Parece triste.

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P.O.V KARA ZOR-EL

Terminei de anotar as arrobas para os alunos seguirem no Twitter para o dever de casa, tampei o marcador, virei-me e falei com eles: — Virar.

— Pera, pera, pera! — gritou Carter mantendo a cabeça abaixada e erguendo a mão esquerda enquanto escrevia com a direita.

O resto dos alunos viraram a folha, protegendo o trabalho dos olhos vagantes, e então Carter se recostou, largou o lápis e enfim virou a folha também.

— Levantar — instruí.

Eles ficaram de pé, alguns esfregando os olhos, outros bocejando.

— Alongar. — Cruzei as mãos sobre a cabeça e fiquei na ponta dos pés, dando o exemplo.

O resto da turma fez os próprios alongamentos, fazendo o sangue circular depois de se sentarem com as perguntas abertas, para as quais eles teriam que dar respostas mais detalhadas. Eu os fazia se levantarem a cada quinze minutos para mantê-los atentos.

— Pular — dei a ordem, e todos começamos a pular ou correr no lugar.

Parei, caminhando pelo corredor.

— Agora, sentar.

Eles se sentaram, as carteiras rangeram sob o peso deles.

— Atacar — terminei, dando a última instrução e ouvindo os bufos e risadinhas conforme eles seguiam com a avaliação.

— Vocês têm mais dez minutos — avisei, e cruzei as mãos às costas, subindo e descendo entre as fileiras de carteira.

Eles tinham dez perguntas diferentes, das quais deveriam escolher três para responder. A julgar pelo tanto que estavam escrevendo, eu teria um fim de semana bem longo de leitura.

Normalmente, fazíamos muitas avaliação on-line ou no Word, que eles me mandavam por e-mail quando terminavam. As provas, no entanto, eu gostava de manter como nos velhos tempos. Havia muito em jogo para correr o risco de perder um arquivo no ciberespaço.

Liam estendeu a prova, lápis na mão, e pareceu estar relendo o que fez. Essa seria a última aula que eu daria a ele, já que ele havia se transferido para a turma avançada de História e começaria na semana que vem.

O diretor Edge me disse que havia mandado e-mail para a mãe dele avisando, mas não tive notícias de Lena.

Helena estava animadíssima, e o próprio Liam parecia apenas seguir o fluxo. Ele havia tido a garantia de minha parte e da do diretor Edge de que, se não gostasse, poderia voltar para a minha turma.

Parte de mim esperava que ele odiasse. Eu o queria de volta.

Não me escapou que, com Liam fora da minha turma, sair com a mãe dela não seria mais um problema de publicidade, mas esse nunca foi o nosso problema, na verdade.

Lena pegava o que queria, mas descartava o que não precisava. A campanha por vir, o filho e a empresa eram prioridades, como deveriam ser, e ela tinha feito uma escolha.

Embora talvez houvesse espaço o suficiente para mim em sua vida, ela tinha medo demais de fracassar com qualquer outra coisa para abrir espaço.

Eu havia me oferecido, nua, em seu escritório, e ela me dispensou. Tínhamos chegado perto demais do ponto em que doeria muito abrir mão uma da outra. E então, semana passada, eu a deixei ir. Ela esteve na minha sala, e eu me afastei dela.

Verificando o relógio, eu me virei e olhei para a turma.

— Alguém ainda não acabou?

Isabel Savers ergueu a mão, e eu olhei para o garoto na frente dela.

Má Conduta - Supercorp Onde histórias criam vida. Descubra agora