E oque você quer?

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P.O.V LENA LUTHOR

A vida nunca sai conforme o planejado.

Verdade seja dita, a gente passa horas planejando e se preparando, e a única coisa com que se pode contar assim que termina é que será assim que as coisas não acontecerão.

Esse ano era para ser do Liam, construir um relacionamento com ele, e do meu futuro no Senado. Mas tudo o que precisou foi do olhar de uma mulher, os olhos dizendo o que ela não queria confessar em voz alta e, de repente, ela é tudo em que você pensa.

Kara ficou com ciúme no fim de semana, não só de Lucy, mas também por ter que esconder o nosso relacionamento. Ela jamais admitiria o fato, porque era teimosa pra cacete, mas ela queria mais. O alívio em seus olhos e o sorriso amarelo que ela me deu quando confessei o quanto a queria estavam acabando comigo, porque o que eu disse era verdade, e eu não tinha ideia do que fazer.

Eu tinha trinta e cinco anos e nunca fui casada, então por que eu não deveria querer algo permanente? Ela era jovem, bonita, inteligente e tinha boa formação, e embora o temperamento fosse um pé no saco, também era importante reconhecer a sua força. Eu gostava da ideia de tê-la ao meu lado por toda a vida.

James abriu a porta, e eu saí do carro, atravessando o gramado até a lateral do campo de futebol. Perdi o lembrete do jogo no meu calendário e tinha me distraído quando a secretária me lembrara durante uma reunião, porque eu estava tentando fazer muita coisa ao mesmo tempo, e agora estava atrasada. Para variar.

Meu pai sempre ia aos meus jogos de xadrez, na hora certa, pronto para torcer por mim. Ele também era ocupado, ainda era, mas conseguia aparecer.

Ele me diria que eu simplesmente não conseguia estabelecer minhas prioridades, e a raiz do problema era o egoísmo. Eu queria o que queria, e não abriria mão de uma coisa para ter a outra.

Ele nunca pegou leve comigo e era comum chamar a minha atenção como se eu ainda tivesse vinte e dois anos e não fosse uma mulher crescida que construiu uma multinacional sem nada do dinheiro dele para me ajudar no início.

Eu tinha um caminho longo ao qual fazer jus, e não estava contando a quilometragem.

Nunca contei.

— Lena!

Ouvi uma voz severa se sobrepor aos gritos e assovios, e me virei, logo puxando um fôlego entrecortado.

Falando no diabo…

Inclinei o queixo, grata pela minha expressão indubitavelmente aborrecida estar encoberta pelos meus óculos escuros.

Caminhei pela lateral até um grupo de pais que armaram algumas tendas com comes e bebes e cadeiras de jardim almofadadas. Bandejas de alumínio aquecidas pelo réchaud e uma variedade de saladas e outros acompanhamentos cobriam as mesas. Balões e toalhas de mesa nas cores preta e verde-musgo da escola eram sopradas pelo vento suave, e um grupo brindavam com mimosas.

Avancei e esquadrinhei o campo procurando por Liam, vi-o matar a bola no peito e então começar a chutá-la na direção oposta antes de passá-la. Ele estava com o rosto pintado de preto e verde como uma máscara cobrindo os olhos, e eu sorri, vendo que ele era o único que ousava ser diferente.

Eu me perguntei o que causou aquilo.

— Então como você está?

Empurrei meus óculos para a ponta do nariz.

— Vou te deixar saber assim que o dia acabar.

Consegui ouvir o riso em sua voz. Ele bufou, cruzou os braços, e eu imitei a postura, nós dois assistindo a Liam correr para lá e para cá no campo.

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