TWD - Sobrevivência(em pausa)

VII- Gorro vermelho

Não pude evitar que o pior acontecesse. Esse era o meu ciclo, minha maldição.

Quando saí daquele carro junto de Jake, pensei que poderíamos ter uma chance, só precisava que desse certo essa vez.

O carro ficou preso entre os walkers e lá dentro ficaram Victor e Lily... Meu Deus, a culpa é minha, eles estão mortos agora... Estávamos tão perto da floresta... Tão perto de sair dali.

Eu não entendo, porquê? Tínhamos o plano de sair dali e procurar minha família, só precisaria de mais um dia para conversar com Lily e convencê-la.

Aquela mulher misteriosa... não sei se estava escutando bem, mas ela disse que tinha pessoas se escondendo entre os walkers. Caramba, nem imagino o que aconteceria de encontrasse com eles.

- Natalie?

- Hm?

- É melhor sairmos daqui, falta pouco para o amanhecer e aqueles walkers não vão ficar na casa de Lily pra sempre...

- Eu sei, só me deixa pensar.

- Você sabe que não tem como voltar no passado, Natalie... O que aconteceu não é sua culpa.

É claro que era minha culpa.

Meu irmão, estava morto, ele era só um bebê. Nem teve tempo de viver. Não pode crescer e ter uma infância como eu tive, um infância cheia de alegria, ele nem teve uma chance.

Não aguentava mais, gritei de raiva por tudo o que tinha acontecido desde o início deste apocalipse.

- É tudo minha culpa... Coisas ruins sempre acontecem com pessoas ao meu redor. E não adianta fazer discurso, Jake. E-eu nunca vou me perdoar por isso.

O garoto me encarou, talvez estivesse com pena de mim?

- Não quero que você se torture com isso, Natalie... porque eu me importo com você.

Nesse momento eu só conseguia chorar. Me senti tão fraca a ponto de querer desistir de tudo, novamente.

- Eu quero minha família de volta, Jake. Quero poder abraçar meu pai mais uma vez, quero segurar Victor no colo... Quero conversar com Carl até dormir, quero zoar com Verônica e Glenn... Eu quero todos de volta... Não quero mais perder pessoas.

Eu estava agarrada a Jake, chorando como uma criança grande.

- Eu sei, eu sei. Mas olhe pra mim...- ele segura meu rosto, inclinando para si- Sua família é cheia de lutadores. E você é igual eles, entendo que esteja cansada e eu também estou. Porém, eu quero o melhor para nós dois nesse instante. Por isso temos que sair daqui, Natalie. Nós podemos atravessar o país se quiser, passar pelo litoral mas nós vamos encontrá-los.

Encarei seus olhos, não eram olhos enganadores, eram olhos puros e inocentes. Jake não era um lutador, ele sempre usava as palavras e conseguia se expressar muito bem, a violência não era sua resposta para tudo e confesso que tenho um pouco de inveja disso.

- Você aceita?- pergunta, estendendo a mão direita.

Enxugo as lágrimas e seguro em sua mão. Agora eu só tinha ele e ele me tinha. Me aproximo mais um pouco, e assim, mais uma vez, caminhamos juntos sem um destino certo.

* * *

Andamos por quilômetros. Não havia uma alma viva. Encontramos alguns velhos trilhos de trem e mutuamente escolhemos seguir por esse caminho.

- Natalie. Tem algo escrito ali.

Corremos até a placa.