Capítulo 21

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Jake e eu acabamos cochilando no sofá enquanto esperávamos por notícias. Luke dormiu ao lado do Jake. Não consigo entender a conexão que há entre esses dois. Enfim, o dia foi cansativo desde o início. Passei o restante do dia montando planos com Nick e o Jake. E agora tem esse lance do Theo. Inclusive, por isso nós acordamos.

Luke estava latindo para a porta quando Jake e eu nos demos conta de que havia alguém batendo na porta. Pedi para que Jake segurasse o Luke para que eu abrisse a porta.

– Calma, garotão — disse Jake para Luke, distribuindo carinho no mesmo.

Theo era o responsável pelos latidos do Luke. Imediatamente, quando abri a porta, Theo me abraçou forte. Fiquei sem entender, mas contribuí.

– Obrigado, Kyra! — Theo continuou abraçado comigo. Ele está tremendo.

Vi que deixou seu carro na frente da minha garagem. Tudo bem. Pedi para que entrasse. Luke continua latindo. Deve estar se sentindo ameaçado, não sei.

– Ei, ei, ei! — fui até onde Jake estava com o Luke. Me agachei. — Está tudo bem! O Theo é amigo e só quer ajuda.

Imediatamente ele parou de latir, mas não tirou os olhos do Theo.

– Pode soltá-lo — pedi — Ele não vai fazer nada sem o meu comando.

Luke foi rapidamente ao sofá, onde Theo está sentado. Ele está com o rosto todo manchado de lágrimas. Luke apenas o cheirou e foi deitar no canto da sala, sempre em alerta. Sentei ao lado do Theo, Jake apenas observava atrás de mim.

– Kyra, eu não entendo... — Theo me olhou —, eu juro que estava na minha e fiquei fora de problemas, mas o mascarado começou e me perseguir. Eu não dei muita importância no início, mas depois me dei conta do tamanho da merda quando ele tentou me matar com uma faca enquanto eu andava até o local que nos conhecemos.

Fiquei pensativa. Esse sujeito sempre trabalha com coisas ligadas umas nas outras. Talvez ele estivesse me observando àquela noite.

Claro! Ele está usando o Theo para chegar até mim! Ele sabia que eu o ajudaria. Sabia que o traria para cá. Imbecil!

– Tem um quarto vago, na segunda porta à esquerda. Há um banheiro lá também. Você precisa se acalmar, Theo. Vá e tome um banho. O Jake pode emprestar algumas roupas para você — olhei para Jake, de braços cruzados, nos observando, agora apoiado no corrimão da escada.

– Deixei algumas roupas na segunda gaveta da cômoda. Pode escolher o que vestir — disse Jake, com frieza no olhar, a voz séria.

– Obrigado — respondeu Theo. Em seguida, passou por Jake e subiu os degraus.

Jake sentou onde Theo estava há poucos segundos atrás, olhou nos meus olhos e perguntou, a voz baixa:

– O que há de errado?

Ele percebeu. Expliquei o que pensei quando Theo terminou de contar o que aconteceu com ele.

– Talvez ele já esteja por perto — falei.

– Eu avisei! Eu avisei que não era uma boa ideia! Mas você me escuta? Claro que não!

– Ele estava correndo perigo! O que queria que eu fizesse?!

Continuamos falando em voz baixa.

– Ligue para o Nick. Peça para ele mandar homens pra cá imediatamente.

– Eu tenho um arsenal em casa, acha mesmo que vou precisar de ajuda?

Jake suspirou.

– Kyra, a questão é manter você em segurança e não expô-la ao perigo.

– Jake, eu treinei para agir em situações como essa. Vai ficar tudo bem, só precisamos manter a calma, tá lega?

– Não, Kyra, não tá legal! — foi tudo o que me respondeu e depois subiu para o meu quarto. Nada aqui é sobre ele ou eu. Nunca foi.

Tive uma rápida conversa com o Theo antes de ir para o quarto. Expliquei que podia ficar com o quarto de hóspedes e que amanhã resolvemos tudo isso.

Jake estava à mesa de escritório, no canto do quarto, com o meu notebook. Fui para a cama e me deitei, exausta. Olhei o celular para ver se tinha algo do Nick. Nada. Não quis incomodar o momento do Jake, então apenas fui dormir.

Acordei na madrugada, suando frio, as mãos geladas. Não foi um sonho qualquer ou os de costume, as coisas automaticamente fizeram sentido.

Theo sempre esteve no hotel, o mascarado apareceu em frente ao hotel. O Theo não é de Duskwood, o mascarado, provavelmente, não. O Theo era o único que sabia daquele lugar. Ele sabia exatamente todos os meus passos. Talvez o Jake não estava errado.

Quando fiquei sentada em um pulo, na cama, Jake também acordou.

– O que aconteceu? — perguntou, a voz rouca.

Olhei para ele, assustada.

– Você tinha razão, foi uma péssima ideia — falei, antes de ficar de pé, pegar uma arma, escondida em um fundo falso de uma das gavetas da cabeceira da cama, e esconder em minha roupa.

– Kyra — sussurrou Jake, atrás de mim.

Ignorei. Segui para o quarto que Theo está, mas está com a porta aberta. Deve estar no andar abaixo.

– Verifique nos outros quartos e banheiros — ordenei, baixinho, para Jake, que hesitou, mas foi olhar nos outros quartos.

Desci degrau por degrau até chegar na sala. Nada. Fui para a cozinha.

– Kyra? O que faz acordada à essas horas? — perguntou Theo, com um copo com água em mãos.

– Tive um sonho ruim e vim tomar um pouco de água — tentei soar o mais neutra possível. — Teve pesadelos também?

Ele soltou uma risada nasal e respondeu:

– Não consegui dormir. Pra mim, é como se eu estivesse colocando vocês dois em perigo. Eu sinto que algo de ruim vai sair dessa merda toda.

– O que quer dizer?

Theo deu dois passos em minha direção.

– É como se eu estivesse trazendo o perigo até vocês, entende?

– Entendo perfeitamente o que é carregar a sensação de culpa. Você deve saber como é, não é, Theo? Carregar nas costas o peso de todas as pessoas que já matou deve pesar muito.

Ele me olhou confuso, o cenho franzido.

– Do que você tá falando?

– A família do Jake não tinha nada a ver com isso. Poderia ser só entre você e eu.

– Kyra... — ele deu mais dois passos a frente. — Acha mesmo que sou o responsável por mortes?

Saquei a arma e apontei para o mesmo.

– Nem mais um passo, ou eu atiro.

– Kyra, eu juro! Por favor, me escute...

E não deu tempo do Theo terminar sua fala. Uma granada foi lançada por uma das janelas da sala e pude ouvir mais uma no andar de cima. Me agachei, mas algo me acertou e então não vi mais nada a não ser borrões. Um zumbido chato tomou conta da minha cabeça e dos meus ouvidos. Tudo ficou lento e confuso. Fechei os olhos por alguns segundos.

Born To Die - Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora