Por você ou pelo Liam?

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P.O.V KARA ZOR-EL

— Você bagunçou os meus livros — comentei, deitada de costas no chão do seu escritório e encarando as pratelairas que eu havia organizado, incansavelmente, há poucas semanas.

— Desarrumei — ela admitiu, sem nem titubear.

De pés cruzados, eu usava uma das suas  camisas brancas com as mangas arregaçadas e apoiava um copo de uísque na barriga.

— Foi de propósito? — pressionei.

— Foi.

Um sorriso se espalhou pelos meus lábios, e eu ergui a cabeça e tomei um gole da bebida forte.

Liam, ao que parecia, estava passando o fim de semana com os avós no lago, então Lena me trouxe para casa com ela depois da boate. Era uma da manhã, e nenhuma de nós estava nem um pouco cansadas.

Eu tinha me sentido culpada por ter pedido para ir embora, mas Lena disse que não dava a mínima. Ela não gostava de boates mesmo, mas queria me levar para sair. Depois de me arrastar de lá, ela me trouxe para casa correndo, quase causando a porra de um acidente no caminho, e tirou toda a minha roupa assim que atravessamos a porta. Ela me levou lá para cima, com minhas pernas envoltas em sua cintura, e me manteve bastante ocupada por mais de uma hora.

Ela tinha recebido algumas ligações enquanto estávamos ocupadas, e já que nenhuma de nós estava com sono, desceu para cuidar de algumas coisas, e eu fiquei me embriagando com a bebida dela. Ela estava de pé atrás da mesa.

— Você não vai consertar? — sugeriu.

Tamborilei o copo, encarando a balbúrdia que ela tinha causado nos livros.

— Estou pensando.

Ouvi sua risada baixa.

— Talvez você não precise mais ser aplacada — ela sugeriu. — Ou encontraria algo que seria igualmente eficiente.

— Convencida — disparei, provocando-a.

Mas, na verdade, ela tinha razão. Há algumas semanas, esses livros, ali fora de ordem, com alguns virados para o lado errado, teriam me deixado doida, e eu não poderia ter me concentrado em nada até elas serem arrumados. Agora só meio que me incomodava. Ainda sentia o impulso, mas havia algo mais ali naquela cômodo que me puxava também.

— É uma sensação tão estranha — pensei em voz alta. — Abandonar, de repente, um hábito que tenho há sete anos. Me sinto mais em paz agora do que jamais me senti fazendo essas coisas.

— Sete anos? — ela repetiu. — Pensei que você tinha começado quando seus pais morreram, há cinco anos.

Soltei um suspiro e fechei os olhos.

— Merda — sussurrei bem baixinho, não alto o bastante para que ela ouvisse.

Eu tinha esquecido que ela não sabia.

— Kara? — instigou, obviamente esperando uma resposta.

Girei o copo, observando o líquido marrom revestir o lado de dentro.

— É, a história nunca foi a público, não é?

Na pesquisa que fez no Google, ela não poderia ter cruzado com ela, porque minha família tinha mantido tudo por baixo dos panos.

— Que história?

Respirei fundo e coloquei o copo no chão, enfiando as mãos por detrás da cabeça quando comecei.

— Eu nem sempre fui essa mulher sofisticada, independente e encantadora que você conhece agora — fiz piada.

Ela rodeou a mesa, recostando-se diante dela e me encarando.

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