Meu Meio Irmão

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  Me chamo Devon, sou um garoto de pele parda, cabelos castanhos ondulados e olhos escuros meio esticadinhos nos cantos, tenho 17 anos e moro com meu pai e meio irmão, de 23 anos, numa cidade pequena, calorenta e próxima do litoral. Vivemos aqui desde que me entendo por gente, antes mesmo da minha mãe partir.
  Mais uma noite se aproximava, pintando o céu de preto por cima do horizonte alaranjado do Sol se pondo, com nuvens esparsas acompanhadas de uma leve brisa fresca.
  Como de costume, ligo meu PS4 para jogar um pouco após ter terminado as aulas à distância do meu curso de inglês, buscando uma atividade boba que me proporcione descanso e entretenimento. Encosto as costas nas almofadas negras e macias do sofá, tirando a regata por conta do insistente calor que transforma o cômodo em um verdadeiro forno. Enfim, o console liga e posso finalmente escolher o jogo.

- Filho, estou indo até o mercado fazer a despesa do mês. Vem comigo? - Pergunta surgindo de repente de trás da parede bege que separa a sala da cozinha.

- Pode ir, pai. Irei ficar por aqui. Estou morrendo de preguiça.

- Certo, vou demorar um pouco pois passarei também na loja de resistências e ferramentas. A porcaria do chuveiro está esquentando muito, outra vez!

- Sem pressa, ficarei por aqui. Depois te ajudo, se precisar.

- Tudo bem, avise seu irmão Rodrick.

  Aceno com a cabeça sem dar mais muita atenção ao homem de meia idade destrancando a porta por onde sai em busca da solução para o chuveiro. Crio um novo mundo no modo sobrevivência do Minecraft, buscando os primeiros blocos de madeira enquanto a musiquinha de fundo conforta meus ouvidos, quase que hipnotizando.
  Alguns minutos depois, não muito tempo, tenho meu foco roubado pelo som de porta batendo com força lá no corredor, seguido de passos pesados que aumentam à medida que se aproximam de mim.
  Do mesmo lugar de onde meu pai havia aparecido, agora surge Rodrick com cara de irritado, pingando como um rato molhado envolto por uma toalha branca na cintura, olhando sem paciência para mim.

- Que? - Arqueio a sobrancelha.

- "Que?" Porra, como assim? Tu sabia que o chuveiro estava quebrado?

- Humf... Tinha me esquecido, mas sim, sabia.

- Por que não me disse nada? - Resmunga, cerrando o punho.

- Para, vai. Não foi nada demais, e também já falei que esqueci, cacete! - Deixo o controle de lado.

  Viro o rosto para ele novamente, vendo o rapaz de corpo definido inteiro tatuado, desde os braços e abdômen até o pescoço e umas tribais que parecem ir além do que a toalha esconde. Rodrick passa a mão pelo moicano molhado, em seguida pelos lábios por cima do piercing no canto de sua boca respirando fundo, com raiva.

- Você me paga, pirralho! - Se vira após me dar uma encarada ameaçadora com sua íris verde.

- Não fode... - Resmungo, voltando a atenção para a TV no painel.

  Meu irmão para exatamente onde estava, se pondo de frente pra mim com o olhar semi cerrado e meio boquiaberto. Em passadas lentas e ombros largos vem chegando mais perto, estalando os dedos de suas fortes mãos.

- Não fode?

  Engulo seco, ele ouviu minha resposta mesmo que baixinha, como um maldito predador de audição apurada para caça.

- Vou te dar motivos pra dizer isso!

  Rodrick arranca o controle da minha mão antes mesmo de eu tentar impedir, me empurrando em seguida sobre o sofá e subindo por cima de mim apenas de toalha, pingando gotas mornas do banho no meu corpo de pele quente.

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