Os sons da vitória.

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P.O.V KARA ZOR-EL

Discutir com Lena Luthor era perda de tempo, ainda mais quando você não discordava de verdade.

Eu deveria ter ido para casa.

Tinha trabalho a adiantar, um forno que eu poderia estar limpando e um monte de atualizações para fazer no meu site para os alunos e os responsáveis. Isso sem contar o pão caseiro no congelador que precisava ser comido antes do fim do mês. Eu tinha uma responsabilidade com o Liam, e se eu fosse a mãe dele, eu…

Soltei um suspiro profundo ao ir até a pia no banheiro imenso, tendo voltado a vestir a camisa dela depois do banho. Esfreguei a nuca com a toalha cinza e balancei a cabeça.

Eu deveria ir para casa.

Mas ela ainda me queria. Ainda batia na minha casca como se eu fosse um ovo que ela queria quebrar. E embora eu me sentisse como uma gosma que se espalharia por toda parte caso não fosse protegida pela minh carapaça, ela me fazia sentir como se eu não precisasse dela.

Como se ela fosse cuidar de tudo.

Aqui, nessa casa que mais parecia uma caverna, com as venezianas fechadas e cômodos enormes e vazios, o brilho sereno dos abajures e o repicar da chuva no telhado, eu havia, enfim, relaxado.

Ela me fazia sentir segura, e embora eu não precisasse de ninguém para me proteger, meio que gostei de deixar um pouco do temor de lado. Pela primeira vez em muito tempo, fechei os olhos e caí no sono na noite passada sem me esforçar, em paz com a sensação de que alguém estava ao meu lado.

Quando acordei, não senti aquele segundo de pânico que sempre sentia antes de entender que estava a salvo. Acontece que acordei hoje de manhã e, em vez de esquadrinhar o quarto e fazer um inventário, meus olhos logo foram para as costas de Lena enquanto ela ia para o banheiro e dava uma piscadinha para mim por cima do ombro antes de sumir lá
dentro.

Encontrei sua escova de cabelo no balcão da pia cara, junto com o secador. Depois de passá-la pelo cabelo, eu o sequei, joguei a toalha usada no cesto e fiz sua cama.

Também dobrei as roupas com capricho e as coloquei na cadeira que havia no canto, e verifiquei o cômodo, me certificando de que estava tudo no lugar certo.

Ou no lugar certo até onde eu poderia  dizer.

Saí do quarto e fui para o corredor, se aquilo pudesse ser chamado de corredor, e virei a cabeça devagar, reparando nos arredores que não notei na noite passada quando Lena praticamente me arrastou escada acima.

O patamar era circular com um parapeito, dessa forma você podia se inclinar e espiar lá embaixo. Portas de quarto, ou o que eu presumi que fossem, alinhadas na parede, e havia outra escadaria que levava ao terceiro andar. O piso de teca escura cintilava sob a luz suave do lustre, e a superfície de toda a mobília de madeira brilhava.

O cheiro de limão do lustra-móveis, de couro e de perfume preencheram os meus pulmões, e isso levou um sorriso aos meus lábios.

Desci as escadas e avancei com hesitação, olhando ao redor, vigilante. Eu ainda estava com medo de que Liam ou outra pessoa talvez aparecesse e eu não tinha a menor ideia de como me explicaria.

Olhando para a direita, espiei o vestíbulo, então virei para a esquerda, indo em direção aos fundos da casa, imaginando que encontraria a cozinha. Ao ouvir a voz de Lena, parei à entrada de outro corredor e captei um vislumbre de luz aparecendo através de outra porta.

Eu não conseguia entender o que ela estava dizendo, mas lá estava aquele tom frio e profundo que tentou usar comigo no escritório sábado passado, então deduzi que aquela devia ser uma ligação de negócios.

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