Mimada.

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P.O.V KARA ZOR-EL

Saltei para a direita, caindo com o pé esquerdo enquanto segurava a raquete com ambas as mãos e rebatia a bola de tênis para o outro lado da quadra. Dei um salto, corri mais uma vez até o centro, o oxigênio entrando e saindo apressado dos meus pulmões ao mudar o peso de um pé para o outro.

O próximo tiro que saiu da máquina de bolas foi lento e alto, e eu lancei o braço para trás, levando a raquete para cima da minha cabeça e rebatendo com força, enviando a bola direto para o chão e para fora do campo do outro lado da rede.

Merda.

Passei a língua que mais parecia uma lixa sobre os lábios, desesperada por água, devido a todo o exercício de correr para frente e para trás, da direita para a esquerda, tentando manter a velocidade, a trajetória e giro que eu havia programado na máquina.

Ficou claro que superestimei as minhas condições físicas.

Sim, eu me exercitava. Corria e usava o meu próprio equipamento para treino de força no meu apartamento, mas o tênis exigia uma musculatura que eu raramente usava agora.

A cada seis meses mais ou menos, eu começava a sentir falta de jogar, o novo desafio que cada saque representava, e usava meus privilégios de sócia do clube para ter acesso às imaculadas quadras da academia. Mas nunca jogava com ninguém. Eu não jogava com um parceiro desde a primeira rodada de Wimbledon, dia dois de julho, cinco anos atrás, poucos antes de me mudar para National City com o meu irmão.

Esse foi o dia que acabei com uma violação de código, uma desqualificação dada pelo árbitro também conhecida como default, bem na hora de um match point e, assim, sem qualquer esperança de vitória, saí da quadra antes de o jogo terminar oficialmente e jamais voltei a uma competição de tênis.

Meu irmão tentou me reconfortar, dizendo que não esperavam que eu estivesse concentrada no jogo depois do que passamos no início do verão. Tinha sido difícil.

Inferno, tinham sido dois anos difíceis antes disso, mas ainda era um momento que eu desejava poder voltar no tempo e consertar.

Minha última partida em uma quadra profissional tinha sido a minha pior até então, e essa era a única coisa na minha vida de que eu me envergonhava.

Eu tinha me comportado como uma menina mimada, e apesar de tudo o que conquistara até aquele ponto, era assim que as pessoas se lembrariam da velha Kara Zor-el.

Mas eu me certificaria de que esta Kara Zor-el jamais cometesse o mesmo erro.

Era estranho como algo que uma vez pareceu ser uma segunda natureza agora era tão estranho. Eu costumava fazer isso todos os dias.

Acordava às cinco da manhã, comia algo leve ou bebia um shake proteico, colocava a roupa e passava cinco horas na quadra.

Nos intervalos, eu estudava, pois era educada em casa, e comia, depois voltava ou para treinar mais ou para malhar mais.

À noite, eu colocava gelo nas juntas e nos músculos e lia antes de dormir.

Não frequentava a escola, não ia a festas e não tinha amigos. Talvez fosse esse o motivo para o Clark ser o meu melhor amigo.

Gemi, sentindo as mãos doerem quando apertei a raquete e atingi a próxima bola de tênis, enviando-a por cima da maldita linha de base.

— Droga — resmunguei, parando ao colocar as mãos nos quadris e abaixar a cabeça. — Merda.

Peguei o controle na cintura da minha saia pregueada e apontei para a máquina de bolas, desligando-a assim que uma veio voando na minha direção. Eu me esquivei e virei a cabeça para o outro lado, ouvindo um carro buzinar às minhas costas.

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