- Era uma vez Jeremy, um belo garoto de olhos verdes, cabelo loiros cacheados, um fácil sorriso, e blá, blá, blá, e muito chato ficar falando de coisas que eu já sei que sou, só que isso foi a muito tempo atrás, pois no exato momento que conheci Kya...
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" Aquele anjo desconhecido, parecia tão frágil, mas era tão bandido".
Kyara
A todo segundo, as últimas imagens que vivenciei passou pela minha cabeça, junto com as infames palavras.
" Não, não era para ter acontecido assim... "
Até que por fim houve o escuro, e mentalmente agradeci, sério, já estava começando a ficar tedioso.
Em determinado momento, no entanto, acabei ouvindo vozes que não eram minhas, mas que também não eram tão estranhas assim.
- As investigações sobre ela deram algum resultado ?
- Primeiramente pensamos que os eventos eram isolados, afinal no mesmo dia que a encontramos, também foi noticiado no corpo de bombeiros, um incêndio com uma vítima fatal.
- Minha nossa !
- Mas graças às nossas investigações, encontramos um mercado pequeno, que o dono disse, que muito raramente, ela aparecia por lá junto com a irmã e a mãe, mas fora isso e como se nunca tivessem existido.
- Será que são estrangeiros ?
- Esses detalhes ainda não sabemos, mas tendo em vista que eram duas irmãs, uma mãe, e sem sinal do pai, e ela aparenta ter a idade dos nossos filhos.
- Ela pode ir para o orfanato.
- Sim.
- Existe algum sinal da irmã ?
- Até o momento não, já que no incêndio houve apenas uma vítima, que pela ossada pode ser da mãe.
- Como a vida foi cruel com ela.
- Sim querida.
- Existe alguma pista se o incêndio foi ou não de propósito ?
- De acordo com a polícia humana foi acidental, mas ainda estamos investigando a respeito.
Então a minha casa pegou fogo, queria poder rir e tripudiar em cima das cinzas, eu odiava aquele lugar, mas aparentemente ainda não posso me dar a esse luxo, pensei enquanto a conversa continuava.
- Isso me lembra quando encontrei nossos filhos, eles também estavam assim, sem ninguém na vida.
- Talvez ela possa nos dizer mais quando acordar.
- Vamos torcer para que sim.
O escuro me tomou de novo, e a conversa foi ficando cada vez mais distante, mais parecendo um sonho.
Dessa vez quando recobrei totalmente a consciência eu estava sozinha, logo os médicos apareceram e começaram a me examinar, e mais tarde veio a polícia.
Mesmo vivendo de forma tão isolada, eu sabia por alto como funcionava esse mundo humano, e sabia que era ali que teria que guardar qualquer mísero detalhe para mim, então eu simplesmente menti, e fiz todos acreditarem que a culpada era a minha doce irmã, pois já que estava morta mesmo, que servisse para algo, que seria tirar esses humanos chatos da minha cola.
E quando dei por mim eu estava realmente sozinha, bem, não tão sozinha, porque ainda me lembrava daquele garoto que parecia um anjo, esse sim merecia estar ao meu lado.
Soube um dia depois de ter acordado, que havia ficado inconsciente por quase uma semana, o que era uma merda, afinal não sabia onde poderia ter deixado aquele adorável grimório durante o meu surto, e a essa altura era bem capaz de outro ter encontrado ele, mas tudo bem, afinal ainda havia milhares de outros a serem estudados naquela biblioteca fantástica, e eu tinha o medalhão das almas e poder de sobra agora graças a Amaris, então tudo estava bem.
Ainda não sei como ela conseguiu esse medalhão, e sinceramente pouco me importa, afinal ela mereceu estar apodrecendo no inferno por não ter o usado com sabedoria.
Sorri contente só de relembrar meus feitos, afinal era muito melhor agora do que como eu estava, agora eu só preciso saber o que faria com tanto tempo livre, e como encontraria aquele garoto.
Fiquei naquele hospital por mais três dias, porque os humanos diziam que eu devia ficar em observação, então apenas deixei a situação seguir, afinal não tinha mais nada interessante para fazer mesmo, no entanto, no começo do terceiro dia, acabei tendo uma surpresa um tanto quanto inesperada.
O casal que havia me encontrado queria me adotar, no princípio achei uma ideia ridícula, mas logo me lembrei que eram eles que estavam com o garoto, então eles podiam muito bem o conhecer.
Com esse pensamento em mente acabei cedendo, o que os deixou bem animados o suficiente para ganhar um vestido na cor vinho, confesso que aquela cor não era muito bem a minha praia, pois preferia algo mais como um vermelho ou preto, mas me deixei levar, afinal já era muito mais do que eu teria ganhado com Amaris, então o peguei sem reclamar, e depois tomei um banho naquele chuveiro que foi uma maravilha, já que não tínhamos um desse em casa, e depois que acabei, fiquei com uma nostalgia estranha a respeito do que estava por vir, mas não era nada que me impedisse de seguir em frente, então logo estava seguindo para o meu possível novo lar.
Não foi uma viagem muito longa, e acabei me surpreendendo com o tamanho da casa, embora não muito com o resto, pois parecia tudo muito vivo demais, talvez por conta do meu humor, não sei, mas continuei seguindo o roteiro, agindo como a pobre garota desamparada, e entrei na casa.
O casal estava animado falando sobre aulas, quarto, e o que mais precisava fazer para me ver adaptada, como pouco me importava, apenas acenei enquanto eles falavam.
Quando chegaram na parte da escola, tive que escutar um pouco mais, pois por causa de Amaris, não havíamos saído muito de casa, quem dirá ir a escola, ela devia ter nos ensinado no máximo o básico, mas isso também não era um problema, afinal eu aprendia rápido.
Já estava me chateando com eles sondando a minha vida, que sinceramente já estava passando pela minha cabeça desistir do plano, mas acabei não fazendo, porque logo chegou uma garota loira vestindo algo parecido com o uniforme de algum lugar, e por curtos segundos ela nos olhou de forma surpresa antes de se pronunciar.
- Boa tarde pessoal.
- Nossa ! O tempo passou rápido, querida, nem deu tempo de preparar algo para comermos.
- Tudo bem mãe, deu para ver que estava ocupada, pode deixar que eu cuido disso.
- Claro, e Jeremy onde está ?
- Já deve estar chegando.
Antes que ela pudesse ir à cozinha, a porta se abriu de novo, e lá estava ele, o meu anjo, quase sorri, mas parei no ato quando vi que ele estava acompanhando, mas que merda.
Acabei perdendo o foco da conversa quando vi aquela garota, mas ouvi bem quando falaram "namorada" e "encontro", então ele era comprometido, bom saber, mas não era nada que eu não pudesse dar um jeito, afinal entre eu e ela eu era muito melhor.
