Comemos quase todo o macarrão que Jake preparou. Esse foi um dos melhores pratos que já comi nessa vida. Quando terminamos, levamos a louça à pia e insisti em ajudá-lo a organizar as coisas. Não gosto apenas de causar bagunça.
Pensei que iria estragar tudo, mas estava errada. Conversamos um pouco mais e contamos coisas aleatórias sobre nós mesmos, nada envolvendo o passado ou famílias. Agradeci pelo Jake ser bastante compreensível e não ter perguntado nada sobre o meu passado enquanto conversávamos.
Também falamos sobre algumas probabilidades da casa, em que o mascarado saiu, ser da Hannah. Ele acha que pode ser da irmã, segundo algumas fotos que viu na Internet. Hannah meio que estava do lado de fora da casa mostrando sua conquista. Isso foi há 1 ano atrás. Há a possibilidade dela ter saído da casa e colocado para alugar. Eu disse que mandaria uma mensagem para a Lilly assim que chegasse em meu apartamento.
Me despedi quando se passaram horas de conversa. Jake insistiu em me acompanhar até o meu apartamento, obviamente não neguei seu ato de boa vontade.
Tranquei a porta e joguei as chaves na mesinha de centro. Fui direto ao banheiro para me banhar. Depois, vesti algo e fui para o quarto e simplesmente me joguei à cama. Não sabia que precisava tanto de uma cama. Peguei meu celular e enviei uma mensagem para a Lilly. Me apresentei e perguntei se a casa da esquina estava para alugar porque um amigo planeja se mudar para Duskwood. Esperei que me respondesse.
Há uma mensagem de um número desconhecido. Apenas Jake, Phil e agora a Lilly têm meu contato. Nenhum dos agentes têm ou as meninas. Ao abrir o chat, me deparo com uma foto da frente do hotel que estou hospedada. Olhei a hora, foi enviado há 5 minutos atrás. Levantei rápido da cama, o que fez minha pressão baixar, vesti um casaco comprido, coloquei os chinelos e destranquei a porta rapidamente. Chamei o elevador mas estava demorando muito para chegar. Corri para as escadas e desci como se minha vida dependesse disso.
Degrau por degrau, às vezes pulando dois. Passei a descer mais rápido. Meu apartamento fica no penúltimo andar, o prédio tem 34 andares. Desisti de tentar as escadas, parei no 26° corredor e descidi tentar a sorte e chamei o elevador novamente.
NÃO FUNCIONA!! ESSA PORRA NÃO FUNCIONA!
Voltei para as escadas, nos andares abaixo as luzes estão piscando, deve haver alguma falha elétrica na escadaria do prédio. Aposto que ninguém pisa aqui. Cheguei no 17° andar e não há mais luzes aqui. Não consigo enxergar absolutamente nada, exceto as luzes acima de mim.
Olhei para baixo em busca de alguma luz, mas nada. Só me resta subir para o andar mais próximo e esperar a droga do elevador. Todas as luzes se apagaram quando ousei voltar. Tudo. Um gatilho para mim. Odeio escuro, é como se eu me sentisse sufocada. Controlei a respiração antes que perdesse o controle.
– ALGUÉM?! — gritei. — ESTOU NA ESCADARIA! NÃO SEI O QUE ACONTECEU, MAS TODAS AS LUZES SE APAGARAM!! AJUDA... por favor...
Tarde demais, perdi o controle. É como se você esquecesse de como se respira. É... agonizante e... assustador. Não do tipo assustador como um simples filme de terror. Assustador do tipo desesperador. É como se seu corpo esquecesse de algo que já faz automaticamente desde que você veio ao mundo. Alguns precisaram de alguns tapinhas nas costas para respirar, tipo eu, outros não.
Ouvi um assobio, não consegui identificar a direção, mas é como se estivesse imitando alguma melodia.
– QUEM ESTÁ AÍ? — perguntei. Como está conseguindo enchergar nesse breu??
O assobio apenas continuou. Olhei para baixo, para cima, para os lados. Subi para cima, degrau por degrau, minha mão ajudava a tatear os degraus e também onde eu deveria pisar. Me acalmei enquanto dizia para mim mesma que conseguiria sair dessa sozinha. Sempre foi assim. O assobio parou. Parei para ver se ouvia algo, passos, ruídos, qualquer coisa. Nada. Continuei a tatear os degraus para poder subir. Deixei meu celular em cima da cama, talvez ele pudesse me ser muito útil agora.
Cheguei no topo da escada, fui recebida com um chute no meu ombro esquerdo, gritei antes de cair escada abaixo. Minha cabeça bateu com tudo no chão, está doendo demais, junto com ademais partes do meu corpo. As luzes foram ligadas novamente, todas dessa vez, só consegui ver a silhueta do cara que me recebeu com um chute. Ele estava em pé no topo da escada, me observando. Não consegui ver muito, talvez tenha sido a pancada, não lembro de mais nada.
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____________________________________Um dia se passou desde que me chutaram da escada. Houve um apagão no prédio todo, consegui lembrar de tudo. Jake disse que saiu do seu apartamento e foi ver como eu estava, encontrou apenas a porta aberta. Ele disse que olhou em todos os cômodos e quando não me encontrou algo pesou em seu peito.
Quando a energia voltou, Jake desceu até a recepção, me procurou pelo prédio todo, perguntou aos que trabalhavam no lugar se tinham me visto por aí. Eles olharam as câmeras de segurança e me viram entrando na escadaria, em momento algum me mostrou saindo, então se separaram para me procurar, alguns em determinados andares e os demais nos outros. Quem me encontrou foi o Jake. Ele me pegou em seus braços e saiu pela porta que leva ao corredor mais próximo para pegar o elevador e ir comigo direto ao hospital. Ah, o elevador estava com problemas e ninguém podia usar momentos antes das luzes apagarem.
A pancada foi forte e os médicos temeram que eu pudesse ter sofrido um traumatismo, mas, por muito, muito pouco, isso não aconteceu. Fui liberada à tarde, quando cuidaram de alguns cortes na minha testa e bochecha e fizeram uma ressonância para saber se eu estava totalmente fora de perigo. Jake me trouxe até o meu apartamento e agora quer conversar comigo para tentar entender o que aconteceu na noite passada. Expliquei tudo, não acho que deveria esconder isso dele. Ele só quer entender e sinto que pode me ajudar.
– Você poderia ter morrido! — exclamou Jake.
– Como se eu soubesse que alguém estava me perseguindo.
– Por que não me mandou uma mensagem, alguma coisa?! Eu poderia ter ido lá com você!
– E talvez ele o matasse — retruquei.
– Pelo menos você não estaria sozinha, Kyra.
Revirei os olhos. Eu não preciso de uma babá! Nem sei porque ele se importa.
Para mim é óbvio: o homem por trás da foto tinha todo um plano. Ele não quis me matar, quase isso, só me mostrar o que pode fazer. Quero ir ao departamento o mais rápido que conseguir para conversar com o Nick a respeito. Sairei daqui amanhã cedo.
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Born To Die - Duskwood
FanfictionKyra é uma agente do FBI que precisa amadurecer os seus sentimentos. Ela conhece Jake Donfort, que vai ser o maior responsável por esse amadurecimento. Kyra é perseguida pelo seu passado e descobre que seu caso, na verdade, foi tudo uma armação para...