma forma de fazer isso parar..." uma voz dizia. "Não há! Ela te avisou, vai te assombrar para sempre." outra respondia.
Decidi apenas desligar esses pensamentos agora (ou ao menos tentar) e focar em outra coisa. Eu estava com fome, e senti cheiro de comida vindo do andar debaixo, logo, desci as escadas.
Chegando nos últimos degraus, eu ouvi a voz de Antônio e logo estremeci. Ele ainda está aqui.
— Senhor, muito obrigado por nosso alimento, por todas as bênçãos que o senhor nos concedeu.
Me escondi, ao lado do arco que dá para a sala de jantar, visando ouvir o que ele diria agora...
— Que todos possamos seguir nossa vida do jeito que o senhor traçou, que meu casamento seja forte e abençoado, que ninguém se renda aos falsos prazeres mundanos... Faça com que continuemos tudo que é natural e saudável, e nos livre do pecado. Amém.
— Amém. — um coro de vozes repetiu.
— Agora, se me dão licença, preciso de ir ao banheiro. — ele disse, de bom humor.
Me escondi na sala, para ele não me ver. O rádio estava ligado. Droga. Novamente estava tocando "Eu e meu coração", logo uma reprise desses momentos se passou em minha cabeça...
Só sei de uma coisa. Esse foi de longe o melhor momento de minha vida. Pouco importa o que aconteceu depois, pois todo momento que estive aos braços de Lúcia são eternos. Não ligo mais para o que vão dizer, se tudo isso estiver errado, não quero estar certa, jamais.
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A Maldição de Ágatha | ⚢
FantasyO quão longe pensamentos podem ir? O quão longe uma maldição pode chegar? Nesta situação, como Ágatha irá escapar? Ágatha é uma adolescente relativamente normal, bem, ao menos costumava ser. Apesar de existirem milhares de lendas sobre seus olhos (u...