EMILY
Susan Gilbert está a fim de uma jogadora de futebol americano. Não dá para acreditar nisso, mas como já a ofendi uma vez hoje, tenho de pisar em ovos se quero dobrar a menina. Espero até estarmos no Jeep e coloco o cinto antes de lançar, com cuidado, a pergunta.
- E aí, há quanto tempo você quer pegar... digo, fazer amor com a Liv?
Ela não responde, mas posso sentir seu olhar mortal em meu rosto.
- Deve ser bem recente, já que ela só foi transferida há dois meses. - Pressiono os lábios. - Certo, vamos considerar que faz um mês.
Sem resposta.
Viro-me para ela de relance e vejo que seu olhar é ainda mais ameaçador. No entanto, mesmo com a expressão fulminante, continua gata. Tem um dos rostos mais interessantes que já vi - as maçãs do rosto bem arredondadas, a boca um tanto arrebitada e carnuda, e, combinados com a pele, os olhos castanhos e eu já falei dos lábios?. E o corpo... cara, agora que reparei nele, não consigo "desreparar".
Mas me lembro de que não estou levando Susan para casa na esperança de me dar bem. Preciso. muito dela, e dormirmos juntas só estragaria as coisas.
Hoje, depois do treino, o treinador me chamou num canto e me deu um sermão de dez minutos sobre a importância de manter as notas na média. Bem, chamar aquilo de sermão é bondade minha. Suas palavras exatas foram:
"Mantenha as notas azuis, ou vou enfiar o pé com tanta força na sua bunda que você vai passar anos sentindo o gosto da graxa do meu sapato na boca"
Inteligente que sou, perguntei se as pessoas ainda engraxam o sapato, e ele respondeu com uma sequência de impropérios eloquentes, antes de sair feito um furacão.
Não estou exagerando quando digo que hóquei é tudo na vida para mim e acho que eu não teria escolha, sendo filha de um fodão do rinque como meu pai é. O velho tinha meu futuro inteirinho. planejado quando eu ainda estava na barriga da minha mãe aprender a patinar, aprender a bater com o taco, chegar à liga profissional, fim. Afinal de contas, Edward Dickinson tem uma reputação a zelar. Quer dizer, imagina só como ele se sentiria se a única filha não virasse uma jogadora profissional...
Não vou negar, tem um quê de sarcasmo ai.
E aqui vai uma confissão: não gosto do meu pai. Ou melhor, eu o odeio. A ironia é que o filho da mãe acha que tudo que fiz foi por ele. Os treinos pesados, os hematomas pelo corpo inteiro, me matar vinte horas por semana para progredir no rinque. Ele é arrogante o suficiente para acreditar que faço tudo isso por ele.
Mas está errado. Faço por mim. E, em menor grau, para superar o meu pai. Para ser melhor do que ele.
Não me leve a mal-adoro o jogo. Vivo pelo barulho da torcida, a sensação do ar gelado no rosto ao voar sobre o gelo, o som do disco quando acerto uma tacada que acende a luz do gol. Hóquei é adrenalina. É empolgante. É... relaxante até.
Olho para Susan mais uma vez, imaginando o que fazer para persuadi-la, quando, de repente, percebo que estou encarando essa situação com Olivia de forma errada.
Porque, de fato, não acho que Susan seja o tipo dela... mas como é que Olívia pode ser o dela?
Olívia é do tipo forte e calada, mas já conversei com ela o suficiente para enxergar por debaixo da máscara. Faz pinta de misteriosa para atrair as garotas e, assim que elas mordem a isca, ela abusa do seu charme para entrar debaixo da saia delas.
Então por que uma menina centrada como Susan Gilbert ficaria babando por uma cafajeste feito Olívia?
- É só tesão ou você quer namorar com ela? - pergunto, curiosa.
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O ACORDO - EMISUE
RomanceEmily e Susan. Ambas são o opostos: Sue, faz parte do grupo dos músicos e artistas, tem poucos amigos, e passa seu tempo na faculdade focada em superar o passado e ajudar financeiramente seus pais. Já Emily é a garota mais popular do pedaço, sabe ap...