Policial Me Revistou Por Dentro

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   Através do vidro fumê do camburão era possível ver o borrão de árvores castigadas pelo impiedoso inverno, sem folhas elas se mantinham de pé por extensos quilômetros de neve.
  O céu se mantinha nublado, com flocos caindo lentamente enquanto estalactites afiados de gelo se penduravam por entre os galhos retorcidos e congelados.
  Cresci na favela, me chamo Marles, tenho 22 anos e hoje é o dia em que, após ser sentenciado a alguns anos de prisão por tráfico de drogas, sigo até a penitenciária de segurança média Misborn.
  De onde já havia sido liberto através de fiança poucos meses atrás.
  As algemas prendiam meus pulsos colados um no outro, assim como os calcanhares acorrentados por uma corrente ligada na pesada bola de metal que se arrastava comigo para onde quer que eu fosse.
  Mas o pior ainda estava por vir, ao chegar no familiar calabouço passando pelos estridentes portões enferrujados, com arames farpados tortos e amassados percorrendo o topo dos muros, a paisagem interna se resumia em serviço recreativo no meio das dunas de neve, torres de vigilância sustentadas por vigas de aço e guardas armados por todos os lados, assombrados pela ventania congelante que assolava sem dó nem piedade.

  "Ao menos aqui dentro permaneço aquecido."

  Após o motorista do veículo de transporte ser reconhecido pela segurança seguimos adiante entrando dentro de um enorme saguão iluminado por fortes luzes brancas, onde estacionamos e com a ajuda de outros três fardados o guarda que antes dirigia agora me levava para fora daquela maldita vã.
  Um sinalizou com a cabeça, outro me pegou pelo colarinho do uniforme laranja e arrastou até a porta mais próxima, dando numa sala vazia de azulejos brancos e ralos enfileirados no chão logo adiante.

- Encosta! - Exigiu autoritário apontando para a parede.

- Esc...

- Agora! - Com um tapa na nuca me calou de imediato.

  Com dificuldade ando até a parede arrastando aquela coisa pesada que prendia meus pés descalços, sentindo o piso gelado esfriar a sola a cada passo.
  De canto de olho ligeiramente espio o policial, de peito estufado e com as mãos postas sobre a cintura, deveria ter por volta de seus 1,90cm de altura no mínimo, forte o bastante para que seu corpo musculoso marcasse cada parte do uniforme que vestia, seus olhos profundos dotados de duas sobrancelhas grossas e sérias me analisavam minuciosamente.
  Com um sinal de cabeça exigiu que me virasse para frente, torcendo os lábios para o lado expressando desdém.

  "Forte demais para mim derrubar sem uma arma." - Calculei encostando a testa na parede.

- Sou o novo guarda-chefe dessa penitenciária, Lopez Garcia. Essa é uma revista padrão que solicitei ao saber que você, um ex-detento, estaria de volta nesta manhã, Marles.
 
- Dispenso apresentações. - Murmuro ríspido.

- É bom que saiba com quem está lidando, para que tenha ao menos uma mísera, pequena, e frágil chance de sobreviver aqui dentro, meu rapaz. - Se aproximando do meu ouvido por trás de mim, ele puxava o ar com suas narinas pausando intencionalmente. - Algumas coisas mudaram desde sua última estadia, e vai ter que rebolar conforme a música!

  Numa rasteira bruta e repentina o policial separou minhas duas pernas uma da outra, me posicionando para a revista particular que ele havia solicitado.
  Tudo o que eu menos precisava era de um babaca fardado que implicou com a minha cara.
  Tateando meus ombros ele começou a revistar vagarosamente, passando os dedos nas minhas costas, depois no peito descendo o abdômen, ajoelhando atrás de mim para deslizar por entre minha calça laranja com faixas pretas.
  Ao chegar no calcanhar por algum motivo o policial voltou a subir seu toque, primeiro a panturrilha, em seguida a coxa e depois brevemente os glúteos.

- Tá tirando? - Tento me virar contra o filho da puta mas ele me empurra contra a parede outra vez.

- Sossega! Ou faremos isso do jeito difícil!

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