33 - Do Meu Passado Para O Seu Presente 🌙

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" As histórias que me lembro, pouco a pouco vou revivendo"

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" As histórias que me lembro, pouco a pouco vou revivendo".

Melody

Demorou um pouco para levar o anjo para dentro, e um pouco de força que  não estava acostumada a fazer, mas consegui, agora ela estava na minha cama, dormia serena, como se tivesse escapado para uma nova realidade, que não tinha os problemas da terra.

Mas foi a observando de perto, que notei que seu corpo possuía alguns hematomas em vários tons de roxo, talvez por enfrentar alguém para chegar até aqui, ou o perigo estava por aqui, mas como não era nada grave, apenas a cobri com minhas cobertas, peguei meu celular e desci, com todo aquele esforço o sono já era, mas tinha fome, então talvez atacar a cozinha não fosse uma má pedida para essa hora.

Só quando estou refazendo meus passos em direção a cozinha, e que me lembro que as asas de Jeremy eram diferentes, eram escuras enquanto as dela eram claras, será que era diferença de algum cargo no céu ? Ou era por que Jeremy era alguma espécie de anjo caído?

Não sei, mas não dá para dizer que desgosto menos de alguma, era tão incrível esse mundo sobrenatural ao qual eu estava conhecendo.

Na cozinha faço um sanduíche rápido, e quando estou terminando, vejo que está amanhecendo, céus! Eu acabei passando a noite em claro.

Suspiro cansada, e com o meu lanche em mãos, volto para a sala e me sento ao lado de vovó, ela vai precisar de apoio quando acordar, depois eu me entendo com o anjo no meu quarto.

...

Já havia finalizado meu lanche a algum tempo, e pensava seriamente em fazer outro, quando finalmente vejo vovó acordar, ela parecia perdida por alguns segundos, mas logo que seus olhos me encontraram, eles se encheram de lágrimas.

— O Melody, por que me deixou dormir ? O enterro… — a abracei antes que ela pudesse terminar e disse.

— Ele ainda não aconteceu vovó, e mais, a senhora estava tão perdida, que não vi por que te acordar, vai precisar de energia para o que está por vir.

— Ah ! Sim, claro — ela se afastou de mim — acho que vou me arrumar.

Respirei fundo e fui para o meu quarto também, a anja ainda dormia, então peguei minhas coisas em silêncio e me afastei, acho que precisava de outro banho, mas antes que pudesse entrar no banheiro, me dá uma súbita vontade de ouvir meu pai, que quando vejo já estou ligando para ele.

Richard atende no segundo toque.

— Oi Melody — ele falou tão sereno, que deu um aperto no meu coração.

— Oi pai, e sobre o vovô — falei incerta, sem que eu veja, todas as dúvidas e incertezas que tinha sobre ele também vem, mas logo se vão com a resposta que ele dá.

— Eu sei, sua avó me ligou mais cedo, já estou na estrada, logo eu chego, está bem ? Vai ficar tudo bem Melody — quando vejo, minhas lágrimas já estão banhando minha face, não havia percebido essa necessidade até ele falar, e confesso que foi bom não ser forte como sempre.

— Vai ficar tudo bem — ele continuou repetindo por um longo tempo, até que teve que desligar porque estava na estrada, então tive que voltar a mim, e lembrar de seguir em frente.

O dia passou tão lento quanto eu imaginava, encontrei meu pai no velório, não dissemos nada, não precisou, apenas nos abraçamos, e ficamos em silêncio ouvindo o padre falar.

Quando chegou a hora de falarmos algo, vovó não conseguiu, como suspeitava, ela estava muito abalada, mas também como não estaria, foi um companheiro de toda uma vida que foi morto, a sua metade. Então Richard assumiu o lugar dela, e falou como ele foi um bom pai, um bom ouvinte, e só consegui pensar nos momentos que vivi com ele.

Vovô era engraçado, mas quando tinha que ser sério ele era, e até parecia que estava encarando meu pai em uma versão mais velha, mas o mais lindo sobre ele, era observar o amor dele por minha avó, parecia tão puro, que às vezes me pegava pensando se algum dia iria viver algo assim, e quando penso, sinto falta de Jeremy, talvez não fosse tão ruim assim ter ligado para ele, mas logo balanço a cabeça, porque céus isso não era hora de agir como uma boba apaixonada.

Quando Richard termina de falar, sinto vontade de pôr tudo para fora o que acabei de pensar, então faço, pode não ser muito em comparação a toda uma vida que se perdeu, mas pelo menos arranco uma risada de minha avó, que foi bem na parte, sobre como o quanto ele se parecia com meu pai, quando ficava bravo, e isso é mais que o suficiente.

Quando enfim voltamos para casa, o silêncio havia reinado novamente, cada um em seu próprio mundo, e só consigo pensar, se a anja ainda vai estar no meu quarto? E se estiver ? Como é que eu vou contar isso para a minha família ? Meu senhor, isso vai ser uma dor de cabeça.

Assim que o carro para, vou o mais discreto possível na frente deles, mas quando Richard e vovó param na sala, eu quase tropeço correndo para o meu quarto, mas quando chego lá, ela não estava em parte alguma, merda, ela não pode ter sumido sem dar as minhas respostas.

Mais rápido ainda volto à sala, e esqueço de ser discreta, tanto que meu pai me olha com um olhar de interrogação.

— Está tudo bem, Melody?

— Sim — falo rápido.

— Bom, estava aqui dizendo a sua avó, que finalmente vou conseguir me mudar para cá, em duas semanas mais ou menos, e só o prazo do meu contrato acabar.

— Que bom — falei sem interesse algum.

— O que foi ? Pensou que eu te deixaria aqui sozinha Melody ? Só veio primeiro porque foi expulsa da outra escola.

— Não é como se eu estivesse com saudades das nossas discussões — falei de forma seca.

— Também não sinto Melody, mas sou seu pai, e eu te amo, isso é o que importa, o resto nós resolvemos como sempre — ele sorriu, e derrepente o chão parecia muito mais interessante.

— Também te amo, mas não pense que vai arrancar mais de mim, você ainda me irrita — falei seca.

— Eu sei Melody, eu sei.

— Bom, agora que tudo se ajeitou, que tal um café — disse vovó — ainda deve ter bolo.

— Aceito mãe, ainda tenho um tempo antes de precisar voltar à estrada.

Vovó sorriu e olhou para mim, sim eu estava com fome, mas antes precisava ver se aquela anja estava por perto, então tudo que disse foi.

— Mais tarde vovó, agora quero tomar um ar.

— Claro querida — ela sorriu enquanto acompanhava meu pai à cozinha, e eu saia para fora da casa.

Já tinha dado duas voltas ao redor da casa procurando por pistas, não sabia se era um esforço que daria resultado, mas me senti na necessidade de fazer algo, só que estava tão distraída, que fui reparar apenas na segunda volta, que a cratera da noite passada não estava mais lá, o terreno estava como novo, exceto é claro, pela falta das plantas da vovó ali, mas isso era mais fácil de explicar do que uma cratera.

Estava pensando isso, quando ouço a mesma voz de ontem.

— Não foi meu melhor pouso, mas acredito, que o trabalho para remediar a situação esteja bom.

— Você — me virei para a direção do som.

— Olá Melody, precisamos conversar, mas antes, obrigada pelas acomodações.

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