SUSAN
Na tarde seguinte, Vinnie liga bem na hora em que estou saindo do prédio de música num rompante, depois de mais um ensaio desastroso com Ship.
-Uau,- exclama, diante do meu jeito seco. - Que bicho te mordeu?
-Shipley - respondo irritada. - O ensaio foi um inferno.
- Ele tá tentando roubar todas as notas boas de novo?
Pior. Sinto muita raiva para repassar o que aconteceu, por isso não me dou ao trabalho.
- Minha vontade é de apunhalar o cara pelas costas, Lavinia. Não, melhor, fazer isso pela frente, para que ele olhe bem nos meus olhos e veja a minha alegria.
Sua risada é um alento aos meus ouvidos.
- Caramba, ele realmente pisou no seu calo, hein? Quer desabafar durante o jantar?
- Não posso, vou encontrar Dickinson hoje à noite..
Outro compromisso que preferia deixar passar. Minha vontade agora é tomar um banho e ver TV, mas, conhecendo a peça, Emily vai vir atrás de mim e fazer uma cena se eu ousar dar um bolo nela.
-Ainda não tô acreditando que você concordou com essa história de aulas particulares - admite Vinnie.- Ela deve ser muito insistente.
- É mais ou menos isso, - comento, vagamente.
Não contei a Vinnie sobre o acordo com Emily, principalmente porque quero adiar a provocação inevitável de quando ela se der conta do meu nível de desespero para fazer Olívia prestar atenção em mim. Sei que não vou ser capaz de esconder a verdade para sempre sem dúvida, Vinnie vai me encher de perguntas quando descobrir que vou a uma festa com a garota. Mas tenho certeza de que posso inventar uma boa desculpa até lá.
Algumas coisas são vergonhosas demais para admitir, mesmo para a melhor amiga.
- Quanto ela está pagando?-pergunta, curiosa.
Feito uma idiota, respondo com o primeiro número que me vem à cabeçal
-Hmm, sessenta.
- Sessenta dólares por hora? Gente do céu. Que loucura. Vou querer um jantar chique quando isso acabar!
Um jantar chique? Droga. Lá se vão uns três turnos na lanchonete.
Viu só, esse é o motivo por que sempre se deve falar a verdade. Mentiras invariavelmente voltam para pegar no seu pé.
- Claro, -respondo descontraída. - Enfim, tenho que desligar. - George está com o carro esta noite, então vou precisar chamar um táxi. -Vejo você em duas horas.
O táxi da universidade me leva até a casa de Emily, e marco de ser buscada em uma hora e meia. Emily me disse para entrar direto na casa, porque ninguém escuta a campainha com o barulho da TV ou do som. Mas, quando abro a porta, está tudo em silêncio.
-Emily?-chamo da entrada.
-Aqui em cima, - ouço o som abafado de sua voz
Encontro-a em seu quarto, com uma calça de moletom e uma regata branca. Não dá para negar, Emilt tem um corpo... atraente. É alta, mas não como daquelas modelos, e sim, esguia e musculosa. A camiseta sem mangas também me oferece uma visão e tanto da tatuagem no braço.
- E aí, cadê os suas amigas?
- É sexta à noite... o que você acha? Na balada. - Parece triste ao pegar os livros da mochila jogada no chão.
- E você preferiu estudar, - observo. - Não sei dizer se devo me impressionar ou ter pena de você.
-Não faço baladas durante a temporada, Gilbertiz. Já falei.- É verdade, falou mesmo, mas eu não tinha acreditado.
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O ACORDO - EMISUE
RomanceEmily e Susan. Ambas são o opostos: Sue, faz parte do grupo dos músicos e artistas, tem poucos amigos, e passa seu tempo na faculdade focada em superar o passado e ajudar financeiramente seus pais. Já Emily é a garota mais popular do pedaço, sabe ap...