" Anjo da escuridão,
Que um dia arrancou o meu coração".Jeremy
Sair com Alice me fez bem, pude deixar os problemas de lado e apenas curtir a minha vida, e o show também foi demais, mesmo que em certos momentos da noite, eu tenha preferido fazer um programa sem tantas pessoas por perto, já que o clima entre nós esquentou bastante.
Agora nós estávamos voltando para a minha casa em um táxi, Alice observava pela janela o movimento dos carros, e a paisagem passar com um sorriso no rosto, enquanto eu não conseguia parar de observá-la.
Desde o coque que havia feito nos cabelos, cujo algumas mechinhas rebeldes ousaram escapar, o pescoço suado, e também não era por menos, ela passou a noite inteira pulando, dançando e se divertindo, eu não duvido nada que se tivesse outro show essa noite, ela iria sem pestanejar, porque ainda exalava energia.
A blusa preta que ela vestia, se eu não me engano, possuía trechos de música dessa banda, a saia também preta de cintura alta possuía um zíper na lateral, e eu imaginei como seria descer ele com minhas próprias mãos.
Arregalei meus olhos com os meus pensamentos, e virei meu rosto para o outro lado, tenho certeza que devo ter ficado vermelho, e que chamei a atenção dela com esse movimento, porque a vi pelo canto do olho, olhar para mim com aquele olhar questionador, e em seguida voltar a olhar a paisagem.
Sei que temos mais de um ano de namoro, mas ainda não havíamos chegado aos finalmente, se é que dá para entender, porque não tínhamos essa pressa de acontecer tudo rápido, estávamos levando tudo naturalmente, dando um passo de cada vez, para no final ninguém se arrepender.
Vi que ela se virou de novo, pronta para dizer algo, mas para a minha sorte, o taxista parou na frente da minha casa, e tive que me ocupar em acertar a conta com ele.
Saímos em direção a casa em um silêncio que já estava me deixando incomodado, destranquei a porta, e entramos ainda em silêncio.
A casa estava escura, mas devido a iluminação que vinha da rua, pude notar bem seus traços, e como ela me olhava com intensidade, sem ver caminhei até que estávamos frente a frente, e pude sentir sua respiração acelerada contra o meu pescoço, e merda, como isso me deixou tentado a tê-la mais perto.
Lentamente levei minha mão até seu rosto, e acariciei sua bochecha com o meu polegar, e ela curvou o rosto para aproveitar o carinho, e disse o meu nome em um gemido.
Aquilo era o que faltava para acabar com a minha sanidade, com o outro braço livre a puxei para mim, e tomei seus lábios necessitando desse contato, e ela correspondeu avidamente.
Pelo visto não era só eu que estava ansiando algo mais, sorri em meio ao beijo, enquanto ela habilmente entrelaçou suas pernas na minha cintura, e sem soltá-la fui nos guiando até chegar ao meu quarto.
Confesso que não foi uma caminhada fácil, não por conta de todos os obstáculos que teria que passar, afinal já conhecia muito bem a casa, o duro era não me distrair em meio aos beijos, mas consegui manter o meu objetivo, e logo já estávamos frente a porta do meu quarto.
Com uma mão, eu tateei até encontrar a maçaneta da porta, e a abri e fechei com cuidado para não acordar ninguém, mas quando estava prosseguindo com ela para a minha cama, Alice se soltou de mim.
No começo eu não entendi, pensei até que ela podia ter desistido, foi aí que veio a frase que gelou o meu coração.
- Jeremy, eu não estou bem.
Como eu ainda estava próximo da porta, tateei a parede até encontrar o interruptor, e o liguei.
Quando me virei de volta para Alice, acabei cambaleando onde estava, ela parecia estar transbordando sangue, e merda, o que poderia ser aquilo ?
Agora com a presença de luz, ela pode finalmente olhar o que estava acontecendo consigo, e me olhou horrorizada.
- O que é isso, Jeremy ? O que é isso ? - ela me perguntou antes de cair no chão e se contorcer.
- Merda - dei um passo na direção dela para tentar ajudar, mas foi aí que me dei conta, o que raios eu poderia fazer ? Não sabia sequer o que estava acontecendo.
- Eu vou buscar ajuda - disse alto na esperança que ela me ouvisse, e me virei aos tropeços enquanto ouvia um fraco " eu te amo " mas estava tão apavorado, que pensei ser apenas mais uma loucura de minha mente.
Merda corpo, isso não era hora para dar problema, então para de tremer, rapidamente cerrei minhas mãos em punhos, para ver se conseguia evocar forças de algum lugar, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, uma voz falou.
- Não adianta pedir ajuda meu caro Jeremy, ela foi pega pela minha maldição, isso é basicamente o corpo dela a matando por tamanha ousadia, então observe bem ela dar os seus últimos suspiros - me virei lentamente na direção da voz, e foquei meu olhar naquele sorriso sínico de Kyara, queria que ela visse bem a minha cara de raiva e ódio, mas o medo ainda estava em meu corpo, e era tanto que parecia vir em ondas, eu não queria perder Alice, não queria olhar para baixo, e ver seu corpo sob uma poça de sangue enquanto ela dava seus últimos suspiros, mas meu coração preocupado me fez desviar os olhos, e vi o exato momento que sua respiração parou, e isso somado a todo aquele sangue, só me mostrou que já era tarde.
Sob posse dessa nova informação, meu corpo se encheu de um sentimento novo para mim, mas que naquele momento já entendia bem, vingança.
- É uma pena não ter sido nada mais agressivo, adoraria ter visto o sangue voar - ela falou com um sorriso perverso.
- O que você fez ? - perguntei tentando controlar a minha ira, mas fracassei porque parecia alto demais para os meus ouvidos, e Kyara riu como se tivesse contado uma piada.
- Eu a amaldiçoei meu caro Jeremy, ela e todas as outras que vierem para falar a verdade, considere isso como um presente do nosso amor.
- Que amor ? Que raios de amor ? - eu estava gritando, e pude jurar que ouvi o som de passos.
- Somos feitos um para o outro Jeremy, quem sabe assim você entenda de vez esse fato - ela fez uma expressão de como estivesse certa, e aquilo me deu um nojo.
- Você é louca, se não entendeu antes, eu repito agora, Eu Não Te Amo, eu te odeio, odeio mais ainda agora - ouvi o som de portas sendo abertas - e você vai pagar pelo que fez, mesmo que eu te mate para isso.
- Tudo bem Jeremy, você não precisa ter pressa para entender os seus sentimentos - ela falou se virando para ir embora pela janela que entrou, enquanto eu fui diretamente para a parede ao lado oposto ao meu guarda roupa, onde estava uma espada como decoração.
Sim, meus pais gostavam de coisas exóticas em muitos sentidos, inclusive decorar a casa com algumas dessas, até que um dia resolvi fazer o mesmo, mas claro que não com o mesmo objetivo, porque eles guardavam para honrar batalhas passadas, e eu ainda era novo demais para sequer saber como manusear uma com precisão, mas ainda sim a peguei, e corri para a janela em questão de segundos, foi quando vi que a porta do meu quarto foi aberta, e de relance vi meus pais, mas não teve tempo para explicar a situação, porque a maldita bruxa estava indo embora, então apenas pulei a janela, e corri atrás dela.
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Amor Amaldiçoado
Fantasy- Era uma vez Jeremy, um belo garoto de olhos verdes, cabelo loiros cacheados, um fácil sorriso, e blá, blá, blá, e muito chato ficar falando de coisas que eu já sei que sou, só que isso foi a muito tempo atrás, pois no exato momento que conheci Kya...