Abra mais.

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P.O.V LENA LUTHOR

Quando eu tinha a idade dela, vinte e três, ela tinha doze, pelo amor de Jesus Cristo.

Para não dizer que Helena arrancaria a minha cabeça, e seria bem-merecido, se algum dia descobrisse as coisas que eu estava fazendo com a professora do Liam.

Que porra estava errada comigo?

Toda vez que eu tinha a oportunidade de trilhar o caminho certo, eu não optava por ele. Deixei o meu filho em banho-maria pelo bem da minha carreira, e agora eu sentia como se estivesse tirando vantagem de uma jovem.

Claro, ela era praticamente tão complicada quanto eu e dava tanto quanto recebia, mas aprendi a avaliar a estrada antes de dar os primeiros passos. Com ela, eu não fazia ideia do que a próxima hora me traria, muito menos a próxima semana ou o próximo mês.

A mulher era imprevisível e totalmente viciante. Não era tanto da mulher que ela tentava ser que eu gostava, mas da menina que tentava esconder. A que precisava ser confortada.

Eu me sentei à minha mesa, tentando repassar a longa lista de e-mails que se acumularam desde que parei de trabalhar ontem, enquanto a música de Kara tocava ao fundo e ela cantava junto a alguns metros dali. Algo sobre “submergir” ou “se afogar”.

Fazia tanto tempo que eu não ouvia música, mas, graças a ela e ao Liam, eu estava me pondo a par.

Apesar de eu estar atolada, para variar. A produção havia paralisado no Brasil devido às chuvas, e um contrato que eu já tinha fechado com o Japão agora estava com uma conta mais baixa, então eu estava tentando apagar incêndios, mas, hoje, minha cabeça não estava no jogo.

A tempestade lá fora tinha estiado um pouco, mas ainda estava muito forte para me arriscar a sair de casa.

Não que eu quisesse, de qualquer modo.

Olhei para trás, vendo-a parada perto das estantes de livros no meu escritório, a barra da minha camiseta se erguendo acima da coxa e da curva da bunda enquanto tentava alcançar a terceira prateleira.

Jesus.

Pisquei e voltei a me concentrar na tela do computador, me epreendendo mentalmente por ter a convidado para vir aqui. Eu não queria que ela ficasse entediada, então lhe disse para ficar à vontade, pegar um livro e ler ou trabalhar no notebook extra, caso precisasse.

No entanto, ela logo assumiu para si uma missão, incapaz de resistir ao impulso de colocar a minha pequena biblioteca pessoal em ordem alfabética.

— Isso não te deixa louca? — reclamou, estremecendo ao ver as prateleiras bagunçadas. — Pois a mim, deixaria.

É, então soltei as rédeas e a deixei arrumar os livros. Contanto que ela não usasse a porra da classificação decimal de Dewey inteira na arrumação, eu não via problema em observar a bunda bonita enquanto ela pegava os livros.

Acontece que eu não estava conseguindo fazer quase nada.

Ela esteve quieta, concentrada no que fazia, mas quando uma moça bonita de um e setenta com pernas douradas maravilhosas está rastejando pelo seu chão, organizando pilhas de livros e com uma aparência fofa pra caralho, observá-la era uma diversão irresistível.

— Você está acabando? — Ela estava de pé na escadinha, guardando os últimos livros.

Pisquei, voltando a me concentrar na tela.

— Ainda não — respondi. — Tem mais uns dez e-mails para serem respondidos.

Mexi os dedos, tentando me lembrar do que precisava digitar e percebi que eu tinha esquecido o que dizia o maldito e-mail que eu tinha que responder.

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