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Susan

As férias de Natal demoram uma eternidade para chegar. Estou literalmente um trapo ao embarcar no avião para Filadélfia — de moletom, descabelada e coberta de espinhas por causa do estresse. Desde o festival, topei com Emily três vezes.

Uma no Café Hut, uma no jardim do campus e uma na saída do auditório de ética quando fui buscar minha nota final. Em todas as três vezes, ela me perguntou com quantas pessoas eu já tinha saído desde a separação.

Em todas as três vezes, entrei em pânico, deixei escapar alguma desculpa sobre estar atrasada e fugi feito uma covarde.

O problema de terminar com alguém sob falsos pretextos é o seguinte: a outra pessoa não aceita a sua desculpa, a menos que você faça o que disse que queria fazer. No meu caso, preciso sair com um monte de garotos e garotas aleatórias e começar a explorar, porque foi o que falei a Emily que queria, e, se não partir logo para a ação, ela vai perceber que tem alguma coisa errada.

Acho que poderia chamar alguém para sair. Arrumar um encontro bem público, do qual Emily sem dúvida ficasse sabendo, e convencer a garota que amo de que segui em frente. Mas a ideia de estar com alguém que não seja Emily me dá náuseas.

Felizmente, não preciso me preocupar com nada disso agora. Vou ter uma folga, porque vou passar as próximas três semanas com minha família.

Entro no avião e, pela primeira vez desde que o pai de Emily deu seu penoso ultimato, sou capaz de finalmente respirar.

Ver meus pais é exatamente o que precisava. Não se iludam, ainda penso em Emily o tempo inteiro, mas é muito mais fácil me distrair da dor assando biscoitos de Natal com meu pai ou sendo arrastada para a cidade para fazer compras com minha mãe e minha tia.

Na segunda noite na Filadélfia, contei à minha mãe sobre Emily. Ou melhor, ela arrancou de mim depois que me pegou deprimida no quarto de hóspedes.

Disse-me que eu parecia uma mendiga que tinha acabado de ser tirada das ruas e começou a me empurrar para o chuveiro e me forçou a escovar o cabelo.

Depois disso, coloquei tudo para fora, o que a fez dar início ao que está chamando de Operação Férias Animadas. Em outras palavras, está me enfiando um zilhão de atividades de férias goela abaixo, e a amo muito por isso.

Não estou com pressa de voltar para a Briar daqui a três dias, onde Emily, sem dúvida, está com seus próprios planos não tão secretos — a Operação Fazer Susan Admitir Que Estava Mentindo. Sei que está tentando me reconquistar.

Também sei que não vai precisar de muito esforço. Basta me olhar com aqueles olhos esverdeados maravilhosos, abrir aquele sorriso torto, e vou me debulhar e lágrimas, jogar os braços em volta dela e contar tudo. Sinto sua falta.

— Ei, querida, você vai descer para passar a virada com a gente?

Minha mãe aparece na porta com uma tigela sedutora de pipoca, e me lembro da primeira vez que passei a noite na casa de Emily, quando enchemos a cara de pipoca e assistimos a horas de televisão.

— Já vou. — respondo. — Só vou botar uma roupa confortável.

Quando ela se afasta, saio da cama e procuro uma calça de ginástica na mala.

Tiro a calça jeans skinny e substituo pelo algodão macio, em seguida, desço as escadas até a sala, onde meus pais, meus tios e seus amigos Liam e Raquel estão acomodados nos sofás em forma de L.

Vou passar a noite de Réveillon com três casais de meia- idade.

Iuuuuhuuu.

— E aí, Sue? — me cumprimenta Raquel. — Sua mãe estava me contando que você acabou de ganhar uma bolsa de prestígio.

O ACORDO - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora