Fria e distante.

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P.O.V LENA LUTHOR

O

conselho do meu pai era um refrão constante na minha mente esses dias: Você pode fazer uma ou outra coisa e alcançar sucesso, ou pode tentar fazer quinze e fracassar em todas elas.

Desci correndo as escadas da escola, sentindo o celular vibrar no bolso, e ignorei.

Desgraça de ligações o dia inteiro. Os malditos madeireiros de Honduras estavam em meio a uma batalha com ativistas ambientais por causa do corte raso — uma técnica que corta as árvores rente ao solo sem que as raízes sejam arrancadas —, o que não deveria ter nada a ver comigo, exceto que era o meu equipamento que eles estavam usando para derrubar as árvores.

Agora Lex estava tendo um ataque por causa da culpa por associação.

Depois de eu ter sido forçada a desperdiçar tempo indo almoçar com o prefeito apenas para manter a conexão, fiquei presa em ligação atrás de ligação a tarde toda. Tudo o que podia dar errado estava dando errado esses dias, e eu não tinha ideia do que fazer. Minha cabeça quase nunca estava no trabalho, e eu continuava deixando a peteca cair.

Quando não estava me preocupando com o Liam estava pensando na Kara e em quando poderia vê-la. Estive repassando o fim de semana sem parar na minha cabeça quando ela me contou a história e falou do que aquele canalha fez com ela, eu quis apagar tudo aquilo da vida dela e me certificar de que ela tivesse o melhor de tudo. Felicidade, amor, consistência…

E quis encontrá-lo e fazê-lo sumir da face da Terra. Me embrulhava o estômago pensar nele por aí, passeando. O cara sabia onde ela estava?

Entrei na parte traseira do carro, olhei Liam sentado do outro lado, encarando a janela. Room to Breathe retumbava no rádio, e eu estendi a mão e abaixei o volume usando o controle lá de trás. Inclinei-me para frente e dei a ele toda a minha atenção.

— Desculpe o atraso — pedi, cansada de ver aquela expressão dele. Para cada passo à frente que dávamos, eram mais dois para trás.

— Você esqueceu. — O tom foi cortante, os olhos ainda estavam virados para a janela. — Você esqueceu porque não era importante para você.

Eu me recostei e fechei os olhos.

— É isso o que a sua mãe te diz?

— É — declarou, indiferente, virando a cabeça para enfim olhar para mim. — E então, em particular, ela diz ao meu padrasto que você é uma mãe egoísta de merda.

Cerrei o maxilar, sentindo como se tudo estivesse escapulindo aos poucos através dos meus dedos. Eu estava perdendo tudo.

Liam virou a cabeça e se dirigiu a James: — Eu quero ir a pé — ele falou.

James encontrou o meu olhar no retrovisor, e eu hesitei, não querendo que ele saísse do carro. Mas lidar com Liam era como subir uma corda com um braço só, e eu estava cansada. Era melhor deixá-lo se acalmar, e eu poderia refletir.

Finalmente assenti.

James encostou e o deixou sair. Faltavam poucos quarteirões para chegar em casa e ainda estava claro, então não me preocupei.

O celular vibrou no meu bolso e James se afastou do meio-fio. Fechei os olhos, exasperado. Arranquei-o de lá, vi o nome de Helena na tela e apertei o aparelho, ouvindo-o ranger sob a pressão. Atendi, e o levei à orelha.

— Não me venha com sermão — disparei.

— Eu estava aqui sentada diante de uma tela de computador, Lena — ela vociferou. — Você não poderia estar lá em pessoa pelo Liam? Você já perdeu outra reunião essa semana.

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