Jake olhou para mim e em seguida para o meu braço, e perguntou:
– Como está se sentindo?
Olhei para o meu ombro com curativo.
– Dói um pouco. Quando comer vou trocar o curativo. Em uma ou duas semanas posso tirar os pontos.
Joguei para a sala um ursinho que o Luke me trouxe.
– Mas vai com calma, por favor — ele me olhou preocupado. Eu sei que ainda me ouve gritar àquela noite. Eu sei porque vejo isso em seus olhos.
Assenti.
Luke ficou brincando na sala com seu urso enquanto Jake e eu tomávamos café. Comi apenas uma maçã. Subi para o quarto e tomei um banho. Aproveitei para trocar o curativo. Doeu um pouco pra tirar, inclusive.
Higienizei ao redor dos pontos com álcool. Passei um óleo pelo local e em seguida fechei com a atadura. Voltei para o quarto e troquei de roupa — um moletom extremamente folgado e uma calça quadriculada com vermelho e preto, tipo as calças de Natal, geralmente usadas como pijamas. Coloquei meias também. Tive que por a tipoia, é obrigatória na primeira semana.
Antes de deixar meu quarto, coloquei o notebook pra carregar. Desci e encontrei Jake no sofá, mexendo no celular, e Luke deitado em seu colo. Ainda estou impressionada com o comportamento do Luke. Ele jamais agiu dessa maneira, tão amigável e seguro com outras pessoas.
Sentei ao lado de Jake, Luke apenas ergueu seus olhos para mim e os fechou novamente. Soltei uma risada nasal.
– Você gostou mesmo do tio Jake — falei para Luke.
– Todo mundo gosta de mim — Jake abriu um sorriso largo e largou o telefone.
– Não suportava ouvir a sua voz.
– Não espero que todos tenham bom gosto.
Balancei a cabeça e soltei uma risada nasal. Jake e eu nos encaramos, ele desviando o olhar para a minha boca.
– Eu adoraria reproduzir aquele beijo novamente... — ele falou, aproximando-se de mim.
– Tem uma criança no seu colo — sussurrei.
– Garotão, quer ir passear um pouco?
Jake levantou do sofá e foi abrir a porta para que Luke saísse. Ele a deixou apenas encostada, Luke poderá abrir facilmente quando voltar.
Meu ponto de vista com o Jake mudou. Eu sinto que devo contar absolutamente tudo pra ele. Sinto algo absurdo que jamais senti antes por qualquer outra pessoa. Não sei se estou gostando dele, mas quero estar com ele.
Jake ficou de pé na minha frente e segurou minha mandíbula, me fazendo olhar para o mesmo. Pude ver suas pupilas dilatadas. Muito dilatadas. Jake colocou um joelho do lado da minha coxa e fez o mesmo com o outro, ficando de joelhos diante de mim. Continuei o encarando. Sua mão desceu para meu pescoço, acariciando. Fechei os olhos.
Senti sua respiração próxima da minha. Quando percebi já estávamos nos beijando, Jake me tocando com toda a delicadeza do mundo. Coloquei a mão em sua nuca enquanto a outra permanecia imóvel. Meus dedos afundaram em seus cabelos. Não conseguia pensar em mais nada, só no quanto eu o quero. Nosso beijo ficou mais quente. Desejo começou a tomar conta de mim, apenas seus beijos não bastavam mais, eu precisava de mais. Tenho certeza de que jamais senti algo assim antes, o que era apenas uma incerteza, virou um turbilhão de várias coisas ao mesmo tempo. Voltei para minha realidade e interrompi o momento.
Não, ninguém me odeia mais do que eu mesma.
O afastei. Ele me olhou sem entender, nossas respirações desreguladas. Jake segurou meu rosto em suas mãos e perguntou:
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Born To Die - Duskwood
FanfictionKyra é uma agente do FBI que precisa amadurecer os seus sentimentos. Ela conhece Jake Donfort, que vai ser o maior responsável por esse amadurecimento. Kyra é perseguida pelo seu passado e descobre que seu caso, na verdade, foi tudo uma armação para...