– Acorda — senti Jake pousar a mão no meu ombro e imediatamente fiquei alerta. — Chegamos — ele continuou com a mão no meu ombro.
Passei as mãos no rosto e nos cabelos rebeldes. Minha cabeça ainda dói um pouco, preciso subir e tomar algo. Encarei o hacker que me encarava de volta.
– Valeu pela carona — o agradeci, um breve aceno de cabeça antes de deixar seu carro.
Ele parou no estacionamento do hotel. Segui até o elevador para me levar até o meu andar. Eu poderia esperar por ele já que moramos no mesmo corredor e somos vizinhos. Mas, não, estou cansada demais.
Antes da porta do elevador ser completamente fechada, uma mão masculina o impediu e as portas se abriram novamente, revelando o hacker parado do lado de fora, sua expressão séria de sempre.
– Moro no mesmo corredor que o seu, caso não tenha notado — ele disse e apertou o botão para subirmos.
Ah, ótimo!
– No apartamento ao lado do meu — acrescentei, com um tom de irritação.
Ele não disse uma só palavra, apenas encarava as portas. Um minuto depois, ele perguntou:
– Será que não poderia ter me esperado para subirmos juntos?
– Faria alguma diferença? — ergui as sobrancelhas.
– Por que está me evitando?
– Por que está me seguindo?
– O quê? Eu não estou seguindo você.
– Vai me dizer que estava apenas voltando para casa e de repente me reconheceu? Jura, à essas horas?! — cruzei os braços.
Ele ficou calado por um longo tempo. O elevador finalmente chegou em nosso andar. Jake permaneceu imóvel, o maxilar travado.
Saí do elevador e entrei em meu apartamento. Fui direto atrás de algum remédio que possa me ajudar com essa horrível dor de cabeça. Quando tomei o remédio, tomei também muita e muita água, me joguei no sofá e só deixei meu corpo descansar. O canto da minha boca dói. Aquele desgraçado me paga!
– Posso? — perguntou o garoto antes de se acomodar na poltrona. Tomei um pequeno susto. — Obrigado.
– O que você quer? — perguntei, apoiando os cotovelos nos joelhos.
– O que foi isso na sua boca? — ele franziu as sobrancelhas e me encarou com o olhar semicerrado.
É sério isso? Esse idiota não vai mesmo me deixar em paz?
– Olha só, idiota, você está carente? Quer alguém para conversar? Então vai procurar alguém que realmente queira conversar com você! Vê se me erra!
Ele respirou fundo e ergueu uma sobrancelha.
– Me chamo Jake, Jake Donfort. E você quem é...?
Eu não quero jogar nada agora.
– Kyra, Kyra Davis.
– Muito bem, Davis, agora estamos apresentados. Será que pode me explicar o que aconteceu com você enquanto... — Jake examinou minhas vestes —, corria pela estrada?
Preciso ter a confiança dele, não posso evitá-lo. Esse cara esconde mais coisas além de seus segredos sobre ser um hacker.
– São corridas que fazem parte da minha rotina. Saí para correr até a cidade e aproveitei para explorar um pouco à noite. Caso não tenha notado, sou nova aqui — disse a última parte em tom de sarcasmo. — Vi um idiota mascarado e corri atrás dele. Ele me atacou e deixou essa bela marca no meu rosto e uma puta dor de cabeça.
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Born To Die - Duskwood
FanfictionKyra é uma agente do FBI que precisa amadurecer os seus sentimentos. Ela conhece Jake Donfort, que vai ser o maior responsável por esse amadurecimento. Kyra é perseguida pelo seu passado e descobre que seu caso, na verdade, foi tudo uma armação para...