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EMILY

A temperatura parece ter caído uns vinte graus desde que entrei na Bristol House até o momento em que saí, feito um furacão. Uma rajada de vento cortante me atinge o rosto e gela as pontas das orelhas, enquanto marcho em direção ao estacionamento.

Está vendo? É por isso que evito o drama que é ter uma namorada.

Deveria estar nas nuvens agora, porque trucidamos o time de Harvard. Em vez disso, estou chateada, frustrada e mais nervosa do que imaginava. Susan está certa - estávamos só nos divertindo. Do mesmo jeito que estava só me divertindo com Kendall, com Pocah, ou com as garotas antes delas. Nem pestanejei antes de terminar com qualquer uma delas, então por que estou tão chateada agora?

Mas ainda bem que saí de lá. Estava prestes a me passar por uma completa idiota. Dizendo coisas que não deveria, correndo o risco até de implorar.

Meu Deus.

Desse jeito vou acabar virando uma pau-mandado.

Estou na metade do caminho até o carro quando ouço Susan chamando meu nome.

Meu peito se aperta. Viro para trás e vejo-a correndo pela trilha da Bristol House até o estacionamento. Ainda está de pijama - uma calça xadrez e uma camiseta preta com notas musicais amarelas na frente.

Fico tentada a continuar andando, mas a visão dos seus braços nus e as bochechas coradas pelo frio me irrita ainda mais do que a nossa briga.

- Caramba, Susan, - reclamo, quando me alcança. - Você vai pegar um resfriado.

- Isso é mito

Mas está visivelmente tremendo, e, quando envolve os braços em torno de si mesma e começa a esfregar a pele nua para se aquecer, solto um resmungo de aborrecimento e tiro meu casaco depressa.

Rangendo os dentes, passo o por cima dos ombros dela.

- Aqui.

- Obrigada.- Parece tão irritada quanto eu. - Qual é o seu problema, Emily? Você não pode simplesmente ir embora feito louca no meio de uma discussão séria!

- Não tinha mais nada para discutir.

- Mentira. - Ela balança a cabeça com raiva. - Você não me deixou falar!

- Deixei sim, - respondo, categoricamente. -E, vai por mim, você disse o bastante.

- Nem lembro o que falei. Sabe por quê? Porque você me pegou totalmente desprevenida e nem sequer me deu um segundo para pensar.

-E o que tem para pensar? Ou você tá a fim de mim, ou não tá.

Susan solta um barulho frustrado.

- Você não está sendo justa de novo. Só porque de repente você decidiu que tá pronta para um relacionamento e que devemos ficar juntas, não significa que vou gritar 'Eee, uhu!' feito uma garota de fraternidade. Você obviamente teve tempo para pensar sobre isso e assimilar a ideia, mas não me deu nem um segundo. Só invadiu meu quarto, fez um monte de acusações e foi embora.

Sinto uma pontada de culpa. Susan não deixa de ter razão. Vim hoje aqui sabendo exatamente o que queria dela.

- Desculpa não ter avisado sobre o encontro com Olívia - acrescenta, baixinho. - Mas não vou me desculpar por precisar de mais do que cinco segundos para avaliar a possibilidade de enxergar nós duas como um casal.

Minha respiração sai numa nuvem branca de condensação que logo se deixa levar pelo vento.

- Desculpa por ter saído correndo, - admito. - Mas não vou me desculpar por querer ficar com você.

O ACORDO - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora