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EMILY

Depois do grupo de estudos, entro na sala de estar e encontro meus colegas de república caindo de bêbados. A mesinha de centro está lotada de latas de cerveja, além de uma garrafa de Jack Daniel's quase vazia que com certeza é de Abby, porque ela é do tipo que acha que "cerveja é para os fracos". Palavras dela, não minhas.

Jane e Abiah estão jogando uma partida disputada de Ice Pro, os olhos fixos na tela plana enquanto apertam furiosamente os controles. Ao notar minha presença na porta, Jane se volta por um instante na minha direção, e essa distração por uma fração de segundo lhe cobra o preço.

-Mandou bem, garota - comemora Abiah, à medida que seu jogador de defesa acerta um passe contra o goleiro de Jane, fazendo o placar acender.

-Ah, que merda! - Jane pausa o jogo e me lança um olhar furioso.- Porra, Emily! Acabei de levar um drible por sua causa.

Não respondo, porque eu estou distraída pelo amasso seminu acontecendo no canto da sala. Abby se deu bem de novo. Descalça apenas de sutiã e calça moletom, está esparramada na poltrona com uma loira só de sutiã preto de renda e shortinho, montada em cima dela e se esfregando contra sua perna.

Seus olhos me fitam por cima do ombro da menina, e Abby sorri em minha direção.

-Emily! Onde você estava, garota?- pergunta, com a voz arrastada.

E, antes que eu possa responder ao seu questionamento embriagado, volta a beijar a loira.

Por alguma razão, Abby gosta de dar amassos em todos os lugares, menos no próprio quarto. É sério. É só dar as costas, e ela está se atracando com alguém. No balcão da cozinha, no sofá da sala, na mesa de jantar- ela já se deu bem em todos os cantos da república que nós quatro dividimos. Ela pega todas e não está nem aí.

Até aí, eu também não tenho do que reclamar. Não sou nenhuma monge; Abiah e Jane muito menos. O que posso fazer? Jogadoras de hóquei têm um apetite voraz. Quando não estamos no gelo, em geral estamos com uma gata ou duas. Ou três, se seu nome for Abiah e estiver na festa de Réveillon do ano passado. No caso de Jane garotos, ela é bisexual.

-Faz uma hora que estou te mandando mensagem, bixa, - me avisa Jane.

Ela curva os ombros para a frente e pega a garrafa de uísque da mesa de centro. Jane é uma jogadora da linha de defesa, uma das melhores com quem já joguei, e a melhor amiga que já tive.

- Sério, onde você se meteu? - resmunga Jane

- Grupo de estudos.- Pego uma Bud Light da mesa e abro a latinha.- Que história é essa de surpresa?

Sei o quão bêbada Jane está pela ortografia das suas mensagens. E, esta noite, ela deve estar muito louca, porque tive que dar uma de Sherlock. para decodificar o que queria dizer. Suprzera "surpresa". E cdvcp eu demorei um pouco mais para entender, mas acho que era "cadê você, porra". Em se tratando de Jane, quem pode adivinhar?

De seu canto no sofá, ela abre um sorriso tão grande que me espanto de sua mandíbula não se romper. Em seguida, aponta para o teto e diz:

-Vai lá em cima dar uma olhada.

Aperto os olhos.

-Por quê? Quem está lá?

Jane prende o riso.

-Se eu contar, não vai ser surpresa.

- Por que estou com a sensação de que você está aprontando alguma coisa?

- Nossa -dispara Abiah. - Você tem sérios problemas de confiança, Emi.

-Diz a idiota que colocou um guaxinim vivo no meu quarto no primeiro dia de aula.

O ACORDO - EMISUEOnde histórias criam vida. Descubra agora