SUSAN
A universidade fica a oito quilômetros da cidade de Hastings, em Massachusetts, que só tem uma rua principal e umas duas dúzias de lojas e restaurantes. O lugar é tão pequeno que é um milagre eu ter conseguido um trabalho de meio. período ali, e agradeço a Deus por isso todos os dias, porque a maioria dos alunos é obrigada a dirigir uma hora até Boston se quiser trabalhar durante o ano letivo.
Para mim, é uma viagem de dez minutos de ônibus - ou cinco, se for de carro - até o Della's, a lanchonete em que trabalho como garçonete desde o primeiro ano da faculdade.
Esta noite a sorte está do meu lado: vim de carro. Tenho um combinado com George. Ele me deixa usar o carro quando não precisa, desde que eu devolva com o tanque cheio. É o acordo perfeito, principalmente no inverno, quando tudo fica coberto de neve, parecendo um ringue de patinação.
Não morro de amores pelo meu trabalho, mas também não odeio o que faço.
Paga bem e é perto do campus, não tenho do que reclamar.
Esquece que falei isso... Hoje tenho todo o direito do mundo de reclamar. Porque trinta minutos antes do fim do expediente, vejo Emily Dickinson numa das mesas do meu setor.
Sério?
Cara ela não desiste nunca?
Não estou com a menor vontade de atendê-la, mas não tenho escolha. Lisa, a outra garçonete, está ocupada tirando o pedido de um grupo de professores numa mesa do outro lado do salão, e minha chefe, Della, está atrás do balcão azul bebê de fórmica, servindo fatias de torta de nozes para três calouras sentadas nos bancos giratórios à sua frente.
Fecho a cara e caminho até Emily, deixando minha insatisfação bem evidente ao encarar seus olhos castanhos reluzentes. Ela passa os dedos pelos cabelos loiros e abre um sorriso torto.
-Oi, Susan. Que prazer encontrar você aqui.
-Imenso - murmuro, puxando o bloco de pedidos do bolso do avental.. - O que vai querer?
- Uma professora particular.
- Desculpa, está em falta. - Sorrio, com gentileza. - Mas a torta de nozes é uma delícia.
-Sabe o que fiz na noite passada? - ela pergunta, ignorando meu sarcasmo.
-Sei. Ficou enchendo o meu saco com aquelas mensagens.
Ela revira os olhos.
-Quis dizer antes disso.
Finjo pensar um pouco.
- Hmm... pegou uma líder de torcida? Não, pegou o time feminino de futebol americano. Não, espera, vai ver elas não são fúteis o suficiente para você. Vou ficar com a primeira opção... líder de torcida.
-No caso, uma garota de fraternidade, - responde, convencida. - Só que, queria dizer antes disso. - Ela ergue uma das sobrancelhas escuras. - Mas tô muito intrigada com seu interesse na minha vida sexual. Posso dar mais detalhes uma outra hora, se você quiser.
- Não quero.
- Outra hora, - repete ela, num tom desdenhoso, juntando as mãos sobre o tecido xadrez azul e branco da toalha de mesa.
Emily tem os dedos longos, as unhas curtas. Me pergunto se andou brigando recentemente, mas logo me dou conta de que deve ser por causa do hóquei.
-Eu tava no grupo de estudos - me informa ela. -Tinha mais oito pessoas lá, e sabe qual era a nota mais alta? - Ela praticamente cospe a resposta antes que eu possa tentar adivinhar. - Seis. E nossa média combinada era de quatro. Como vou passar na segunda chamada se tô estudando com gente tão burra quanto eu? Preciso de você, Gilbertiz
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O ACORDO - EMISUE
RomanceEmily e Susan. Ambas são o opostos: Sue, faz parte do grupo dos músicos e artistas, tem poucos amigos, e passa seu tempo na faculdade focada em superar o passado e ajudar financeiramente seus pais. Já Emily é a garota mais popular do pedaço, sabe ap...