Foi um erro.

3.7K 392 34
                                    

P.O.V LENA LUTHOR

A chuva constante esmurrava as janelas, e eu pisquei ao acordar, a única luz do cômodo vinha do brilho azul dos números do despertador.

Me sentando devagar, passei os dedos pelo cabelo e sequei o suor da testa.

Merda, está quente aqui.

A umidade da chuva sempre deixava tudo tão pior. Olhando para o lado, notei o corpo debaixo do lençol e, com movimentos lentos, me inclinei em um cotovelo, meu coração acelerado de prazer ao ver Kara Zor-el virada de lado, a mão, com a palma para cima, descansando próxima ao rosto.

As pálpebras, com cílios espessos e castanhos, descansavam calmas, com nenhuma das caretas de sempre contorcendo o rosto bonito. Ela parecia estar em paz.

Respirei fundo, de repente sentindo como se o ar estivesse pesado demais.

Que merda ela estava fazendo comigo?

Fazia tempo que eu não me sentia assim. Não desde a primeira vez que percebi que queria o meu filho e que o estava perdendo. Liam mal tinha dois anos quando o conheci e, pela primeira vez na vida, eu enfim comecei a entender que havia coisas que eu talvez não pudesse ter.

E eu fiquei com medo. Igualzinho a agora.

•••

Liam mostrou com um sorriso bem largo quando os olhos se fecharam, conforme chutava a bola de praia com as perninhas pequenas. A boca fez um O quando ele viu a distância que a bola percorreu, então ele disparou, correndo atrás dela.

Olhei de Helena para ele, brincando na praça, sem saberem que eu estava lá. Meu coração se apertou.

Meu filho.

Eu mal consegui respirar.

Estava passando de carro pela quando vi o carro dela. Olhei ao redor só por alguns segundos antes de vê-la. E vê-lo.

Não sei por que fiz isso, mas encostei. Não nos falávamos ultimamente, e eu não tinha visto meu filho desde que ele nasceu.

Não até agora.

Engoli em seco, a vendo pegá-lo e erguê-lo acima da cabeça. Ele tinha apenas cerca de um ano e meio, e eu sorri, notando o quanto ele era feliz e brincalhão.

Ele se parecia muito comigo.

•••

A vida era assustadora, e difícil, quando se tinha coisas a que se temia perder.

Estendi o braço e passei o polegar pela
bochecha dourada, a pele tão suave quanto água. Ela franziu os lábios rosados, o fôlego mais doce do que uma melodia, e soltei um suspiro, passando a mão pelas suas costelas e bunda.

Que merda eu estava fazendo? Por que ela
era tão viciante?

Ela me lembrava tanto eu mesma, o orgulho, a independência, a teimosia…

Mas eu raramente passava a noite com uma mulher, muito menos as trazia para a minha casa, então por que diabos fiz isso
com ela?

Lutava com expectativas demais que as pessoas tinham de mim, assim como as minhas próprias, para trazer alguém à essa bagunça.

Foi um erro.

Ela começaria a fazer exigências, eu começaria a decepcioná-la e, por fim, ela perceberia que nunca viria em primeiro lugar.

Má Conduta - Supercorp Onde histórias criam vida. Descubra agora