36

440 34 4
                                    

Como se nada tivesse acontecido, voltei.. as atts vão voltar a ser frequentes..

___________

Emily

O sangue lateja em meus ouvidos. Ouço Susan me chamando, mas não consigo parar de me mover. É como se estivesse vendo o mundo através de uma névoa vermelha. Entrei no piloto automático, transformando-me num míssil teleguiada programada para acertar babacas e viajando em linha reta na direção de Ben Newton .

O filho da mãe que ajudou o estuprador de Susan a se safar.

- Newton .-grito.

Seus ombros se enrijecem. Várias pessoas olham para nós, mas só estou interessada em uma no momento. Ele se vira, os olhos escuros cintilando. momentaneamente de pânico ao me notar. Ele me viu conversando com Susan.

Provavelmente sabe o que ela me contou.

Diz algo para os amigos e se afasta apressado do grupo. Meu queixo vira uma pedra à medida que se aproxima de mim, cauteloso.

- Quem é você? - murmura.

- A namorada de Susan.

Sua expressão de medo é inconfundível, mas ainda continua tentando dar uma de descontraído.

- Ah, é? E o que você quer?

Inspiro, tentando me acalmar. Não fico calma. Nem um pouco.

- Só queria conhecer o idiota que foi cúmplice de

um estuprador. Há um longo momento de silêncio. Em seguida, ele fecha a cara para mim.

- Vai se foder. Você não sabe nada de mim, carota.

- Sei tudo de você. - corrijo, o corpo todo. tremendo de fúria mal contida. Sei que deixou seu amigo drogar minha menina. Sei que ficou de guarda enquanto ele a levava lá pra cima, para machucá-la. Sei que cometeu perjúrio depois, para salvar a cara dele. Sei que é um bosta sem consciência.

- Vai se foder. - repete, mas sua autoconfiança vacila.

Parece aflito agora.

- É sério? Vai se foder? Isso é tudo que tem a dizer? Acho que faz sentido. - Engulo a bile revestindo minha garganta. - Você é um covarde incapaz de defender uma garota inocente. Então por que teria coragem para defender a si mesmo?

As acusações amargas desencadeiam sua raiva.

- Sai da minha frente, garota. Não vim aqui para ficar sendo atacado por uma jogadora idiota. Volta lá pra vagabunda da sua namorada e...

Ah, isso não, porra. Meu punho dispara.

Depois disso, é tudo um borrão.

As pessoas estão gritando. Alguém agarra a parte de trás do meu casaco, tentando me tirar de cima de Newton . Minha mão lateja. Sinto gosto de sangue na boca. É como uma experiência extracorpórea que não posso nem descrever, porque não estou lá. Estou perdida numa névoa de raiva descontrolada.

- Emily.

Alguém me joga contra uma parede, e, instintivamente, lanço um gancho de direita. Tenho um vislumbre do vermelho, ouço meu meu nome de novo, um cortante e enfático "Emily" - e minha visão clareia a tempo de ver o sangue escorrendo do canto da boca de Jane.

Ah, merda.

- Emi. - Sua voz é baixa e ameaçadora, mas não há dúvida da preocupação pairando em seus olhos. Emi., você tem que parar.

Todo o oxigênio em meus pulmões sai num rojão. Olho ao redor e deparo com um mar de rostos me fitando, ouço vozes abafadas e sussurros confusos.

Por fim, o treinador aparece, e, de repente, me dou conta da gravidade do que acabei de fazer.

O ACORDO - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora